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Tem gente que não entendeu a gravidade de um golpe...

Não, os arautos do golpe não estão sozinhos, ao lado deles está a inconsistência daqueles que querem ver a esquerda no recuo histórico da clandestinidade

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Não, não vou falar hoje sobre a direita golpista e antidemocrática. Essa já tem reserva nas principais colunas dos portais de imprensa livres do país. São alguns setores da esquerda que nos chamam atenção. Nem consta que eu esteja falando da extrema-esquerda, aquela que se juntou ao movimento "Cansei", que se assemelha à direita pelos rumos da aberração do trotskismo cego.

Há setores, inclusive do PT, que não entendem a gravidade de um golpe. Durante a última manifestação pactuada antes do lançamento da Frente Brasil Popular, setores do PT e PSOL diziam nos palanques "Golpe mesmo é o ajuste fiscal" e vociferavam "Fora Levy" e "Agenda Renan não". Tudo bem que o ajuste é mesmo uma pauta difícil quando estamos falando de conquistas sociais de dez anos que ainda não se fixaram.

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No entanto, a maior defesa agora é a defesa democrática.

As democracias têm conteúdo. Seu conteúdo é disputado tanto político quanto ideologicamente. O ajuste, por exemplo, mesmo não sendo uma política em si, é um dos conteúdos a serem disputados na atual democracia. Que nesse conteúdo disputemos que os ricos paguem a maior parte da conta da crise ou que disputemos que o ajuste que o Brasil precisa são as reformas estruturais, pauta histórica da esquerda. Essas são disputas legítimas do conteúdo da nossa democracia. O que não pode ser disputado é o autoritarismo. Não há disputa de conteúdo de regimes de exceção. As ditaduras, quando após golpes se fixam, não são disputáveis pelo povo. Uma eventual queda de Dilma poderia não levar a uma ditadura, mas levaria a uma criminalização da esquerda sem precedentes. Um golpe branco-paraguaio poderia levar a esquerda brasileira para a clandestinidade em plena democracia. E não temos exemplos muito distantes na América Latina. Basta olharmos com cuidado para a situação da esquerda na Colômbia. É nesse nível que nossa democracia pode chegar.

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O segundo mandato de Dilma se divide numa profunda falta de habilidade do Planalto, concentrada em Mercadante e Cardozo, além da posição de quase estátua dos líderes no congresso, seja na Câmara ou no Senado. Parecem estátuas diante de um furacão acontecendo. Acontece que furacões também derrubam estátuas, quando não fincadas com consistência. E ainda não há consistência na atual democracia. Basta ver que os mortos do Araguaia, os desaparecidos políticos e os ossos das valas de Perus ainda não foram devidamente justiçados. A autoanistia pune a atual democracia com uma profunda falta de consistência das instituições. Os tribunais de exceção ainda estão aí e os esquadrões da morte, que nunca morreram, se aliam à militarização das polícias para fortalecer forças paramilitares assassinas, como a que matou mais de uma dezena em Osasco. Resta ao PC do B o papel de melhor a mais responsável companheiro do governo e principal articulador nesta hora difícil.

Nada está tão distante. Nem um golpe. O golpe, agora disfarçado de impeachment, é um dos conteúdos que, na atual democracia, podem relegá-la ao lixo da história, sepultando o mais longo ciclo de conquistas sociais da história brasileira, liderado pelo ex-presidente Lula e pela presidenta Dilma, além de poder criminalizar de uma vez toda a esquerda e desmontar os direitos trabalhistas, a Petrobrás e as conquistas sociais dos últimos dez anos. Não, os arautos do golpe não estão sozinhos, ao lado deles está a inconsistência daqueles que querem ver a esquerda no recuo histórico da clandestinidade.

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