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Leandro Monerato

Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural pela UnB e produtor do canal Materialismo Militante no youtube

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Temer Bonaparte: crise no golpe, endurecimento do regime

A nova fase do golpe, expressa pela ofensiva contra Temer, mostra um verdadeiro ataque descoberto contra o Congresso. Eis porque muitos setores da burguesia já assinam embaixo da proposta de Diretas Já. Já que as indiretas recolocariam o problema num patamar ainda mais caótico

Senador Humberto Costa participa da criação de frente suprapartidária pela Diretas Já e Fora Temer (Foto: Leandro Monerato)
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A luta interna ao golpismo já havia ficado clara quando, logo após o impeachment de Dilma, vazamentos atacavam a cúpula do PMDB, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney, etc. O áudio de Jucá revelava que este setor foi um dos últimos a entrar no bonde e mostrava o temor diante da Lava-Jato, operação diretamente controlada pelos EUA via seus capachos locais.

Este setor, ao entrar no golpe, já se preocupava exatamente com o que está em marcha nesse momento: a tentativa do imperialismo em liquidar completamente e de uma só vez qualquer vestígio de democracia burguesa no Brasil, como primeiro passo antes de liquidar a democracia operária, ou seja, as organizações em que a classe operária se expressa. O desenvolvimento do golpe vai revelando mais nitidamente, a cada momento, o seu conteúdo imperialista.

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A crise econômica atinge níveis catastróficos, o sistema financeiro mundial está adotando uma política de terra arrasada em todo o globo e aqui não é diferente. Querem saquear toda a riqueza nacional, e superexplorar a classe operária brasileira de forma bárbara.

Para isso necessitam de um regime político coeso e centralizado. O golpe de estado organizado pelo imperialismo foi feito para satisfazer necessidades de banqueiros mundiais quanto ao nosso sangue e nossa riqueza. O golpe é parte de uma operação de guerra contra o Brasil leva-da à frente por brasileiros de nascimento mas que trabalham para os EUA, como é o caso do próprio Temer.

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Essa necessidade, o conteúdo golpista, de destruir completamente a economia nacional e esmagar os trabalhadores, não encontrou ainda a forma ade-quada para realizar, com a coesão necessária, uma manobra agressiva como esta. O regime político brasileiro, pela sua própria natureza contraditória, pela pulverização política que se desenrola há mais de uma década, não consegue fazer o que o imperialismo mandou. Mesmo o Congresso mais venal e direitista da nossa história torna-se um obstáculo aos golpistas, pois, em uma guerra, um princípio fundamental é o tempo. E o Congresso torna toda operação lenta a ponto de tornar a sua execução muito débil.

A nova fase do golpe, expressa pela ofensiva contra Temer, mostra um verdadeiro ataque descoberto contra o Congresso. Eis porque muitos setores da burguesia já assinam embaixo da proposta de Diretas Já. Já que as indiretas recolocariam o problema num patamar ainda mais caótico. Pois, para avançar por dentro do Congresso, o golpe está desenhando um ataque sem precedentes contra centenas de deputados. O que, praticamente, colocaria abaixo o atual Congresso.

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Contudo, já se passam mais de 30 dias e o golpe não mostra ainda sinais de avanço no seu plano. O impasse ainda se mantém. O julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE com a sua absolvição. De forma surpreendente para muitos, o voto de Minerva veio do golpista Gilmar Mendes. Disse ele ao apresentar seu voto: "Não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira. Porque se prefere pagar o preço de um governo ruim e mal escolhido do que a instabilidade ou golpes na calada da noite" e ainda: "'Ah, mas o povo quer!' Mas é assim que se destrói mandato?".

Ora, se o golpe iniciou a derrubada de Temer, por que Gilmar não o fez? A dúvida faz sentido. Entre as opções existentes para a derrubada de Temer, a via TSE pareceria a mais tranquila, comparada à opção de um longo processo de impeachment via Congresso Nacional. A resposta veio de uma declaração dada pelo prefeito almofadinha, João Doria. Disse ele antes do julgamento: "É preciso ter a compreensão do momento certo de atacar e saber quem é o inimigo. O nosso inimigo é o PT, o inimigo do Brasil."

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É importante lembrar que no começo de maio, quando Moro convocou Lula para Curitiba, uma manifestação gigantesca se colocou frontalmente contra a Lava Jato, contra o Judiciário, mostrando que a partir de então a luta contra o golpe tenderia a se desenvolver intensamente, devido a clareza de objetivos que o movimento havia alcançado. O bloqueio desta iniciativa golpista pelo movimento operário aumentou a pressão no interior do golpe. O que precipitou a evacuação de Temer do plano central da Globo. Algo que já estava inscrito na situação política desde o impeachment de Dilma.

A situação atual mostra que o golpe tem dificuldade de avançar contra o PT, antes de submeter completamente o regime. Eis o porque do recuo. Eis o porque do voto de Gilmar explicado por Doria. Antes de resolverem o problema interno entre as alas golpistas, é preciso liquidar a fatura com o PT. Pois enquanto o PT existir, toda luta, toda turbulência do golpe será capitalizada por ele. E assim, todo o golpe corre perigo.

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Esta iniciativa do golpe, contudo, está encontrando resistência. Temer, por sua vez, está no contra-ataque contra a Polícia Federal e a Procuradoria Geral, enquanto procura adiantar-se e mobilizar ele mesmo o Exército, como quem diz: "querem um ditador, eis que estou aqui!".

A situação torna-se cada vez mais paradoxal. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Neste momento, o golpe continua seu ataque contra Temer apostando na variante do impeachment. Enquanto isso, Temer vai ficando; vai se tornando ele mesmo o ditador bonapartista do golpe, usando o Exército e se apoiando ora em um, ora em outro setor. Sempre utilizando a carta PT como justificativa para um ou para outro. Uma ditadura extremamente frágil e instável.

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Eis que o golpe volta ao ponto de onde começou. A rota que estava na direção de Lula desviou-se para Temer. Mas tal como uma lei da natureza, o golpe mostra que não pode avançar enquanto o PT existir. A aprovação da Reforma Trabalhista em uma das comissões do Senado Federal será o recomeço da cassada a Lula e às organizações operárias. O novo fôlego de Temer deverá ser seguido por uma intensificação da repressão e dos planos fascistóides de colocar toda a esquerda na ilegalidade. As conversas diárias com as Forças Armadas mostram qual a perspectiva que está colocada para o próximo período.

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