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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Temer perdido no caos

"Ninguém foi capaz de entender e de contar aos brasileiros que a gênese das chacinas nos presídios e nas favelas de todo o Brasil é a mesma de Chicago nos anos 20: a lei seca", afirma o colunista do 247 Alex Solnik; "O uísque de Chicago é a maconha e a cocaína de hoje. A maconha, que é apenas uma planta não venenosa, foi transformada em vilã. Ao ser proibida, virou ouro e quem se apropriou dela foram as quadrilhas", diz; Solnik lembra que há alguns meses o atual ministro da Justiça prometeu "erradicar" a maconha em toda a América Latina; "Mais difícil do que erradicar a maconha é erradicar a ignorância. Temer está perdido no caos"

"Ninguém foi capaz de entender e de contar aos brasileiros que a gênese das chacinas nos presídios e nas favelas de todo o Brasil é a mesma de Chicago nos anos 20: a lei seca", afirma o colunista do 247 Alex Solnik; "O uísque de Chicago é a maconha e a cocaína de hoje. A maconha, que é apenas uma planta não venenosa, foi transformada em vilã. Ao ser proibida, virou ouro e quem se apropriou dela foram as quadrilhas", diz; Solnik lembra que há alguns meses o atual ministro da Justiça prometeu "erradicar" a maconha em toda a América Latina; "Mais difícil do que erradicar a maconha é erradicar a ignorância. Temer está perdido no caos" (Foto: Alex Solnik)
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Quais são as chances de um presidente da República opaco, assessorado por um ministro da Justiça truculento e despreparado resolverem o problema das chacinas nos presídios brasileiros?

   Recentemente a Folha de S. Paulo publicou um editorial afirmando que Alexandre de Moraes estava perdido no caos. Acertou, mas faltou dizer que, mais do que ele, quem está perdido no caos é Temer.

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   Desde o início das carnificinas o que se viu e ouviu foi um festival de insanidades para explicar os banhos de sangue que insistem em se repetir.

   “Guerra de facções”.

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   “Um acidente pavoroso”.

   “Ali não havia nenhum santo”.

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   “Bangu você tem que fazer melhor”.

   “Precisa de uma chacina por semana”.

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   “Quando um preso quer matar outro não tem como evitar”.   

   Nenhuma “autoridade” foi capaz de ir além de diagnósticos errados e de soluções paliativas e imediatistas. “Manda a Força Nacional”. “Manda os líderes para outros presídios”.

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   Nem mesmo a mais serena das autoridades, a ministra Carmen Lúcia foi capaz de ir além de mandar recontar quantos presos há no país e de fazer mutirão para soltar os que nem condenados foram ou que já cumpriram suas penas.

   Sem ter a menor noção do que fazer, Temer teve a brilhante ideia de reunir todas as “autoridades” para debaterem a questão.

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   Ninguém foi capaz de entender e de contar aos brasileiros que a gênese das chacinas nos presídios e nas favelas de todo o Brasil é a mesma de Chicago nos anos 20: a lei seca.

   A cidade foi invadida por quadrilhas (no Brasil chamadas de “facções”) que disputavam a venda do uísque que de uma hora para outra foi colocado na clandestinidade.

   Era uma guerra comercial, mas, como o comércio foi criminalizado os atritos entre os “empresários” não podiam ser resolvidos nas câmaras de comércio e sim nas ruas de Chicago. Tal como hoje são resolvidas nas ruas do Rio de Janeiro.

   Nenhuma medida repressiva deu conta de acabar com os massacres tanto entre uma quadrilha e outra quanto entre as quadrilhas e a polícia. A guerra só acabou quando a lei seca foi revogada. Pessoas com cérebro descobriram que acabar com o uísque era impossível.

   O uísque de Chicago é a maconha e a cocaína de hoje. A maconha, que é apenas uma planta não venenosa foi transformada em vilã. Ao ser proibida, virou ouro e quem se apropriou dela foram as quadrilhas. A cocaína é um produto de laboratório que foi divulgada por Freud e era vendida nas farmácias brasileiras nos anos 20.

   Com todos os defeitos e erros que podem ser atribuídos a ele, o único político de relevância que percebeu que a saída não é reprimir, mas liberar foi Fernando Henrique Cardoso. Lamentavelmente, não teve seguidores até agora.

   E chegamos aonde chegamos.

   Há alguns meses o atual ministro da Justiça prometeu “erradicar” a maconha em toda a América Latina.

   Mais difícil do que erradicar a maconha é erradicar a ignorância.

   Temer está perdido no caos.

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