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Pedro Simonard

Antropólogo, documentarista, professor universitário e pesquisador

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Terceira via demonstra desespero dos neolibs

O cenário que vai se desenhando até agora aponta para uma vitória de Lula ainda no primeiro turno e a volta de um projeto de país que proteja os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros

Jornalista Vera Magalhães no Roda Viva (Foto: Reprodução)
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As mais recentes pesquisas eleitorais e as não tão recentes assim têm indicado uma polarização entre a centro-esquerda e a extrema direita nas eleições de 2022, representadas pelo ex-presidente Lula e por Jair Bolsonaro, respectivamente. O cenário que vai se desenhando até agora aponta para uma vitória de Lula ainda no primeiro turno e a volta de um projeto de país que proteja os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Aponta, também, para uma forte e peremptória rejeição ao projeto de desnacionalização econômica e dependência política implementado desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff pelo governo de Michel Temer, aprofundado no governo da trinca Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e militares. Projeto este que é o projeto dos neolibs e que foi parcialmente implementado pelos governos de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Diante do muito provável abandono, pelo menos em parte, deste projeto entreguista, dependente e subalterno com a cada vez mais provável vitória do ex-presidente Lula, os neolibs limpinhos e cheirosos entram em desespero e propõem uma terceira via. Nem Lula nem Bolsonaro. Sim, os limpinhos e cheirosos que “fecharam” com Bolsonaro em 2018, não se opõem aos projetos políticos e econômicos implementados pela trinca de traidores. Eles se opõem à forma como este projeto está sendo implementado, mas não ao seu conteúdo.

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Com sua tosquice, Bolsonaro queimou o filme desta burguesia neocolonial dependente e submissa que sustenta o projeto neolib que, para azar dela, não pôde ser implementado pelo limpinho, cheiroso e insosso Geraldo Alckmin, fragorosamente derrotado nas eleições de 2018. Esta burguesia neocolonial se sente representada pelo PSDB. Gosta de posar de culta e refinada, muito embora seja tão tosca quanto Bolsonaro, todavia mais bem educada e comportada. Não fala palavrão, não se comporta de maneira chula, não cospe no chão e não coça o saco em público. Culturalmente falando, contudo, talvez apresente um nível pouca coisa melhor que o dos bolsonaristas. 

É esta burguesia que, sem conseguir construir uma alternativa consistente diante do rolo compressor do lulismo e sem querer ter que apoiar Bolsonaro novamente, coisa que o fará se não lhe restar outra alternativa, propõe uma terceira via que vá além das alternativas Lula e Bolsonaro.

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Seus representantes já lançaram seus balões de ensaio em uma espécie de Vai que Cola sem o talento de um Paulo Gustavo e dos outros comediantes do programa humorístico famoso.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso inventou um certo semipresidencialismo que nada mais é do que um nome envergonhado para o parlamentarismo. Vinda de um ministro do STF, esta proposta é duplamente nonsense. Primeiro porque o presidencialismo brasileiro já é quase semipresidencial. A Constituição de 1988 deu uma força desproporcional ao Legislativo cuja maioria, na prática, encurralou e chantageou todos os governos brasileiros, legítimos e ilegítimos, desde a promulgação da Constituição. Uma das consequências deste semipresidencialismo à brasileira foi o surgimento do grupo parlamentar fisiológico e majoritário conhecido como Centrão que costuma vender caro seu apoio no Congresso Nacional. 

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Em segundo lugar, o ministro Barroso deveria saber que o parlamentarismo foi rejeitado de maneira esmagadora pelos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros em 1993 e há entre os ministros do STF aqueles que acham que só um plebiscito pode estabelecer o parlamentarismo/semipresidencialismo no Brasil.

Ao propor o semipresidencialismo, Barroso se coloca ao lado daqueles que são contra a soberania popular, explicitando que sua solidariedade de classe é devotada à burguesia neocolonial entreguista e a seu projeto impopular e entreguista. O semipresidencialismo seria implementado somente para as eleições de 2026 com o intuito de evitar que, em uma possível reeleição, Lula possa governar.

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A burguesia neocolonial odeia a democracia, odeia que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros imponham limites à sua rapinagem. Por isso procura sempre elaborar novas estratégias para impedir que um governo nacional-popular seja eleito e, se eleito, governe. A UDN, antecessora do PSDB na representação dos neocolonizados, já deixava isso explícito quando afirmava que um candidato popular não pode concorrer, se concorrer, não pode ganhar, se ganhar não pode assumir, se assumir, não pode governar.

Na imprensa industrial e corporativa, brilhantemente denominada PIG (Partido da Imprensa Golpista) pelo falecido Paulo Henrique Amorim, o desespero beira às raias da comédia. Jornalistas porta-vozes de seus patrões como Eliane Cantanhêde, Thaís Oyama e Vera Magalhães, fazendo o mesmo papel de prepostos dos patrões a que estão acostumadas a fazer, continuam comparando e igualando Lula a Bolsonaro. Cantanhêde lançou uma jabuticaba política ao sugerir que Lula saia como vice-presidente em chapa encabeçada, obviamente, pelo PSDB, partido da “massa cheirosa”, segundo esta jornalista. Lula deveria ser vice em uma chapa com Tasso Jereissati que não tem voto fora do Ceará. Fazendo isto Lula demonstraria “grandeza” e colocaria os interesses do Brasil acima dos seus interesses pessoais. Thaís Oyama repercutiu essa proposta. O que elas não explicam é porque o líder de todas as pesquisas deveria abrir mão de sua candidatura para apoiar alguém sem apoio popular que irá continuar a implementar um projeto antipopular e entreguista que desindustrializou o Brasil, gerou um desemprego gigantesco e transformou os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras em párias mundiais.

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Vera Magalhães, por sua vez, persiste em comparar Lula a Bolsonaro. Curioso que ela já afirmou que não convidava o Lula para participar do Roda Vida, programa que ela capitaneia, porque ele não era um “player”. Se Lula não é um player, Verinha precisa explicar porque ele incomoda tanto seus patrões.

Temos que admitir que são três mulheres corajosas, que não têm vergonha de seguirem cegamente as ordens de seus patrões, mesmo que para isso tenham que rasgar suas biografias, defender teses estapafúrdias em público e passarem por sujeitos com forte deficiências intelectuais. Cada um sabe de si.

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Bolsonaro perde apoio e acusa o golpe. Sentido que estão puxando o tapete sob seus pés ataca as eleições e ameaça não reconhecer seu resultado, se o voto não for impresso. Por fim, mais recentemente, levantou a hipótese de não se candidatar em 2022. Podia fazer qual Dom Pedro I e declarar que “se é para o bem do povo e felicidade geral da nação, diga ao povo que” não me candidatarei a cargo público eletivo em 2022. Mas isso seria algo inesperado vindo de uma figura tão tosca e grotesca como ele. As opções para ele e seus filhos são, ou cargo público eletivo, ou Bangu I. A menos que Joe Biden assegure para Bolsonaro e sua família uma vida segura e tranquila nos EUA. Aí ele poderia não se candidatar em 2022.

Se o leitor concorda comigo que o projeto de Bolsonaro é o mesmo dos neolibs limpinhos e cheirosos, então teremos que concordar que os limpinhos e cheirosos, os neolibs não bolsonaristas, são a primeira via. Bolsonaro é a segunda via. Resta ao Lula ser considerado como a terceira via, já que se opõem às duas anteriores. Se o que se procura é uma terceira via ela já está presente navegando de vento em popa. Os neolibs estão à procura de alguém que possa dar continuidade à primeira via, ao projeto tantas vezes derrotado nas urnas, mas que eles insistem em empurrar goela abaixo dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Claro que ainda resta muito tempo para as eleições de 2022 e muita água vai rolar embaixo da ponte. Os entreguistas não vão deixar barato e não entregarão o poder a Lula novamente sem luta. A oposição deve se preparar para novos casuísmos, novos processos de lawfare e, em última instância, para um golpe político seja no formato clássico, brutal, seja segundo o novo formato, mais brando.

Dia 24 de julho, todos às ruas para expulsar os fascistas do poder e repudiar o projeto econômico, político e social neoliberal.

P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pela burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.

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