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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Teria o Centrão acordado?

Centrão pode estar se distanciando do bolsonarismo e mirando um novo ciclo político a partir de 2030

Hugo Motta, Geraldo Alckmin e Davi Alcolumbre (Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal)

Estaríamos vivendo o fim de um hiato histórico em que a razão, a verdade, a sensatez e a inteligência abandonaram a política brasileira? O bolsonarismo – com tudo de ruim que representa – estaria sendo abandonado pela direita e pela centro-direita? As águas estariam voltando ao leito do rio, com todos os obstáculos que esse movimento contínuo carrega, mas que, ainda assim, preserva certa previsibilidade? Adoraria que todas as respostas para essas perguntas fossem um sonoro “sim”.

A declaração conjunta de Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal; Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados; e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, divulgada hoje, pode ser um sinal de que estamos caminhando nessa direção. A política com governo e oposição, esquerda e direita, progressistas e conservadores — mas tudo dentro da civilidade. Muito mais pelo que os três expressaram com seus gestos do que, propriamente, pelo conteúdo textual. Afinal, o que foi dito era, neste momento, a única coisa possível de ser verbalizada.

Isso porque os ataques que o Brasil está sofrendo, articulados pela família Bolsonaro – tendo Eduardo como seu agitador nos EUA junto a membros do Partido Republicano norte-americano –, não deixam outro caminho para quem depende do voto para sobreviver politicamente, senão o de se lançar a um movimento de união nacional em defesa da soberania. Mas o que desejo explorar neste espaço é o futuro.

É sabido, mesmo antes da chantagem de Trump e da família Bolsonaro contra o setor produtivo e os empregos brasileiros, que Lula é um candidato extremamente competitivo, difícil de ser derrotado em 2026. Imagino que as lideranças do Centrão estejam fazendo um cálculo político nesse sentido: esta será a última eleição que Lula se permitirá disputar. A partir de 2030, abre-se um oceano de possibilidades. Os partidos que compõem esse bloco têm lideranças jovens e com potencial de nacionalização. Portanto, por que não adiar o projeto por quatro anos se isso aumenta as chances de sucesso?

Penso que o Centrão esteja iniciando um movimento tático nesse sentido: reposicionar-se agora, afastar-se do bolsonarismo – até porque esse afastamento teria sido uma demanda de setores significativos do empresariado nacional, com os quais os parlamentares de direita e centro-direita mantêm relações bastante próximas –, lançar um candidato à Presidência em final de carreira, como o governador Ronaldo Caiado, por exemplo, eleger em 2026 amplas bancadas na Câmara e no Senado e, então, em 2030, apresentar um nome mais jovem e competitivo, com a ambição de inaugurar um novo ciclo na política brasileira.

Até porque imagino que eles próprios já creiam na condenação, prisão e inelegibilidade de Jair Bolsonaro para o resto da vida.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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