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Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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The Walking Dead no Centro do Rio

Não faz a menor diferença para os moradores das ruas porque eles estavam, estão e continuarão nelas com ou sem Covid-19, vagando sem atendimento, alijados dos programas sociais e de controles de doenças, enfrentando as barreiras que o poder público constrói para que continuem à margem dos serviços públicos

The Walking Dead no Centro do Rio (Foto: ABR)

Caminhar pelas ruas no Centro do Rio de Janeiro virou cena de filme de horror. Pessoas em situação de rua, vítimas de uma sociedade injusta que os invisibilizam, caminham a ermo atrás daqueles restos de comida, cada vez mais escassos, deixados nas lixeiras dos poucos restaurantes que ainda funcionam.

Com poucas pessoas circulando pelas ruas, a oferta de esmola ficou reduzida e o perigo de um ‘ataque’ é enorme.

A pandemia está abrindo as cortinas e transformando os ratos da coxia em personagens principais, são fantasmas saindo dos porões para ocuparem o palco, corcundas abandonando o sino para abraçarem as ciganas.

Se a gripe é chinesa, se o vírus foi criado em laboratório para beneficiar a economia de um país em detrimento de outros, se é histeria ou calamidade, se o governador aposentou o discurso do tiro na cabecinha, se a panela é contra ou a favor...

Não faz a menor diferença para os moradores das ruas porque eles estavam, estão e continuarão nelas com ou sem Covid-19, vagando sem atendimento, alijados dos programas sociais e de controles de doenças, enfrentando as barreiras que o poder público constrói para que continuem à margem dos serviços públicos.

A pandemia da hora vai passar e as crianças retornarão às aulas, os carros voltarão a circular, as fronteiras serão reabertas, as férias estarão novamente nos calendários.

O que as autoridades estão pensando, se é que estão, em relação a situação de risco das pessoas que vivem nas ruas, os mortos que caminham?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.