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Tinha um Nordeste no meio do caminho

A união dos nove governadores da região é emblemática e aponta a consciência histórica e de nordestinidade de nosso povo. Os deputados e senadores nordestinos que se aventurarem a apoiar essa reforma da Previdência, também terão seus nomes gravados nos murais das próximas eleições

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A ditadura de 64 deitou sua foice por todo território brasileiro. Entrou pela Amazônia em 1975, varreu no Nordeste as Ligas Camponesas e suas lideranças logo em 1964. Aqui no Vale do São Francisco pôs suas patas com a construção da barragem de Sobradinho, iniciada em junho de 1973, a primeira e devastadora grande obra do Regime Militar, com seus empresários e sua sociedade civil acompanhantes.

Os municípios de Remanso, Casa Nova, Sento Sé e Pilão Arcado se transformaram em área de segurança nacional. Os prefeitos eram nomeados pelo presidente da República. Não tínhamos partidos para fazer a defesa da população, proibidos pelo Regime. Restavam os sindicatos de trabalhadores rurais, extremamente frágeis. Além do mais, o governador da Bahia se chamava Antônio Carlos Magalhães.

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Foram relocadas 72 mil pessoas, quatro cidades.

Quem ergueu a voz foi um bispo chamado Dom José Rodrigues, da diocese de Juazeiro da Bahia. Deu a cara a tapa e enfrentou o regime militar. Organizou uma equipe volante da CPT, as comunidades eclesiais de base e tentou dar um apoio mínimo à população relocada. Teve sua casa invadida várias vezes por espiões do Regime. Várias vezes ameaçado de morte, nunca fugiu. Quando amigos da política quiseram lhe oferecer proteção pessoal, respondeu: “prefiro levar um tiro que viver preso por uma equipe de segurança”.

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Quando Sobradinho encheu, milhares de pessoas ainda não tinham sido relocadas. Uma parte foi parar nas agrovilas de Bom Jesus da Lapa. Outra parte, a maioria, por iniciativa própria, resistiu e acabou ocupando as bordas do lago de Sobradinho. Muitas vezes a indenização da população não pagava o ônibus para se deslocar de um local para o outro.

Foram anos de chumbo, de reuniões monitoradas, de absoluta insegurança para o povo e segurança para os coronéis e seus cupinchas. Interessante, na última eleição presidencial, Haddad teve 70% dos votos nordestinos, contra 30% do atual presidente. Pesquisa mais recente mostra que 80% dos nordestinos já rejeitam o presidente. Então, sobram de apoio ao atual presidente aqui no Nordeste somente aqueles grupos que ficaram órfãos dos coronéis e da ditadura, que sempre tiveram por tradição estarem vinculados aos poderes locais. A nova geração detesta ditaduras e seus ícones.

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A união dos nove governadores da região é emblemática e aponta a consciência histórica e de nordestinidade de nosso povo. Portanto, os deputados e senadores nordestinos que se aventurarem a apoiar essa reforma da Previdência, também terão seus nomes gravados nos murais das próximas eleições.  A lógica é que 80% dos deputados e senadores do Nordeste votem contra a reforma da Previdência.

Paulo Freire sempre nos falava do Nordeste rebelde. A verdade é que há sempre um Nordeste no meio do caminho.

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