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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Toda covardia será esmagada

"O Brasil vai assistindo a uma carnificina sem precedentes, que esmaga o nosso povo pobre, trabalhador e honesto e vai empurrando uma decisão ética para o colo do lodaçal político, verdadeiro coquetel de acovardamentos transversos sutilmente inoculados em nossas hostes através do simulacro das 'esquerdas violentas'", diz o colunista Gustavo Conde sobre o imobilismo conceitual que insiste em preservar cenários políticos

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Bolsonaro está com medo lascado de sofrer impeachment.

Ele já cometeu todas as violações regimentais, delitos eleitorais, infrações ambientais, banditismos institucionais, delinquências venais, quebras de decoro, e até crimes banais necessários para se requerer uns 50 impeachments.

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Nunca antes na história deste país um presidente realizou tantos crimes passíveis de impedimento como este miliciano recalcado que chegou ao poder.

Mas, ninguém quer mexer com esse negócio de impeachment no momento.

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Um impeachment agora iria desestabilizar a nossa harmonia democrática não é?

Ótimo. Vamos inclusive reeleger Bolsonaro para que esta amarga lição histórica continue sendo bem dada.

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Assim, a gente aprende.

Desculpem, mas tem dia que eu não tenho paciência para aguentar o excesso de bom comportamento da esquerda.

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Esse cálculo que se faz para que não se prospere pedidos de impeachment é medo de perder o que não se tem.

A esquerda parece ter medo de voltar ao governo e sofrer outro pedido de impeachment. Ela faz, assim, uma autocrítica antecipada, sob encomenda.

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Ela também não quer se "equiparar" à direta golpista. Que humilhação se comparar à direita golpista, não é mesmo?

Convenhamos: é muito trauma pra pouca ousadia.

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O que eu apenas gostaria de lembrar é que se um presidente comete crimes é OBRIGAÇÃO dos setores democráticos pedirem um impeachment que, caso alguém tenha esquecido, está previsto na Constituição.

A esquerda pensante - que pensa demais e age de menos - tem medo de que um pedido de impeachment agora alce Hamilton Mourão à presidência e promova um certo ar de estabilidade institucional?

Tem medo de que quando voltar ao governo, a pistolagem da direta golpista venha com uma enxurrada de pedidos de impeachment para sabotar e defenestrar mais um "governo democrático que respeita as instituições"?

[Mas isso já não aconteceu, caras pálidas?]

Tem medo que a farra das interpretações jurídicas do nosso direito subdesenvolvido seja um valor estrutural perpétuo em nosso horizonte republicano - e por isso se precavê em não mexer no vespeiro?

Em suma: tem medo de pedir o impeachment de Bolsonaro e de ficar marcada como "a esquerda que pediu o impeachment de Bolsonaro"?

Mas isso não seria motivo de orgulho?

Vou repetir aqui o que venho repetido ad nauseam e cheio de náusea: a esquerda anda bem comportada demais.

Cadê a rebeldia da esquerda brasileira?

O Brasil vai assistindo a uma carnificina sem precedentes, que esmaga o nosso povo pobre, trabalhador e honesto e vai empurrando uma decisão ética para o colo do lodaçal político, verdadeiro coquetel de acovardamentos transversos sutilmente inoculados em nossas hostes através do simulacro das "esquerdas violentas".

Sim. Não é só o STF que se acovardou. Não foram só a Globo e a Folha de S. Paulo que se acovardaram (cada um tem o acovardamento que merece). Não foi só Ciro Gomes que se acovardou (fugindo para Paris).

A esquerda, lamento dizer, também aceita o seu momento de acovardamento, deixando-se levar a reboque de um país que se estrutura há 500 anos sob o signo da covardia.

É o componente elitista que miseravelmente também trafega nas veias abertas de nosso segmento verdadeiramente democrático - a esquerda - e que nos coloca como agentes auto vitimizados no processo do embate político.

Eu sou covarde por escrever este texto e por não fundar um partido político ou me filiar a um deles e convencer meus pares de que não há opção senão pedir a retirada imediata deste governo obsceno, truculento e assassino.

Sou covarde por preferir a trincheira do texto e do sentido ao invés de pegar um megafone e incitar a tomada de ação nas aglomerações urbanas.

Sou covarde por pretender convencer as pessoas com argumentos racionais, embebidos em minha paixão e indignação.

Sou covarde por terceirizar a covardia e desejar cutucar a sociedade brasileira do conforto de meu teclado, longe das polícias que matam gente pobre e antifascista.

Há, de fato, um apego pelo acovardamento, uma "Síndrome de Estocolmo" por um sentimento que nos habita a alma desde tempos remotos, atravessado por nossa cultura escravocrata e por nosso complexo de vira lata.

Que se diga: esse acovardamento tem cifras universais e enseja esta autocrítica que vos chega, sem muita elegância. No Brasil não há apenas racismo estrutural e escravagismo estrutural, mas há ACOVARDAMENTO ESTRUTURAL.

Lula sempre foi a resposta para esse 'acovardamento' endêmico de nossa classe trabalhadora. Ele a tirou desse estado e construiu um novo país.

Mas agora, o cenário mudou (e o acovardamento voltou).

Os povos do mundo todo se revoltam contra seus algozes de turno. Chile, Bolívia, Colômbia, Equador, Argentina, França e mais todo e qualquer país que se dê ao mínimo de respeito.

É hora de universalizar a luta contra os genocidas e interromper este série hedionda de líderes de proveta, criados no laboratório nojento do mercado financeiro e do ódio ao ser humano.

Nós não temos um governo ou um presidente para combater. Nós não temos uma classe média racista para reeducar. Nós temos inimigos assassinos que merecem experimentar o sabor da nossa revolta e do nosso punho.

Toda covardia será esmagada.

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