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Bia Willcox

Empresária que escreve sobre relações de afeto, editora que fez Direito na UERJ, professora que dá palestras, mãe que produz conteúdos

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Trair é fácil, difícil hoje é esconder

Privacidade hoje é passado, é história, poeira. Tudo o que fazemos é devidamente rastreado, devassado, analisado. Somos dados, imagens e conexões desnudos, à mostra. Basta olhar o filme do Snowden para entender o tamanho disso

Privacidade hoje é passado, é história, poeira. Tudo o que fazemos é devidamente rastreado, devassado, analisado. Somos dados, imagens e conexões desnudos, à mostra. Basta olhar o filme do Snowden para entender o tamanho disso (Foto: Bia Willcox)
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Era uma vez uma infidelidade que era muito fácil de identificar. Se uma pessoa estava tendo relações sexuais fora de sua relação oficial - com um vizinho, um colega de trabalho, um conhecido casual, uma prostituta, ou talvez um estranho total - então ele ou ela estava traindo.

No entanto, hoje, seja nas salas de bate-papo, na pornografia digital, em webcams interativas, mensagens instantâneas como whatsapp e snapchat, aplicativos de "amigos adultos", sexting com nudes e até mesmo skype sex, a definição de traição fica um tanto turva.

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O que então é traição? Segundo li uma vez, não me lembro quem disse, tudo o que você não pode naturalmente mostrar ao seu parceiro, deve ser traição. Será? Onde está escrito que a única vida que podemos levar é a que levamos ao lado de nossos companheiros? Onde se determinou que só temos uma face e que essa face é pública pros que convivem conosco?

Afinal, o que é privacidade e o que extrapola e se torna infidelidade? A masturbação à pornografia na Internet qualifica-se como traição? E flertar com pessoas sexualmente disponíveis no Facebook ou nos inúmeros aplicativos para smartphones como Blendr, Tinder ou Ashley Madison? Caracteriza-se como infidelidade ou seria uma espécie de recreio nas nossas rotinas? Sexting (fazer "sexo verbal" nos messengers como whatsapp) é infidelidade? Provavelmente, e pra mal de todas as culpas, é sim.

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As formas de se trair são muitas e hoje ficou fácil e aparentemente inofensivo, até porque não dá trabalho algum. O leque de opções online é imensamente maior que os que se tinha há 30 anos atrás no mundo offline.

Por outro lado, eu diria que é quase impossível manter algo que seja mais do que um episôdio de infidelidade (o one-night-stand virtual) por muito tempo. É fácil trair e é mais fácil ainda ser descoberto: senhas à vista, telas de celular esquecidas na cama ou na mesa, redes sociais logadas, vermos e sermos vistos o tempo todo (porque as redes sociais nos tornam quase-celebridades).

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Indo além, privacidade hoje é passado, é história, poeira. Tudo o que fazemos é devidamente rastreado, devassado, analisado. Somos dados, imagens e conexões desnudos, à mostra. Basta olhar o filme do Snowden para entender o tamanho disso.

Se a privacidade foi pro ralo, trair vai se tornar impossível não porque as pessoas tenham perdido a vontade ou o jeito pra coisa (pelo contrário, nunca se teve tanta vontade de fazer algo ao alcance dos dedos) mas porque já se torna impossível esconder.

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Vou lhes apresentar o futuro óbvio dos relacionamentos. Das três uma:

1- abolir-se a tecnologia e voltar-se à linguagem de sinais e cartas de papel (probabilidade perto de zero)
2- deixar-se de desejar e de fazer qualquer tipo de coisa que se assemelhe à infidelidade.
3- aceitar a infidelidade digital como parte da mudança, como uma inovação amorosa, como vício em games.

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Qual destas mudanças as pessoas conseguirão suportar melhor? Eis a questão.

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