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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Tratado de paz. Interpretações do cessar-fogo

Enquanto parte do mundo citar que israelenses são "reféns" e palestinos são "prisioneiros", a luta ainda vai durar anos e anos

Palestinos buscam em desespero suprimentos de ajuda em caminhões humanitários, que entraram na Faixa de Gaza, furando o cerco genocida imposto pos Israel - 12/10/2025 (Foto: REUTERS/Ramadan Abed)

É preciso separar os fatos concretos. Foi aprovado um acordo de paz, que era a melhor chance de Trump para conseguir o Nobel da paz, sem os principais atores: Israel e Palestina. Trump se gaba de ser um grande negociador e especialista em marketing. Ele vende que conseguiu a paz, tirou fotos, houve discursos, porém apenas se baseia nas imagens de troca de prisioneiros. O fim da guerra teria que terminar faz tempo, mas o ponto crucial, foi o bombardeio do Catar por Israel, o que deixou os Estados Unidos furioso e fazer um acordo político com Netanyahu para encerrar o conflito. Houve um alívio momentâneo entre as famílias dos dois países, mas quem passou a procuração ao Trump de resolver e estipular 20 itens que os países devem cumprir no acordo? "Vamos proteger a liberdade religiosa", "inclusive para a religião mais perseguida do planeta hoje – ela se chama cristianismo", disse à ONU. O que Trump quis dizer é make Christianity great again! Quando for montar sua Baviera em Gaza, o Judaísmo não será predominante.

Como será o amanhã? Podemos lembrar que o antiamericanismo é muito forte no Oriente Médio, como o apoio dos EUA ao golpe de Estado no Irã na década de 50 em Mohammad Mossadeq eleito democraticamente. Ou quando a União Soviética invadiu o Afeganistão e os americanos ajudaram na criação de extremistas jihadistas fornecendo até armas para lutar contra os “comunistas” e acabou surgindo o Talibã que anos depois se voltou contra os EUA. Ou quando invadiram o Iraque com a desculpa que existiam armas nucleares e dilapidaram o país deixando o governo pós-guerra nas mãos de lideranças religiosas em conflito até os dias atuais. “Este não é apenas o fim de uma guerra. Este é o fim de uma era de terror e morte e o início de uma era de fé, esperança e Deus. É o início de uma grande concórdia e harmonia duradoura para Israel e todas as nações do que em breve será uma região verdadeiramente magnífica. Acredito nisso com muita convicção. Este é o alvorecer histórico de um novo Oriente Médio”, Trump quis dizer que ele é um Deus e que agora sim tudo ficará organizado.

Hoje, a Palestina está destruída, sem saneamento básico, inverno chegando (que chega a 10º em dezembro e pode diminuir em janeiro), fome avançando, sem perspectiva de normalidade em médio prazo, planos de construtoras americanas de assumirem a reconstrução e Trump lava as mãos, entregando tudo aos países árabes. Os americanos ainda falaram que acabaram com o Hamas, porém o grupo continua por lá, armados e se exibindo nas ruas. Não houve vitória. E ainda estão sob judicie com um acordo complexo e frágil para um acordo entre os dois países. E pensar que Em 1947, nenhum país da Europa Queria Receber Os Judeus Refugiados, no pós-fim da segunda guerra mundial, e apenas a Palestina acolheu. Logo em 1950, os Israelenses que Estavam em Gaza começaram o projeto de ocupar a Palestina e se tornar um país. Trump falou que as armas que os EUA deram com Israel durante a guerra “tornaram o país forte” e “foi isso que levou à paz”. Trump quis dizer que ele foi o responsável, através da destruição, de acabar com a guerra.

Pouca clareza sobre a situação atual na Palestina, com a saída dos Israelenses de Gaza, o Hamas está aproveitando para acabar com milícias contrárias, pois um plano sem clareza, sem administração real de implantação, será mais do mesmo, atiçando cada um dos sobreviventes dos dois lados. Reféns palestinos narram torturas nos campos de concentração israelenses e ficam sem esperanças ao retornar aos escombros de seu país, já sem seus familiares vivos. Um misto de perda e alegria. E apesar da ajuda humanitária entrar em Khan Younis, bloqueadas por Israel desde março, tirando o acesso de comida e medicamentos, a dor agora cresce mais do que o sentimento de paz. O jornal Palestina online mostra dezenas de casos parecidos, um crescimento de rancor em muitos e outros de resiliência. Como no caso de Saleh, que memorizou o livro sagrado de Deus e recita nas redes sociais para elevar o moral dos moradores de Gaza durante a guerra de extermínio. Um de seus cânticos foi "Forte, Gaza". E termina seu texto: "Vocês precisarão de um milhão de anos para quebrar a vontade do povo palestino, e vocês não vão quebrá-la. Somos um povo que ama a vida e a merece."

Enquanto parte do mundo citar que israelenses são "REFÉNS" e palestinos são "PRISIONEIROS", a luta ainda vai durar anos e anos.

 

 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.