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      Fátima Bandeira

      Jornalista e editora do Ceará 247

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      Tudo como dantes no quartel de Abrantes

      Como eleitora, jamais me ocorreu que estaria também elegendo as "diletas esposas" dos parlamentares para atuar em Brasília em defesa dos interesses da população, supondo, benevolamente, que é isso que as move

      Entrevista com dep. Eduardo Cunha - Royalties (Foto: Fátima Bandeira)

      O falso moralismo da direita se manifesta, de forma desbragada, em ações que a grande mídia apenas ignora, como é o caso vergonhoso da "bolsa esposa" para os parlamentares federais custearem as viagens de suas consortes à capital federal.

      Em sua campanha para a presidência da Câmara Federal, Eduardo Cunha teve uma reunião com as esposas dos deputados em que a principal reivindicação era a garantia de passagem para que elas pudessem "acompanhar seus maridos". A deputada Nilda Gondim (PMDB-PB), foi a organizadora do evento que reuniu 20 esposas. Nas palavras dela, o pequeno comparecimento àquela reunião foi justificado por ser véspera da posse.  “Hoje é difícil, além dos muitos eventos, tem a concorrência do cabeleireiro. Quis fazer isso porque gosto muito do trabalho do Eduardo”, afirmou a deputada. Entre as presentes esteve, a esposa do deputado Remídio de Amatur (PR-RR), Izamar Rodrigues,  que afirmou o compromisso de Eduardo Cunha em "lutar para que o direito das mulheres às passagens seja novamente garantido".

      As passagens tinham sido cortadas depois do escândalo do uso indevido das passagens da cota parlamentar para viagens de férias e de familiares.

      Mas com Eduardo Cunha "tudo volta a ser como dantes no quartel de Abrantes".

      Em sua campanha para a presidência da Câmara, Eduardo Cunha, incensado pela mídia para derrotar o candidato do governo, não colocou a proposta na sua plataforma, mas defendeu, com veemência, a autonomia e a independência do Legislativo. Agora temos clareza do que ele queria dizer com isso - a defesa de prerrogativas indefensáveis para parlamentares.

      Como eleitora, jamais me ocorreu que estaria também elegendo as "diletas esposas" dos parlamentares para atuar em Brasília em defesa dos interesses da população, supondo, benevolamente, que é isso que as move. Como militante feminista me sinto particularmente triste em ver que para algumas mulheres, a participação política tem esta conotação. Como jornalista, me indigno com a forma como a mídia tradicional e conservadora trata o assunto, em entrelinhas sobre o aumento de verbas para despesas dos parlamentares, algo por si só, já discutível.  

      Minha esperança é que o Ministério Público, tão eficiente no combate à corrupção no governo, seja também eficiente entrando com uma ação civil pública contra esta imoralidade aprovada pelo Presidente da Câmara Federal. 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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