Tudo pela morte
O governo deixou claro que o que prevalece não é o parecer da ANVISA, mas o discurso que favoreça seus asseclas, mesmo que as consequências venham ser horrendas
“Insanidade é continuar fazer do sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. (Albert Einstein)
Embora seja algo natural ao ser humano, há temas que causam calafrios. Entre eles, o desafio da morte. Dependendo do posicionamento religioso ou filosófico de cada um, ela pode ser encarada por variados ângulos. O grande Marco Aurélio disse que “na morte está o repouso dos contragolpes dos sentidos, dos movimentos impulsivos que nos arrastam para cá e para lá como marionetes, das divagações de nossos raciocínios, dos cuidados que descrevemos ter para com o corpo” (Recordações).
O avanço da ciência, principalmente no campo da medicina, tem procurado melhorar a qualidade de vida do ser humano, na tentativa de prolongá-la sem sofrimento. Mas a chegada do COVID-19, levou a área médica a se reinventar, visando encontrar possíveis caminhos para uma profilaxia. Apesar dos desencontros promovidos principalmente por aqueles que desconhecem, mas se acham no direito de contrariar o posicionamento médico.
Apenas os que não estão preocupados com os desmandos da política nacional, podem dizer que ficaram surpresos com a decisão tomada pelo Governo Federal em não adotar o passaporte vacinal. Ora, com posições negacionistas e consequentemente surfando em onda totalmente antagônica ao que se entende como o melhor caminho para tolher o vírus da COVID-19, a proposta defendida por aqui é em primeiro lugar, as questões econômicas, depois, se sobrar tempo, pensaremos em como deixar alguns sobreviventes. Acoplado ao cenário macabro, a fala oriunda do Ministro da Saúde, fez Imhotep, Hesi-Rá, Meri-Ptá e Hipócrates revirarem no túmulo.
O titular da referida pasta, se inspirou na fala do Chefe do Poder Executivo (vale lembrar sem o palavrão), que “às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade.” Não sei se vale a pena lembrar, mas liberdade é algo inerente às questões sociais, pois se assim não for, em nome dela eu posso fazer qualquer coisa inclusive ultrajar direitos do meu semelhante para prevalecer os meus interesses. O fato é que o Brasil continua andando na contramão do cenário mundial, no que diz respeito às medidas protetivas para com o problema da pandemia.
Em recente decisão, o governo deixou claro que o que prevalece não é o parecer da ANVISA, mas o discurso que favoreça seus asseclas, mesmo que as consequências venham ser horrendas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

