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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Tudo pode acontecer no 7 de setembro - principalmente nada

"O 7/9 de 2023 poderá entrar para a história como símbolo de uma virada de página", diz Helena Chagas

General do Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva (Foto: Ricardo Stuckert)
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A festa do 7 de setembro nunca foi mesmo praia do PT, que em seus governos sempre deu a ela caráter institucional, obedecendo corretamente aos protocolos e tradições militares, sem usar politicamente a ocasião — deixando mobilizações populares para outras datas, como o 1º de maio. Apesar do simbolismo do primeiro Dia da Pátria sem Bolsonaro, com Lula investido na função de chefe supremo das Forças Armadas e oito meses após derrotar uma tentativa de golpe, o governo não tem razões para seguir roteiro diferente desta vez. Haverá um necessário reforço na segurança, e o presidente da República e os militares devem acenar com a pacificação institucional, mas trata-se de uma festa institucional e protocolar, e assim será conduzida.

Certo, vai ser impossível, por parte da grande maioria que preza pelos valores democráticos, evitar a sensação de alívio — afinal, é o primeiro 7 de setembro, em quatro anos, sem o jugo bolsonarista e as frequentes ameaças ao Estado democrático de Direito. Isso é muita coisa, mas que temos comemorado todos os dias, em cada ato das instituições, que funcionam dentro das normas, e em cada avanço das investigações que vão desvendando os crimes contra a democracia e a corrupção de quem se dizia incorruptível. Não é preciso data nacional para se respirar esses novos ares, e os temores de alguns em relação à repetição de atos como os do 8/1 vão se dissipando.

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Não que os seguidores de Jair Bolsonaro não estejam tentando armar alguma coisa. Mas andam combalidos. Nos últimos dias, passaram de convocações suspeitas nas redes, ao estilo “festa da Selma” — tipo doar sangue vestidos de verde-e-amarelo ou sair de preto — , ao singelo bordão #fiqueemcasa. Não como orientação atrasada em relação à pandemia, mas tentativa de supostamente “esvaziar” o primeiro 7 de setembro de Lula.

Como, provavelmente, não haverá mesmo multidões nas ruas — nem contra, nem a favor — os bolsonaristas vão tentar construir a narrativa pueril de que “o povo” não foi comemorar a data cívica porque rejeita o atual governante e apoia seu antecessor. Acima de tudo, porém, vão tentar, com o recuo em sua convocação inicial de manifestações contra Lula nesse dia, esconder a dura realidade de que Jair Bolsonaro não está mais com essa bola toda para promover grandes mobilizações populares. Até porque não tem mais recursos para as camisetas, as bandeiras e os motociclistas.

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As últimas pesquisas, que mostram crescimento na aprovação do governo Lula, não apontam o fim do bolsonarismo, mas já detectam sua corrosão depois do avanço das investigações que têm o ex-presidente e sua trupe como alvo. É possível que Bolsonaro mantenha a seu lado — e venha a conservar — boa fatia do eleitorado radical. São aqueles 20% que estão com ele em qualquer circunstância — só que, possivelmente, não mais para ir às ruas fazer quebra-quebra golpista e depois parar na cadeia.

É sobretudo pela ação correta e enérgica das instituições depois do 8/1 — prendendo, investigando e processando — que, apesar de todas as ameaças, o 7/9 de 2023 poderá entrar para a história como símbolo de uma virada de página.

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