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Natália Araújo

Jornalista

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Tudo pode piorar: a verdade sobre o reajuste dos servidores do município de São Paulo

A jornalista e assessora parlamentar Natália Araújo revela que a Prefeitura de SP não negociou com o funcionalismo municipal

Funcionalismo municipal se manifesta diante da Prefeitura de São Paulo (Foto: Igor Carvalho /Brasil de Fato )

Por Natália Araújo - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, está viajando e a Câmara Municipal votou o projeto de lei 416/2025, sobre o reajuste salarial do funcionalismo público, sob jurisdição do vice-prefeito bolsonarista Mello Araújo.

A prefeitura não negociou nada com o funcionalismo e mantém um reajuste de 2,6% em maio de 2025 e 2,55% em maio de 2026, somente a reposição da inflação anual de 2024, sendo assim conseguirá pagar um reajuste menor que o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas ofereceu para os professores do Estado de São Paulo em 2025.

O prefeito passa o trator sobre o funcionalismo, com alguns claros objetivos:

1-) A bancada do PT denunciou  que o prefeito gastou os tubos para ganhar  a eleição  e deixou um rombo de R$6,8 bilhões e o valor do caixa caiu. O reajuste abaixo da inflação, permite o arrocho salarial, e amplia a recomposição do caixa para o próximo ano.

2-) Os vereadores do MBL e do Novo querem enfraquecer a resistência dos profissionais da educação e preparar  a privatização das escolas, como foi anunciado pelo prefeito. Por isso  o apoiam o que outrora criticaram em campanha eleitoral, inclusive o NOVO tinha candidata e o MBL apoiou o Pablo Marçal. Ambos estavam contra o eleito Nunes.

3-) O baixo reajuste do salário e uma categoria que está endividada é prato cheio para os privatistas que vão ganhar rios de dinheiro com a privatização e podem oferecer um salário menor para os seus funcionários que serão sucateados mais ainda e obterem aquilo que só a privatização pública pode te proporcionar, lucros maiores sugados da máquina pública, submetendo mão de obra terceirizada e precarizada ao que há de pior no cenário trabalhista.

4-) O prefeito de São Paulo está preocupado com a votação no Supremo Tribunal Federal que pode acabar com o confisco das aposentadorias, especialmente dos aposentados, e isto, pode impactar a receita do município.

O rombo, o confisco e privatização explicam este circo de horrores que envergonha os eleitores paulistanos e pode levar à cassação de vereadores por falas cheias de preconceitos, machismos e racismos. Uma vergonha para os verdadeiros cidadãos paulistanos, ao contrário da velha burguesia paulista falida que pensa que tem dinheiro.

Ou seja, duas alterações ao projeto foram aprovadas sem contestação – uma proposta pelo governo e outra pelo vereador Thammy Miranda (PSD). A primeira garante um aumento de apenas 5,21% nos benefícios, como Auxílio Refeição e Vale Alimentação, a partir de maio, enquanto a segunda define que os reajustes terão como base o ano de 2025 – um ajuste que, embora necessário, ainda deixa a desejar diante da inflação e do custo de vida crescente.

Enquanto isso, outras quatro emendas foram barradas, demonstrando o quê e quem determinam as prioridades da Casa. Agora, o texto segue para a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa) antes de chegar ao prefeito, em um processo que, apesar da aparente agilidade, não garante mudanças significativas para os servidores municipais.

Abro um parágrafo vergonhoso aqui, para explicitar o trecho da fala da vereadora Cris Monteiro,  do partido Novo, em púlpito do Plenário da Câmara Municipal de São Paulo em pleno ano de 2025 foi capaz de proferir:

“Quando vocês falaram, ninguém [nas galerias da Casa, lugar do povo por direito] se manifestou. Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Por quê? Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês, mas eu estou aqui representando uma parte importante da população que me elegeu", disse Cris Monteiro, que faz parte da base de apoio de Nunes.

Momentos depois de sua fala ela procurou se retratar, porém não proferiu quaisquer palavrinhas mágicas, aquelas que aprendemos na escola ou em casa, “desculpa”, “perdão” e etc.

E o por  último, e não menos grave, esta lei deverá ser sancionada pelo prefeito em exercício que foi indicado por Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, faz com que o prefeito Nunes “não suje” suas mãos com esse total absurdo e humilhação com o funcionalismo público da capital.

Natália Araújo - Jornalista especialista em Políticas Públicas e Assessoria Parlamentar

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.