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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Tudo vai depender da pressão popular

Talvez, sob pressão do povo, o Congresso Nacional vote a PEC que antecipa as eleições diretas e, então, um novo horizonte se descortinará para o Brasil, com a devolução para a população do direito de escolher os seus governantes, conforme, aliás, estabelece a Constituição

11/08/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Ato fora temer. Foto: Guilherme Santos/Sul21 (Foto: Ribamar Fonseca)
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O juiz Sergio Moro é um homem generoso, segundo o procurador Carlos Fernandes, um dos agentes de frente da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Realmente, ele é muito generoso. Com quem, mesmo? Ah, sim, com Claudia Cruz, a esposa do ex-deputado Eduardo Cunha, condenado por ele a 15 anos de prisão. Ela tem contas na Suiça, movimentou milhões mas não sabia que o dinheiro depositado pelo marido tinha origem suja. Foi absolvida, portanto, pela generosidade do magistrado de Curitiba, que não viu dolo e ainda lhe devolveu o passaporte para viajar quando quiser. No caso da dona Marisa Leticia, esposa do ex-presidente Lula, Moro provavelmente ainda não havia desenvolvido essa virtude agora descoberta pelo procurador, porque ele perseguiu a ex-primeira dama até o seu desenlace, mesmo sem ter contas no exterior ou qualquer outro dolo. O generoso magistrado, para completar agora o gesto de benevolência com a família Cunha, só precisará reduzir a pena do ex-deputado e mandá-lo para prisão domiciliar.

Há duas possíveis explicações para a generosidade de Moro: a movimentação do mesmo mecanismo que levou Temer ao poder para, agora, mantê-lo no cargo; ou o próximo julgamento, pelo Conselho Nacional de Justiça, de ações contra os seus excessos. No primeiro caso, preservando a mulher de Cunha, evita-se que o ex-deputado abra o bico e desnude de uma vez o golpe que destituiu Dilma Roussef, revelando as vísceras da conspiração e agravando não apenas a situação de Temer como, também, de outras figuras que, até o momento, estão sendo protegidas. No segundo caso, o magistrado provavelmente quer mostrar o seu lado “bonzinho” para os membros do CNJ, melhorando a sua imagem. De qualquer modo, parece que a sua generosidade só sensibilizou o procurador Fernandes, porque quase ninguém acredita que Moro tenha, efetivamente, essa virtude. A não ser que ela, a virtude, venha sendo sufocada pela obsessão insana de pegar Lula e eliminá-lo da vida pública, impedindo-o de voltar à Presidência da República, embora tê-lo de volta ao Planalto seja o desejo da grande maioria do povo brasileiro.

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Enquanto isso, os tucanos já se mobilizam para eleger, em pleito indireto, alguém dos seus quadros, conscientes de que não terão a menor chance em eleições diretas. Derrotados quatro vezes nas urnas eles sabem que não terão tão cedo outra oportunidade como esta para chegar ao Palácio do Planalto e, por isso, estão trabalhando intensamente nos bastidores para derrubar Temer e, ao mesmo tempo, garantir a escolha do novo presidente pelo Congresso Nacional. Não será, porém, como se imagina à primeira vista, tarefa muito fácil. Os peemedebistas, que são maioria na Câmara, não querem abrir mão do direito de eleger o substituto de Temer, até porque não confiam muito nos tucanos. Eles até aceitam Rodrigo Maia como exigência da Constituição, pois na qualidade de presidente da Câmara ele deverá assumir a Presidência no caso de vacância do cargo, mas só o tempo suficiente para convocar eleições. Querem indicar um nome dos seus quadros para elegê-lo no pleito indireto e, desse modo, manter o status quo.

Os rumores que apontam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para concorrer à Presidência no pleito indireto, junto com o governador Geraldo Alckmin e o senador Tasso Jereissati, provavelmente teriam sido espalhados por ele mesmo, que sonha em retornar ao Palácio do Planalto sem passar pelas urnas. Ele certamente terá o apoio dos bancos, que no seu governo foram generosamente beneficiados pelo PROER; da mídia, aquinhoada por ele com um fluxo paternal de verbas publicitárias; e do empresariado, presenteado com a privatização de estatais. Se voltar à Presidência, possibilidade na verdade bastante remota, ele deverá vender o resto do país, começando pelo que sobrar da Petrobrás depois da gestão de Pedro Parente. E – quem Sabe? – conseguirá aprovar uma nova emenda constitucional prorrogando o seu mandato-tampão, a exemplo da emenda da reeleição, ou uma PEC que o declare Imperador do Brasil. De FHC pode se esperar tudo, menos que ele faça um governo voltado para o povo, a quem não tem muito apreço.

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Esse cenário, no entanto, pode mudar, dependendo da pressão popular, que tende a crescer até a queda de Temer. Talvez sob pressão do povo o Congresso Nacional vote a PEC que antecipa as eleições diretas e, então, um novo horizonte se descortinará para o Brasil, com a devolução para a população do direito de escolher os seus governantes, conforme, aliás, estabelece a Constituição. É uma possibilidade que ainda não está inteiramente descartada e que, se se confirmar, poderá trazer de volta ao Planalto o ex-presidente Lula, que tem a preferência do povo. Esta, provavelmente, é a maior dificuldade para a aprovação da PEC, pois o golpe foi dado por esse mesmo Congresso justamente para destruir o petismo e apagar Lula do cenário político. Muita água, porém, deverá ainda correr por baixo da ponte, pois os conchavos de bastidores estão tendo curso, enquanto Temer se vira mais do que charuto em boca de bêbado para permanecer no Palácio do Planalto.

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