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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Um 25 de Abril de verdade (em Portugal...)

"Que aconteça aqui o que aconteceu em Portugal naquele distante 1974: eleições verdadeiramente livres, sem nenhum juizeco pulha e manipulador para distorcer resultados e virar ministro como prêmio", escreve o jornalista Eric Nepomuceno

(Foto: Divulgação)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Há exatamente um ano a Revolução dos Cravos cumpria 45 anos, e eu estava lá, em Lisboa.

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Fui a convide de minha amiga Inês de Medeiros, a bela e excelente atriz, a documentarista afiadíssima, que é prefeita de Almada. Para quem não sabe, Almada está para Lisboa como Niterói está para o Rio: em frente, do outro lado não do mar, mas do rio Tejo.

Naquele 25, e como sempre desde que em 1974 os militares liquidaram uma ditadura fascista de décadas, uma multidão desfilou na avenida de Liberdade. 

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Fui até lá, mas caminhei na contramão: em vez de descer a avenida, subi. É que que eu queria ver o rosto das pessoas, ler as faixas, escutar de frente o que diziam. E uma das coisas que me chamaram a atenção foi a quantidade de portugueses que ostentavam cartazes com os versos de uma canção belíssima de Chico Buarque chamada Tanto Mar.

Pois hoje Lisboa, cidade onde fui premiado com a imensa sorte de ter amigas e amigos, uma fraternidade perene, celebrou o aniversário da Revolução dos Cravos, o de número 46. 

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Portugal é, hoje, um país, sob vários e variados aspectos, exemplar. Li por aí, em algum lugar, uma pesquisa indicando que a qualidade de vida de quem vive lá é a sétima melhor do mundo.

E como é que Lisboa e o resto do país celebrou o vigésimo sexto aniversário da revolução, essa sim, libertadora do jugo tenebroso da ditadura de Antonio Salazar e seu sucessor, um fascismo que parecia eterno? 

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Aliás, convém fazer lembrar para quem esqueceu e contar para quem não sabe: chama-se Revolução dos Cravos porque quando a população percebeu que as tropas que invadiam a capital tinham como objetivo liquidar a ditadura fascista, começou a distribuir cravos aos soldados.

Uma imagem correu mundo: mulheres espetando cravos nos canos dos fuzis ostentados por soldados jovens, muitos deles com lágrimas no rosto. 

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E como é que Portugal neste ano das trevas celebra a data? 

Nas janelas e varandas.

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O governo impôs uma quarentena severa, e Portugal é, na Europa, um dos países que apresentam o melhor resultado na prevenção do coronavírus. 

Penso em meus amigos celebrando nas janelas, nas varandas.

E lembro que aqui, o que se vê e ouve em janelas e varandas são panelaços contra o psicopata que todo santo dia deposita as ancas na poltrona presidencial. 

E lembro que enquanto Portugal se mantêm vivo, nosso presidente demente não faz mais do que afundar a cada hora de cada dia o país num inferno sem fim.

Dia desses vou plantar cravos no jardim, com a firme esperança de que quando floresçam já não seja necessário espetar uma flor num cano de fuzil: a esperança de que Jair Messias e toda, absolutamente toda sua tropa abjeta tenha caído fora. Toda, toda, sem nenhuma exceção. 

E que então aconteça aqui o que aconteceu em Portugal naquele distante 1974: eleições verdadeiramente livres, sem nenhum juizeco pulha e manipulador para distorcer resultados e virar ministro como prêmio.

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