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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Um amor literalmente ardente

"Vulcões: a Tragédia de Katia e Maurice Krafft", pré-indicado ao Oscar de documentário, descreve o amor de um casal entre si e pelas fúrias do coração da terra

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Os franceses Katia e Maurice Krafft morreram tragados por uma corrente de gás quente e matéria vulcânica em 3 de junho de 1991, durante a erupção do vulcão Unzen, no Japão. De certa forma, eles não poderiam se queixar desse destino. Morreram envolvidos por aquilo que tanto amaram ao longo de décadas como um casal de vulcanólogos.  

Depois de serem citados no filme Into the Inferno, de Werner Herzog (veja aqui o trecho), o ano de 2022 lhes trouxe um revival cinematográfico. O próprio Herzog realizou The Fire Within: A Requiem for Katia and Maurice Krafft usando apenas material filmado por eles (veja o trailer aqui). Por sua vez, a documentarista estadunidense Sara Dosa contou a história do casal de maneira mais tradicional neste Fire of Love, lançado no streaming brasileiro com o título sensacionalista Vulcões: a Tragédia de Katia e Maurice Krafft.

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Ok, aconteceu a tragédia no Japão. Mas antes disso, houve uma densa história de aventuras, companheirismo e produção de filmes, fotos e livros. Katia e Maurice produziam imagens para vender e financiar suas viagens aonde quer que um vulcão estivesse prestes a entrar em erupção ou houvesse acabado de explodir. Ela geoquímica, ele geólogo, juntaram suas vidas e especializações para estudar "o que faz o coração da terra bater e o sangue correr", conforme suas palavras metafóricas. 

O filme nos brinda com imagens impressionantes dos dois em lugares como Islândia, Zaire, Itália, Indonésia, Canadá e Colômbia, sempre chegando o mais perto possível das crateras com suas caldeiras ardentes ou fumegantes. Em alguns casos, quando atrasados para alguma erupção inesperada, documentavam o cenário de destruição deixado para trás. O sonho de Maurice era navegar num bote por um rio de lava, já que ter feito isso num lago de ácido não lhe pareceu tão arriscado assim.  

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Sara Dosa acompanha o desejo deles de romantizar seu trabalho, apresentando o retrato de um casal apaixonado entre si e pelos vulcões – mesmo que a consciência lhes dissesse que talvez não devessem cultuar tanto um fenômeno natural tão destrutivo. Daí que um de seus filmes mais importantes foi um alerta sobre os perigos dos vulcões. 

Katia e Maurice bem merecem o tratamento de heróis que têm recebido – ainda que imprudentes, pois todo herói precisa ser imprudente. Mas não deixo de me impressionar com a desatenção dada a suas equipes, em especial aos cinegrafistas que se arriscavam tanto quanto ou até mais que eles para filmá-los à mercê das chuvas de "bombas vulcânicas" e rios de lava. Eles eram estrelas da vulcanologia e, por isso, raramente estavam sós. 

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Maurice afirmava que se voltou para os vulcões inicialmente porque não apreciava muito os seres humanos. A obsessão levou o casal a negociar o tempo todo entre o medo e a curiosidade. Ao esboçar uma análise de suas personalidades diferentes, mas convergentes, Fire of Love procura extrapolar o tema da aventura natural para alcançar uma dimensão espiritual. O assunto é eminentemente herzoguiano, mas Sara Dosa não deixa de honrá-lo com um filme belo e intenso. 

>> Vulcões: a Tragédia de Katia e Maurice Krafft está na plataforma Disney+

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