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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Um escritor revirando tripas

"Estava pensando em escrever que o Brasil somente estará salvo quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último tucano", escreve o jornalista Moisés Mendes em solidariedade ao escritor João Paulo Cuenca, "um grande escritor brasileiro, por ter revirado as tripas desse pessoal"

João Paulo Cuenca (Foto: Reprodução/Youtube)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Estava pensando em escrever que o Brasil somente estará salvo quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último tucano.

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Mas não vou escrever porque posso ser processado por Aécio e Alckmin, mas não por Serra, porque Serra dificilmente será o último tucano.

Também pensei em escrever que somente seremos um povo livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último miliciano. Mas posso ser processado pelos milicianos.

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E assim vou desistindo de escrever até que o Brasil será um grande país quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último deputado do centrão, porque posso ser processado por todo o centrão, o grupo político que, por obviedade, mais tem tripas.

Fico com receio de escrever sobre tripas e enforcamentos por causa da situação enfrentada pelo escritor João Paulo Cuenca.

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Cuenca decidiu adaptar para a nossa realidade uma frase antiga do francês Jean Meslier, que escreveu no século 18: “O homem somente será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”.

É uma frase repetida nas mais variadas circunstâncias e versões. Na versão do Cuenca, no Twitter, ficou assim: “O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”.

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O escritor está sendo processado por mais de 80 pastores da igreja. Eles se sentiram ofendidos. Por quê? Não querem usar suas últimas tripas para enforcar Bolsonaro?

Agora, imaginem se todas as frases semelhantes, escritas assim genericamente, fossem consideradas ofensivas por categorias diversas. O humor, o sarcasmo, a ironia, tudo seria sepultado por quem tivesse tripas.

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Nem é o caso de debater liberdade de expressão. É perda de tempo ficar fazendo reflexões profundas sobre o direito de opinião e a preservação da intimidade das tripas.

Até porque parece claro, pelas notícias que circulam, que as ações foram articuladas. Com tantas ações, algum juiz reaça, em algum lugar, vai acolher a queixa.

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Os padres do século 18 nunca cobraram reparação de Jean Meslier. Mas os pastores do século 21 querem dinheiro de Cuenca, com pedidos de indenização de R$ 10 mil a R$ 20 mil.

Por isso não me atrevo a escrever nada que tenha referência aos Bolsonaros e às tripas de alguém da turma deles.

Se fosse desejar uma morte diferente, desejaria algo mais brando: que morressem afogados na merda dos últimos admiradores de torturadores.

Mas não escrevo, porque também posso ser processado, pois o que mais tem em alguns setores de Brasília é admirador de torturador. No fim, desisti e não vou escrever mais nada.

Só deixo aqui minha solidariedade ao Cuenca, um grande escritor brasileiro, por ter revirado as tripas desse pessoal.

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