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Diego Ricoy

Historiador, professor e mestrando em História pela UFSJ

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Um fio de esperança chamado Lula

Caso vença as eleições, Lula precisará reverter o pacto antissocial firmado nos governos Temer e Bolsonaro para retomar o crescimento econômico do país, mas terá grandes desafios pela frente, a começar pela revogação da PEC-95, a PEC do teto de gastos

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No dia 7 de abril de 2018, o ex-presidente Lula se entregava para a Polícia Federal para cumprir uma pena injusta que lhe tirou 580 dias de liberdade. Um dia depois, eu escrevia meu primeiro texto para esta coluna do Brasil 247, intitulado “Lula: a ideia que não se prende”. De lá para cá, mergulhamos num abismo sem fim: eleição de um miliciano genocida em outubro daquele ano, perpetuação do desmonte do estado de bem-estar social, aumento da desigualdade e da violência no país e um caos social, sanitário e econômico causado pela desastrosa gestão do governo federal diante da maior pandemia do século. 

Hoje, um dia após a Suprema Corte confirmar a anulação das condenações de Lula no âmbito da Operação Lava Jato, um fio de esperança surge no fim do túnel. Lula readquiriu definitivamente seus direitos políticos e a maioria dos ministros do STF parece, por ora, estar de fato envolvida com um projeto de defesa das instituições republicanas e do estado democrático de direito. Resta agora saber como se comportarão as elites diante do cenário atual em que o ex-presidente está apto a concorrer às eleições presidenciais, tendo em vista que elas nunca se mostraram afeitas por um processo de amplo desenvolvimento nacional tutelado pelo Estado. Elas gostam mesmo é de um executivo subserviente e entreguista. E este será, certamente, o grande desafio de Lula, um estadista nato, em sua campanha para 2022: saber lidar com a elite do atraso que derrubou o PT em 2016 e em 2018.

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Caso vença as eleições, Lula precisará reverter o pacto antissocial firmado nos governos Temer e Bolsonaro para retomar o crescimento econômico do país, mas terá grandes desafios pela frente, a começar pela revogação da PEC-95, a PEC do teto de gastos. Para isso, ele precisará construir uma base sólida no Congresso e tudo indica que ele já vem se movimentando em torno desse projeto para tentar garantir o apoio de 2/3 da casa. O ex-presidente orientou a cúpula do PT a abrir mão das cabeças de chapa nas disputas dos governos dos estados no ano que vem em troca de apoio na composição de um bloco governista no Parlamento. Mas o preço do apoio político do centrão é alto e ele sabe que, além disso, terá de repartir o poder e se aliar aos golpistas para efetivar sua governabilidade. Afinal, o “toma lá dá cá” é a essência do nosso presidencialismo de coalizão que apenas Bolsonaro desconhece.

Não obstante as projeções de momento, certo é que muita água ainda deve rolar nos bastidores da corrida para o Palácio do Planalto. Mesmo que a disputa gire em torno de Bolsonaro e Lula, a centro-direita exercerá um papel coadjuvante importante e é bom ficar atento aos movimentos de Dória e sua trupe tucana. Huck deve mesmo confirmar sua saída da disputa à presidência por conta do contrato milionário que firmará em breve com a Rede Globo para substituir Fausto Silva como atração dominical, e Ciro continua comprando brigas do lado errado do espectro político. Mas ainda existem perguntas sem respostas claras: 1) para quem irão os votos da centro-direita num possível segundo turno entre o petista e o miliciano?; 2) as elites insistirão no desastroso projeto neoliberal de Paulo Guedes ou estão dispostas a negociar com o ex-presidente que prometeu mexer em feridas como as isenções fiscais, a taxação das grandes fortunas e heranças e os monopólios dos meios de comunicação?; 3) como a mídia hegemônica passará a encarar a inocência e a possível candidatura de Lula?; 4) Ciro Gomes voltará para Paris no segundo turno?

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Não obstante esse cenário de incertezas, certo é que nos resta uma luz no fim do túnel chamada Lula: a ideia que não se prende. 

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