Paulo Henrique Arantes avatar

Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

396 artigos

HOME > blog

Um jornalista vira-lata

A despeito de toda a pompa curricular, o colunista do Estadão Andrés Oppenheimer é inacreditavelmente ruim

Andrés Oppenheimer (Foto: Divulgação)

O colunista do Estadão Andrés Oppenheimer porta um currículo glamoroso. Eis o que consta de sua apresentação no jornalão: “Foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais”.

A despeito de toda a pompa curricular, Oppenheimer é inacreditavelmente ruim. Trata-se de um mero repetidor das máximas liberais.  Em seu artigo do último domingo (29), simplesmente chamou os discursos na ONU de Lula e Gustavo Petro, presidente colombiano, de “patéticos”.

Em síntese, Oppenheimer estaria feliz se os dois presidentes voltassem suas armas retóricas contra Venezuela e Cuba. O laureado jornalista-escritor também não gostou de os mandatários terem condenado os ataques genocidas de Israel a Gaza e ao Líbano.  Também se incomodou pelo fato de Lula e Petro mostrarem-se, no seu raso entender, mais pró-Rússia do que pró-Ucrânia.

Para Oppenheimer, Lula e Petro são “ridículos”, pois não enxergariam a própria pequenez, tentando exercer influência global, metendo-se a costurar planos de paz infrutíferos. Tal impressão posiciona o edulcorado colunista como porta-estandarte do vira-latismo latino-americano.

Andrés Oppenheimer vestiria bem um sapatênis. Não surpreenderá ser vier a participar da domingueira de Luciano Huck.

Oppenheimer é a perfeita personificação do latino-americano que gostaria de ser norte-americano. Não se orgulha da sua condição de argentino e deve sofrer com a de cucaracha. É simpático a Javier Milei, embora vista a canhestra fantasia de “isentão”.

O atavismo fomenta o preconceito, daí as tentativas de ridicularizar Lula e Petro. A imprensa complexada, da qual Oppenheimer é expoente, não admite que o Sul tenha voz, a não ser para dizer amém.

Lula e Petro foram ovacionados na ONU - e isso é relevante. Antes, o chanceler alemão e Lula assinaram protocolo de intenções em Berlin. O presidente da França foi recebido por Lula no Palácio do Planalto. O presidente dos Estados Unidos telefonou para Lula para tratar dos temas Venezuela, G20 e geração de empregos. O “ocidente democrático e desenvolvido” enaltecido pela mídia vira-lata brasileira sinaliza diariamente seu apreço pelos anseios de protagonismo internacional da América Latina, Brasil à testa.

Para Andrés Oppenheimer, somos patéticos.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.