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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Um juiz em toga Justa

Eu imagino o desespero do ministério público sabendo que o país e o mundo, pôde assistir a um depoimento de um acusado, cujas provas contra ele não existem e as convicções não puderam ser exibidas, porque não era permitido o uso do Power Point. Se fosse um programa de TV, poderia receber o título de Toga Justa

Moro (Foto: Nêggo Tom)
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Sem entrar no mérito jurídico da questão, até porque não tenho competência para tal, posso dizer que o depoimento de Lula, ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, foi um coito interrompido para quem esperava alcançar orgasmos múltiplos, tendo como objeto de prazer o sofrimento do ex-presidente. Após 5 horas de depoimento e de acordo com o conteúdo, a qualidade e a diversidade de perguntas feitas ao ex-presidente, fiquei na dúvida se Lula prestava depoimento ou se estava participando do Show do Milhão. De qualquer forma, acho que ele se saiu bem, mesmo sem a ajuda das placas e dos universitários.

Eu, no auge da minha ausência de conhecimento jurídico, não consigo entender por que diabos um tríplex gera toda essa celeuma, enquanto que um helicóptero que transportava 400 quilos de cocaína pura, não merece uma investigação rigorosa por parte de justiça. Todos querem saber se o tríplex é do Lula, mas ninguém quer saber quem é o dono do helicóptero. Se eu fosse o dono do tal aspirador de pó voador, me sentiria até ofendido por tamanha insignificância atribuída pela justiça e pela imprensa. Lula paga um preço mais alto por ser de origem pobre, quase miserável e sabemos bem, que no Brasil, o sucesso é uma ofensa pessoal. Principalmente se quem for alçado a ele era pobre, preto, nordestino, favelado, pouco letrado ou desprovido de qualquer outra condição si ne qua non, que a elite ou quem acha que f az parte dela, determine ou julgue relevante para o cidadão ser bem aceito socialmente.

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Ainda mantendo a minha opinião dentro da informalidade a qual minha insignificância permite, o depoimento de Lula, do ponto de vista pessoal, foi de um craque. Craque nas palavras. Se tinha gente comparando o dia do embate Lula x Moro, como uma final da Champions League, essa gente viu um hat-trick de Cristiano Ronaldo, que deixou o adversário sem saber o que fazer. A torcida do time da casa parece que já previa a derrota e não compareceu em número esperado. Já os apoiadores do ex-presidente, invadiram Curitiba e o cheiro de pão com mortadela tomou conta da capital do Paraná. Apesar desse óbvio e ululante domínio territorial e ideológico, alguns segmentos da imprensa ainda se atreveram a tentar reverter o irreversível, talvez tentando concluir o trabalho que o Juiz não conseguira realizar com o êxito esperado ou prometido.

As milhares de perguntas feitas por Moro a Lula, e as respostas por ele dadas, não foram capazes de trazer nenhuma novidade ao caso. Provas concretas então, nem pensar. Eu imagino o desespero do ministério público sabendo que o país e o mundo, pôde assistir a um depoimento de um acusado, cujas provas contra ele não existem e as convicções não puderam ser exibidas, porque não era permitido o uso do Power Point. Se fosse um programa de TV, poderia receber o título de Toga Justa. O tal analfabeto e apedeuta, conseguiu desconstruir um magistrado concursado e frequentador de Harvard, como se desconstrói um oponente numa discussão de botequim. Ao ser questionado se não sabia do esquema de corrupção na Petrobrás, Lula respondeu que não só ele, como também o próprio Juiz, o ministério público, a imprensa e a Polícia Federal, não sabiam de nada. "Só ficamos sabendo quando grampearam o Youssef", completou Lula. Moro respondeu que ele não tinha que saber de nada, ao que Lula retrucou: "Tinha sim. Foi o senhor que soltou o Youssef" Xeque mate.

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As perguntas se sucediam repetitiva e enfadonhamente, e a natureza delas me faziam temer que Herbert Vianna fosse citado no inquérito, por ter gravado, lá nos anos 1980, uma música cujo refrão dizia: '"Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou" Se o Juiz perguntasse o que Lula teria dito e avisado a Herbert Vianna, eu não me surpreenderia. Juro! Mas graças a Deus fomos poupados de mais esse constrangimento. O comportamento do Juiz Sérgio Moro foi bem diferente do que ele dispensou ao ex desgovernador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho. As brincadeirinhas, as amenidades e os sorrisos, não pontuaram a prosa com Lula. Aliás, vale lembrar que a esposa de Cabral, Adriana Anselmo, conseguiu movimentar dias atrás, mais de 1 milhão de reais, em uma conta bloqueada pela justiça. Alguém aí poderia perguntar ao digníssimo Juiz como isso foi possível?

Em suas considerações finais, Lula fez o seu desabafo e devolveu a bata quente para Moro, ao alertá-lo de que, caso ele tenha que absolvê-lo por insuficiência de provas, ele vai apanhar da imprensa e de todos aqueles que hoje o idolatram e o veem como um herói. E sabemos bem como agem os coxinhas quando são contrariados. Não duvido que mandem Moro ir pra Cuba, comer pão com mortadela. A verdade é que se Lula parar de viajar de avião, vai ser difícil abatê-lo na campanha presidencial de 2018. Todo cuidado é pouco. Afinal, a toga, digo, a saia, ficou justa demais para caber tantos inimigos.

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Vai de bicicleta, Lula!

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