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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Um passo atrás na História

"Cruel e inconsistente, a sentença que condenou Lula até 2036 mostra a profundidade das incertezas jurídicas acumuladas pelo país", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia. "TRF-4 ignorou decisão do STF que autorizava anulação da condenação em nome do respeito ao direito de defesa"

(Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4 | Felipe Gonçalves/247)
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A vergonhosa jornada do TRF-4 ajuda a lembrar aos 210 milhões de brasileiros que o esforço pela recuperação do Estado Democrático de Direito está longe de terminado.

Em 7 de novembro, deu-se um passo em frente, na decisão do Supremo que abriu as portas das prisões brasileiras para réus encarcerados em desacordo com o inciso LVII do artigo 5 da Constituição.

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Expressando a profundidade das incertezas políticas e jurídicas que o país acumula desde que o general Villas Boas alterou  o entendimento do STF sobre o transito em julgado pelo twitter, em abril de 2018, o TRF-4 lembrou ontem que Lula pode estar solto -- mas ainda não está livre. 

Também mostrou que o STF pode achar que Lula foi desrespeitado em sua presunção da inocência, pois não teve direito à última palavra após o depoimento de delatores quando o caso do sítio foi julgado em Curitiba. Seria uma chance importante para a defesa questionar a argumentação de testemunhas que preocupadas em salvar a própria pele -- inclusive através de mentiras. Mas o TRF-4, corte de segunda instância, pensa diferente e fez questão de demonstrar isso com todas as  letras. 

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A escandalosa condenação a 17 anos, um mês e dez dias pelo sítio de Atibaia traça uma linha de continuidade -- agravada -- com a pena de 12 anos e um mês que o mesmo tribunal lhe dera em função do triplex do Guarujá.

Ambas sentenças se equivalem pela inconsistência e crueldade. Podem ser criticadas e condenadas. Mas não constituem uma surpresa. 

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Nos dois casos, os juízes se confessaram incapazes de provar que Lula é o dono dos dois imóveis que se encontram no coração das denúncias. 

Num homem de 74 anos, a pena de ontem equivale a uma condenação até os 91. Caso não venha a ser anulada, necessidade evidente em função das notórias demonstrações de parcialidade contra Lula ao longo do processo, a sentença pode afastar Lula definitivamente da campanha de 2022, eleição que Bolsonaro encara como uma chance de confirmação do regime híbrido que supostamente destrói primeiro para   construir depois.

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Cabe meditar sobre alguns fatos no calendário jurídico-político. Em setembro do ano que vem, Dias Toffoli passa a presidência do STF para Luiz Fux, magistrado com um alinhamento conhecido. No mesmo período,  Bolsonaro pode indicar o substituto de Celso de Mello. Em 2021, de Marco Aurélio.

A maioria de 6 a 5 que abriu a porta da prisão para Lula pode mudar de sentido e se transformar num 7 a 4 até lá. Imagine-se o debate -- na Corte -- caso o Congresso aprove a prisão em segunda instância nos próximos meses. 

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O passo atrás de ontem representa uma retrocesso e tanto. Uma luta que há quinze dias parecia perto de terminar talvez se encontre diante de um longo começo.

Cabe ponderar com prudência, contudo. A realidade política da América Latina mostra que o grande impulso das mudanças vem da mobilização do povo e sua capacidade de resistência. Imagine o Chile há um mês. A Argentina antes da eleição. Imagine o Brasil antes de Lula sair da prisão. 

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É bom lembrar que a luta está no começo e os brasileiros não deram a palavra final.

Alguma dúvida? 

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