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Flávio Barbosa

Cronista, psicanalista

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Um rei mal coroado

"Ser diabólico vindo das charnecas do inferno, essa besta ganhou uma eleição derivada do feitiço que se abateu sobre aquela terra, antes tão fértil e prometedora, agora tão somente melancólica e iracunda. Filho da mentira e da guerra imaginária com os seus outros eus, perverso com traços de psicopatia e paranoia, pai de uma claque de pequenos demônios numerizados, essa besta buscou a todo custo, e fora das quatro linhas da Constituição Federal, impor seu jogo imundo, baixo, atrevido e covarde"

(Foto: Reuters/Ueslei Marcelino)
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Essa é a história de um vasto território, um país gigante, mas que se apequenou; não por ter tido o seu território violado por alguma potência estrangeira ou vizinho expansionista, mas porque seu próprio povo se deixou contaminar pelo vírus da estupidez e da ignorância, da falsificação banal da realidade, e chamo isso de vírus não porque tais coisas sejam hospedeiras desses organismos, mas por fazer uma analogia de algo, que, tão grave e contagioso a um vírus real que assola esse e outros povos no planeta, teve aqui uma taxa de contágio indescritível frente a qualquer outro lugar do mundo, revelando, desse modo, o seu enorme poder de destruição em face à coesão interna, da pátria.

Esse povo afetado por essas falsas verdades, ou se preferirem uma realidade paralela, foi virando, se metamorfoseando rapidamente em uma espécie de zumbis, de mortos-vivos que pairam em todos os lugares deste grande território como a mergulharem num imenso vazio, uma completa falta de sentido das coisas.

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É penoso ver o que restou desse povo, antes uma grande promessa de nação, uma nova civilização dos trópicos, atualmente nada mais do que um amontoado de trôpegos que não pensam, murmuram lamentos e conspirações imaginárias, e que gritam, gritam muito uns contra os outros com acusações iníquas e sem qualquer apego à realidade.

Muitos fatores contribuíram para se chegar a esse ponto: o poder onipotente de uma mídia de Cidadãos Kane que invertiam pautas e fabricavam histórias mirabolantes de fatos que ou não existiam ou eram devidamente cooptados por sentidos fantásticos a fim de criar efeitos semânticos devastadores numa enorme massa humana desavisada. Templos de lobos em pele de cordeiro a converter transcendências espirituais em fé monetarizada, e afetos de amor e solidariedade, em ódio e egoísmo. Tribunais que perseguiam ferozmente os justos a serviço do opróbio. Militares que marchavam entre o limite da caserna e das ruas exasperadas por messias salvadores da pátria. Empresários gulosos e oligarcas para quem a fortuna dos bens materiais é sempre pouco mesmo que a consequência disso seja a fome do outro. Políticos cuja ação parlamentária, o uso da palavra que faziam significava apenas corromper a verdade e faturar as trintas moedas da traição.

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Desse caldo imundo surgiu dois profetas do apocalipse: um, um traidor nato, covarde, rastejante, corrupto, que conspirava dia e noite contra aquela de quem era vice, e cuja ambição o fez alçar ao poder e revelar toda sua mediocridade. O outro foi ainda mais longe, arrogou-se um autêntico messias, um enviado, um ungido supostamente por Deus, mas não demorou por se revelar que era mesmo o filho de Rosemary, aquele bebê, que, embora crescido na estrutura óssea, jamais se tornara adulto.

Ser diabólico vindo das charnecas do inferno, essa besta ganhou uma eleição derivada do feitiço que se abateu sobre aquela terra, antes tão fértil e prometedora, agora tão somente melancólica e iracunda. Filho da mentira e da guerra imaginária com os seus outros eus, perverso com traços de psicopatia e paranoia, pai de uma claque de pequenos demônios numerizados, essa besta buscou a todo custo, e fora das quatro linhas da Constituição Federal, impor seu jogo imundo, baixo, atrevido e covarde. Logo ganhou uma excelente parceira, a Covid-19, com a qual sonhou tal um Zeus de araque dizimar a população daquela terra, e quase conseguiu, não só fisicamente, mas também pela mortificação subjetiva e simbólica daquela gente.

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Esse monstro desaprisionado da caverna de enxofre e agrotóxico em que veio a lúmen, não tardou em vociferar sua sentença àquele povo que nele acreditou ou não, trovejando aos quatro ventos que “veio para destruir”. E destruir é o verbo a que se dedica em conjugação e realização vinte e quatro horas por dia e nos trezentos e sessenta dias do ano. É um case do marketing político e da psicologia das massas.

Ocioso e vadio, nada mais se dedica tanto senão destruir. É uma voz alucinada que canta tal hienas aos seus ouvidos: Destruir! Destruir! Destruir! E segue a sua obra monocrática. A parceira a quem tornou, de fato, a primeira-dama: a Covid-19, agradece o brinde matrimonial: e fere! E mata! Mata muito... mata 300, 400, 500, 600 mil. Não para, e conta consigo o sorriso chistoso daquele seu parceiro, que, e daí, não é coveiro, mas apenas um assassino, sorrateiro e genocida.

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Essa besta que a todo momento evoca as armas com símbolos digitais, das armas veio e com elas segue, seu Exército, jura! Sua força. E a este seu Exército parece ter explícitas correspondências, um filho pródigo. No entanto, essa criatura que chegado ao poder em uma república ferida, agonizante, autoproclamou-se Rei absolutista, guarda em suas entranhas um trauma terrível que nunca o esquece e apaga da memória: o tempo em que servindo à Arma, fora desonrado e expulso dela, sabe-se, por justas razões. Jurou em seu íntimo vingança, e está a cumprir! Conta com uma espécie de paixão de Estocolmo de seus generais, gente de sua geração, para humilhar diariamente esse seu Exército, que, incrivelmente, parece não se dar conta das intenções del Rey, e pelo contrário, investe em prepostos sedentos de cargos e fortuna, que, sem pejo, com a mesma ignomínia e equiparação ideológica do monstro, faturam os deleites da Corte, e dane-se o resto.

Almas penadas o aclamam: Bárbaros! Eis o que são.

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Outrossim, cantaríamos, nós que resistimos, e muitos estão nessa pelea, uma ária de Azevedo (...)

“Um rei mal coroado

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Não queria amor em seu reinado

Pois, sabia, não ia ser amado

Amor, não chora

Eu volto um dia”.

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