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      Rubens José da Silva

      Servidor público

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      Uma concessão pública não pode ser usada por uma religião

      A chacina de nove negros em uma igreja nos Estados Unidos, o incêndio em uma igreja em Israel e um ataque a um templo místico no Rio, todos num só dia (18/06), são uma pequena amostra da crescente intolerância dos novos tempos

      A chacina de nove negros em uma igreja nos Estados Unidos, o incêndio em uma igreja em Israel e um ataque a um templo místico no Rio, todos num só dia (18/06), são uma pequena amostra da crescente intolerância dos novos tempos (Foto: Rubens José da Silva)

      O extremismo religioso cresce em todo mundo. A fraternidade tem perdido espaço para a intolerância.

      A chacina de nove negros em uma igreja nos Estados Unidos, o incêndio em uma igreja em Israel e um ataque a um templo místico no Rio, todos num só dia (18/06), são uma pequena amostra da crescente intolerância dos novos tempos.

      O Brasil começa também a se entrincheirar em fundamentalismos que vão destruindo uma liberdade religiosa louvada por vários povos.

      O caso da menina Kailane Campos, de 11 anos, agredida por uma pedrada na cabeça – segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos – despertou uma campanha pelas redes sociais contra mais uma violência a praticantes de religiões de matriz africana.

      Apesar da forte relação dessas religiões na formação de nossa cultura, o preconceito sempre existiu. Nas novelas, por exemplo, o tratamento é sombrio, se não, assustador. E as repetidas agressões não se restringem mais ao verbal ou a pichações e depredações, são físicas.

      A não aceitação do diferente cresce em várias esferas. Não aceitamos que haja outra opção religiosa, política ou de comportamento. Nesse mútuo contágio, a intolerância recrudesce. E dessa toada vamos adquirindo um comportamento que se tornou regra: o pavio curto.

      Muitos estão confundindo a afirmação de sua posição, que faz parte do jogo democrático, com imposição. Pensam que democracia se resolve num octógono.

      Pois é assim que age, por exemplo, o "religioso" Silas Malafaia. Suas palavras são como socos e chutes àqueles que não seguem sua cartilha.

      Justamente numa hora em que a escalada de violência toma proporções perigosas, a omissão de suas principais lideranças a uma veemente palavra de repúdio à agressão é mais que vergonhosa.

      Não se trata de demonizar os evangélicos, pois estes também sofrem com o preconceito, mas as agressões repetem os mesmos algozes e vítimas.

      Uma resposta para tais absurdos pode ser essa agressividade verbal de alguns pastores que não se restringem aos templos. Eles invadem as casas, via rádio e televisão, com uma pregação de total rejeição a outras doutrinas.

      Uma concessão pública jamais poderia estar a serviço de uma determinada religião, já que pela Constituição o Estado é laico. As demais teriam que dispor do mesmo espaço.

      A obtenção de uma concessão pública não é um leilão em que quem paga, leva.

      E dessa superexposição, advém, também, o crescimento da bancada evangélica no Parlamento que, com raras exceções, misturam política e religião de uma forma alarmante.

      Congressistas evangélicos impõem seu credo à pauta nacional. A chegada do soturno Eduardo Cunha à presidência da Câmara potencializou o risco.

      A sociedade brasileira deveria exigir o fim dessa programação sectária. Mas com essa atual composição do Congresso os tempos vindouros não são nada animadores.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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