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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Uma verdade chinesa

Quem riu de “estocar vento”?

Donald Trump, dos Estados Unidos, e Xi Jiping, da China (Foto: REUTERS / KEVIN LAMARQUE)

Os brasileiros acorrentados, algemados, deportados e esbagaçados num avião tumbeiro dos EUA devem saber o que seja a misericórdia a qual se referiu a bispa Budde. Depoimentos dos prisioneiros dão conta dos maus tratos flagrados em Manaus. Trump dá tratamento de terroristas a quem lá foi trabalhar.

O Brasil se propõe a buscar os deportados e trazê-los dignamente em voos civis. México e Chile recusaram o pouso das latas velhas americanas e exigem aviões civis aos seus cidadãos. 

A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, também se prepara para receber os seus deportados e responde de forma altiva aos destemperos do magnata de topete. Claudia dispôs auxílio financeiro e estrutura às famílias expulsas, às quais recebe com braços abertos, como faz o Brasil. 

Na homilia, a bispa anglicana pediu misericórdia a Trump pelos imigrantes e vulneráveis. E disse que os americanos já foram imigrantes naquela terra. É histórico que foram matadores hostis dos povos originários do Norte, de seus búfalos e da natureza dadivosa pelo petróleo e ouro. 

Budde foi constrangida dentro dos EUA após a solenidade. Trump exigiu pedidos de desculpas por lhe pedir misericórdia no trato de sua política aos indefesos e necessitados e teceu críticas ao cerimonial, claro, retaliou como sempre, chamando-a de “esquerdista radical”. Ela não esmoreceu nem diante de todo poder econômico e das big techs, não reconsiderará o que proferiu e pode sofrer mais ataques nas redes sociais. A bispa feriu as águas da discórdia e, profética, foi ao ponto num mundo que degringola. 

Mariann Edgar Budde é líder espiritual de 86 congregações episcopais e de 10 escolas episcopais no Distrito de Columbia e 4 condados de Maryland. A bispa é casada, mãe de dois filhos adultos, avó e defensora dos direitos humanos e da intransigência evangélica. Recebe repetidos ataques por sua luta pelos pobres e pessoas LGBTQI+ no exercício do seu ministério, cuja força destemida se mostra em suas palavras no cerimonial. 

Trump também cresceu os olhos sobre a Groenlândia, aos minerais que afloram com o degelo do Ártico, mas as relações com a Dinamarca esfriam. A ministra Frederiksen teve uma conversa “tenebrosa” com Trump, noticiou o portal Brasil de Fato. Para Gaza, em ruínas e entulhos, Trump sugeriu a retirada dos sobreviventes palestinos para uma “limpeza”, noticiou o UOL. Uma deportação de árabes?! 

Preocupa Trump a corrida tecnológica e a competitividade dos chineses. Aos olhos dos investidores, o modelo chinês de IA é uma grande ameaça a gigantes como Nvidia, Google e Open AI, vide o recentíssimo lançamento do aplicativo chinês DeepSeek, um dos mais vendidos. Quem riu de “estocar vento”? Na cidade de Hami, China, treze parques eólicos usam baterias gigantes para o excedente de energia gerada. Hoje já se aceita o termo popular, inclusive entre engenheiros: “estocar vento”. Dilma sabia do que estava falando, né?

Talvez a maior dor de cabeça que vai tirar noites de sono de Trump seja o Banco do BRICS, sediado em Xangai, China. Dilma é presidenta do banco desde 2023 e, reconduzida ao cargo pela segunda vez, onde é muito respeitada.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.