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Luciano Cerqueira

Pesquisador do Grupo Estratégico de Análise da Educação Superior (GEA-ES) da Flacso Brasil; Pesquisador associado do Laboratório de Políticas Públicas (LPP-UERJ) e Doutor no Programa de Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH) da UERJ

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Universidad 2018 - 11º Congresso Internacional de Educação Superior

Aconteceu em Havana, Cuba, o 11º Congresso Internacional de Educação Superior, com a participação de mais de 4.000 delegados – divididos entre mais de 20 países e com a presença de 11 ministros de educação de diferentes países – levou a Havana a discussão sobre o papel das universidades no cumprimento da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável

Aconteceu em Havana, Cuba, o 11º Congresso Internacional de Educação Superior, com a participação de mais de 4.000 delegados – divididos entre mais de 20 países e com a presença de 11 ministros de educação de diferentes países – levou a Havana a discussão sobre o papel das universidades no cumprimento da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável (Foto: Luciano Cerqueira)
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Aconteceu de 12 a 16 de fevereiro em Havana, Cuba, o 11º Congresso Internacional de Educação Superior[1]. O evento que contou com a participação de mais de 4.000 delegados – divididos entre mais de 20 países e com a presença de 11 ministros de educação de diferentes países – levou a Havana a discussão sobre o papel das universidades no cumprimento da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável no centenário da Reforma de Córdoba[2]. Em cinco dias de evento, as discussões do evento foram divididas da seguinte forma: apresentação de pôster; apresentação de trabalhos; conferências; mesas redondas; painéis; colóquios e grupos de debate. Além disso, o congresso ofereceu também 22 cursos de curta duração (4 horas) que foram oferecidos no primeiro dia do evento, e visitas especializadas a diversas instituições de ensino (da educação infantil a universidade) cubanas. Veja a foto (estudantes no laboratório de biologia na Escola Eduardo García Delgado[3]

O primeiro dia do evento teve seus colóquios dedicados a discutir dois temas: a Reforma de Córdoba e os 290 anos da Universidade de Havana. No final do dia foi a vez do Ministro da Educação Superior de Cuba abrir oficialmente o evento com uma conferência de abertura no Teatro Karl Marx. O tema da conferência foi: A universidade e a agenda de 2030 de desenvolvimento sustentável no centenário da reforma universitária de Córdoba: uma visão cubana.

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Do dia 13 ao dia 16 foram realizadas atividades que trataram do futuro das universidades na América Latina e Cuba. Por ser a sede do evento, Cuba teve destaque neste cenário. 

O país que desde 2011 vem reformulando sua agenda econômica, política e social, com base no documento Atualización del modelo económico y social cubano, tem enfrentado  inúmeros obstáculos para manter a excelência de sua educação superior e para isso, tem utilizado diversos métodos. Um deles foi a consulta popular que tem alimentado as decisões políticas que precisam ser adotadas. Além disso, estudantes, professores, pesquisadores têm participado ativamente através de comissões e comitês formados pelos mais diversos profissionais (sociólogos, economistas, engenheiros, etc.) na elaboração de documentos para ajudar no processo. Todo esse esforço é para que as universidades cubanas, segundo seus representantes, consigam não só responder as novas demandas, mas que também possam participar de forma ativa da construção de novas políticas públicas que o país necessita. 

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No segundo dia do Congresso foram desenvolvidas várias atividades relacionadas à educação superior. Num dos grupos de trabalho foram realizados debates relacionados ao tema: Universalização da universidade. Numa das principais mesas do dia foram debatidas as Políticas e programas para a democratização e inclusão social da educação superior em entornos locais e rurais[4]. Nesta mesa foram debatidos programas e projetos que levaram à inclusão de populações historicamente excluídas do ensino superior. É importante ressaltar que nesta mesa de debate 90% dos participantes eram brasileiros, e estas apresentações falaram das recentes experiências que levaram novas juventudes a usufruir do sistema universitário brasileiro, analisando o momento crítico que o país atravessa com um governo que dá claros sinais de que as políticas de inclusão não são prioridade. Com as apresentações e debates desta mesa, foi possível ver que outros países das Américas (incluindo os Estados Unidos) têm investido tempo e dinheiro para levar aos bancos universitários jovens pertencentes a grupos étnicos e sociais que estiveram por décadas afastadas do ensino superior. 

Ao final do congresso foi possível observar que governos e instituições que lutam por uma educação superior, como direito humano universal, têm encontrado desafios que – em maior ou menor medida – tem impedido alcançar esta importante meta estabelecida no documento assinado em Córdoba. 

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Um dos principais obstáculos encontrados é a falta de uma maior integração das universidades com as localidades e os setores produtivos. Essa integração pode levar a construção de um sentimento de pertencimento universitário, onde a comunidade se reconheça na universidade e vice-versa.  O segundo obstáculo encontrado é a formação de profissionais e cidadãos e cidadãs comprometidas com a sociedade. Também constitui um obstáculo a ser vencido, uma maior integração dos centros universitários latino-americanos e caribenhos, que permita uma maior circulação de seus integrantes (docentes e discentes) e, como consequência, uma troca de experiências e saberes que vai ajudar os países na construção de novas políticas públicas, especialmente na área de educação. 

O desenvolvimento sustentável da educação superior está encarrando um cenário adverso no mundo, que privilegia um modelo insustentável, excludente e meritocrático, por isso é imperioso que continuemos a propor modelos alternativos de desenvolvimento de educação, um modelo que priorize uma formação humanista e cidadã. E o Congresso foi apenas mais um passo nesta direção.

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Os esforços necessários para superar estes obstáculos levarão as universidades do continente a um novo patamar é certo, mas as mudanças necessárias não podem fazer com que se abandonem algumas metas que foram estabelecidas, como por exemplo, manter a equidade, a inclusão, e o reconhecimento social da educação superior. Mas isso só será possível com o aumento progressivo da integração entre as universidades e todo o sistema educativo, para incentivar e preparar nossos jovens para o ingresso na educação superior. E todas estas ações devem ser desenvolvidas sem perder a qualidade já conquistada,  a gratuidade de todo o sistema e um acesso democrático e diversificado.


[1] Em 1996 aconteceu em Havana a 1ª Conferência Regional de Educação Superior para América Latina e Caribe (CRES), como preparação para a Conferência Mundial da Unesco realizada em Paris em 1998. A partir desta experiência, desde 1998 é realizada em Cuba, a cada 02 anos, o Congresso Internacional de Educação Superior (UNIVERSIDAD).

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[2] É conhecido como Reforma de Córdoba o movimento estudantil que teve início na Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, em 1918 que logo se espalhou por universidades de outros países da América Latina. A reforma deu início a um amplo ativismo estudantil conhecido como os reformistas, que tinham como principais ideias: autonomia universitária; eleição dos dirigentes pela comunidade acadêmica; docência livre; gratuidade do ensino; assistência social para a permanência de estudantes e democratização do acesso; concurso para docência e extensão universitária.

[3] A foto é de uma turma do ultimo ano preparatório, equivalente ao último ano do ensino médio no Brasil.

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[4] Apresentei nesta mesa o trabalho: O Grupo Estratégico de Análise de Educação Superior e a luta por uma educação inclusiva

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