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Mauro Passos

Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do Instituto Ideal

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Usinas térmicas: impacto no meio ambiente e no bolso do consumidor

Chega de enganação, as pessoas não conseguem comprar o gás de cozinha e nem vão conseguir pagar a conta de luz. Simples assim, uma tragédia!

Estados reclamam de energia barata proposta por Dilma
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"O despacho de usinas térmicas custaram mais de R$ 20 bilhões em encargos para a sociedade brasileira em 2021 e, pior, foram responsáveis por emitir toneladas de CO2 e contribuíram com o agravamento da crise climática, que culmina em eventos extremos, como secas prolongadas e chuvas violentas como as que vivenciamos atualmente." (Nayanne Brito e Ana Himmelstein Copelhuchnik)

Coincidência ou não, o artigo de Nayanne e Ana foi publicado logo depois que venderam a maior usina termelétrica a carvão que temos no Brasil, Jorge Lacerda em Santa Catarina. Conheço bem a história, a usina fez parte do pacote das usinas da Eletrosul compradas por um preço muito abaixo que valiam. Na época a Eletrosul foi a empresa escolhida para se desfazer do seu parque gerador, com o intuito de dar início ao processo de privatização da Eletrobras. Quem comprou foi a empresa franco/belga Tractebel, em 1998. 

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O valor ofertado foi o mínimo estabelecido, cerca de novecentos milhões de reais, e chamou atenção do mercado não ter aparecido nenhum outro interessado. Até hoje a única grande empresa do grupo Eletrobras que passou por esse processo foi a Eletrosul. Pasmem, o leilão levou apenas 5 minutos. A Tractebel entregou o envelope no último minuto, os outros dois consórcios, um liderado pela americana AES e o outro pela francesa EDF, desistiram de concorrer. A inesperada desistência causou estranheza no setor elétrico e no mundo financeiro. As suspeitas, como sempre acontece, foram levadas pelo tempo. 

A bem da verdade a Tractebel nunca quis uma usina térmica a carvão. Já havia na Europa um movimento em defesa das energias limpas e uma forte pressão da sociedade pela desativação das térmicas a carvão. Recentemente o presidente da Engie, Eduardo Sattamini, reforçou essa posição da empresa ao anunciar a venda da usina de Jorge Lacerda. O preço de aquisição foi de R$325 milhões. Depois ninguém mais entendeu o que se passou. O prazo se estendeu até 2040 e a receita passou a ser de 800 milhões de reais/ano. Um negócio de pai para filho nunca antes visto nesse país. *

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Aqui em Santa Catarina há um silêncio absoluto sobre o inexplicável acordo. Tudo leva a crer que tem gente se dando muito bem. Analistas do setor elétrico acabam de publicar um estudo "que as distribuidoras de energia lucram mais na crise hídrica". O que seria algo impensável para um leigo. E vão adiante, afirmam que o governo exagerou na ajuda financeira ao setor. Tudo fica mais fácil quando é o consumidor que paga a conta. 

Em breve retomo esse assunto, afinal são milhões de consumidores bancando um processo perverso. As usinas térmicas são muito mais caras que qualquer outra fonte de energia. E quem confirma o que estou falando, são os chamados "desinvestidores climáticos". Quem aposta no carvão, só está pensando no subsídio. Como aqui o custo da energia já é absurdamente alto, uma parcela considerável de brasileiros empobrecidos não vai conseguir pagar a conta da energia elétrica. Chega de enganação, as pessoas não conseguem comprar o gás de cozinha e nem vão conseguir pagar a conta de luz. Simples assim, uma tragédia!

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"A nossa vida começa a terminar no dia que ficarmos em silêncio sobre coisas que importam", do sempre lembrado Martin Luther King

* Para facilitar a compreensão do obscuro negócio que fizeram, imaginem um investidor que compra uma fazenda de cana de açúcar em São Paulo,  por 350 milhões de reais. Logo depois, do nada, vem o governo e te garante comprar até 2040 a produção de etanol da fazenda - por 800 milhões de reais/ano. A grosso modo foi  isso que aconteceu em Jorge Lacerda, com um agravante: aqui incentivaram e subsidiaram a poluição. 

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PS - A Universidade de Harvard (EUA), a instituição de ensino mais rica do mundo, declarou que não investirá mais seu fundo de 210 bilhões de reais em ativos ligados à energia fóssil. Segundo Natalie Unterstell, "tem se observado um desempenho inferior dos combustíveis fósseis em relação aos investimentos em energia limpa". Enquanto aqui o governo fez de tudo - e mais um pouco - para ressuscitar o carvão, o mundo está determinado a descarbonizar a matriz energética do planeta.

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