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Zé Neto

Deputado Federal (PT/BA) e vice-líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados

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Vamos abrasileirar os preços dos combustíveis e defender a soberania nacional!

Sem preservar alterar a política de preços da Petrobras, o Brasil ficará refém de interesses econômicos especulativos internacionais

(Foto: Paulo Whitaker - Reuters)
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Sem preservar o planejamento adequado no setor energético e alterar a política de preços da Petrobras, o Brasil ficará refém de interesses econômicos especulativos internacionais e de contínua crise de energia. As mudanças no setor e a transição para uma economia de baixo carbono estão em discussão no mundo todo, mas o Brasil ainda convive com problemas rudimentares de gestão e planejamento das nossas fontes energéticas.

 Ao longo de 2021, a sociedade brasileira conviveu com ameaças de racionamento de energia elétrica e o risco de apagão no sistema interligado nacional, fruto da falta de planejamento dos órgãos de gestão e de investimentos públicos para mitigar os impactos de mais uma crise hídrica. 

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Ao mesmo tempo, o País sofreu com uma política equivocada de elevação contínua dos preços dos combustíveis, praticada pela Petrobras desde o final de 2016 e aprofundada pelo governo Bolsonaro, que equipara a produção nacional a produtos importados e pagos em dólar. Para o governo federal, as reformas se traduzem apenas na venda do patrimônio público, como se fosse a solução mágica para tudo.

Sem se preocupar com o enorme custo para a população brasileira provocado pela falta de planejamento, Bolsonaro resolveu que a crise seria resolvida apenas por meio de um brutal aumento de tarifas – chegando a criar mais “bandeiras tarifárias”, que significaram aumentos extras nas contas de luz dos trabalhadores. Como resultado dessa política nefasta, a tarifa de energia foi uma das principais responsáveis pelo aumento da inflação do ano passado, que registrou um dos maiores índices da última década. 

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Agora, estamos novamente diante de um quadro dramático, agravado pela pandemia, pela ampliação da crise econômica e da eventual privatização da Eletrobrás, e os sinais de alerta indicam que poderemos ter uma série de “tarifaços” nas contas de energia, por conta do aumento da geração termelétrica, em meio a denúncias de desperdício de água nas barragens das principais usinas hidrelétricas do País. 

Recentemente, a imprensa revelou que a população paga mais caro pela energia de termelétricas mantidas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mesmo com a ocorrência de chuvas recentes que recuperaram parte dos reservatórios de hidrelétricas. Conforme se noticiou, somente as usinas Belo Monte e Tucuruí, no Pará, e Sobradinho, na Bahia, responsáveis por 20% da capacidade de geração hidrelétrica no País, literalmente jogam água fora por não terem como escoar toda a energia que podem produzir. 

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O custo mensal de uma única termelétrica é mais da metade do montante destinado a descontos nas contas de luz de 35,3 milhões de consumidores nas faturas de janeiro de 2022. Com a queda do nível de reservatórios provocada pela estiagem e o uso indiscriminado das reservas hídricas das usinas, o governo Bolsonaro autorizou a entrada em operação de um grande número de termelétricas, sem qualquer planejamento e avaliação de custos para os consumidores.

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 Agora, mesmo com melhora nos reservatórios, o governo federal sequer preparou e divulgou um plano para desligar as termelétricas ou tornou públicos os dados dessas medidas, especialmente sobre o custo para os consumidores, que vão pagar essa conta. 

Com a entrada da estação de chuvas, os dados mostram uma significativa melhora nas condições de armazenamento nas barragens das usinas em todo o País. No Nordeste, os reservatórios estavam com 51% da capacidade em janeiro de 2021, e agora estão em 73%. No Norte, foi de 31% para 86%. No Sudeste e no Centro-Oeste, subiu de 23% no início de 2021 para 38% neste ano. 

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No entanto, o despacho das usinas termelétricas se manteve inalterado desde o ano passado – cerca de 14% da demanda nacional, mesmo com a melhora na situação hídrica. Os custos adicionais com o acionamento das termelétricas que substituem a geração das hidrelétricas devem chegar a R$ 14 bilhões, segundo estimativas conservadoras dos técnicos do setor.

 E tudo isso será pago por mais encargos futuramente incluídos nas tarifas de todos os usuários do país. Ao mesmo tempo, a matriz energética brasileira torna-se mais poluente, com a elevação do uso de fontes fosseis, ao contrário do que pratica o mundo, que realiza políticas ativas para reduzir o uso dessas fontes e combater mudanças climáticas, em consonância com metas acordadas globalmente.

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 Mas a crise energética também se estende para os combustíveis, pois o governo Bolsonaro insiste em manter uma política de preços equivocada e vender os ativos mais estratégicos da Petrobras, como as suas refinarias, reduzindo a utilização da capacidade instalada nas unidades de refino e incentivando a importação de derivados com valores mais elevados. Assim, a política de preços dos combustíveis mantida pela Petrobras está elevando os valores desses produtos a patamares históricos, prejudicando consumidores, empresas e o desenvolvimento nacional. 

A promessa do governo Bolsonaro de reduzir os preços dos combustíveis mudando a presidência da Petrobrás se mostrou vazia. A dita política de “preço de paridade internacional” (PPI), praticada pela Petrobras, corresponde a uma verdadeira política de preço de paridade de importação, em que a estatal vende os derivados de petróleo internamente, entre os quais diesel, gasolina e gás de cozinha, como se fossem todos produtos importados, cujos valores são mais elevados, pois a eles se somam custos de importação. A utilização da capacidade das refinarias é reduzida e a própria empresa perde mercado ao incentivar essas importações. 

Em vez de servir como empresa estatal, cumprindo com objetivos de garantir preços razoáveis, baseados na própria capacidade produtiva existente, e evitando pressões inflacionárias, a Petrobras determina os preços conforme as cotações do petróleo e do dólar no mercado internacional, os custos de internação de importados e a remuneração dos importadores. Atrelados ao dólar e ao mercado externo, os preços dos combustíveis flutuam para cima em sintonia com as altas internacionais, mas raramente são reduzidos quando ocorre baixa. 

O conflito na Ucrânia no início de 2022 torna ainda mais complicada a situação brasileira, já que os preços do petróleo no mercado internacional subiram de patamar e podem ainda disparar mais a depender de desdobramentos geopolíticos e da aplicação de sanções econômicas e financeiras. O mundo que parecia deixar para trás o desastre humano e econômico da Covid entra em nova fase de baixo crescimento e de dificuldades globais no campo do abastecimento energético. 

Portanto, entendemos que o tema da política energética e de combustíveis é urgente e de importância capital para a sociedade brasileira. São enormes os impactos negativos impostos aos consumidores e empresários brasileiros, em consequência da privatização da Eletrobrás e dos ativos da Petrobras, dos elevados custos de energia para a população, que paga uma das maiores tarifas de energia elétrica do mundo e desperdiça recursos hídricos estratégicos, e da política de paridade de importação, que eleva brutalmente os preços dos combustíveis. 

Devemos urgentemente mudar as políticas atuais, para que o Brasil saia dessa crise de energia e retome o rumo do desenvolvimento econômico e social.

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