CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Raimundo Bonfim avatar

Raimundo Bonfim

Coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP)

54 artigos

blog

Vamos às ruas para vencer no 1º turno

"A receita está na mobilização da classe média progressista, que precisa se mexer, sair da posição de torcedor de pesquisa", adverte Raimundo Bonfim

Lula e Alckmin participam do ato Vamos Juntos por São Paulo, em Taboão da Serra. 10.09.2022 (Foto: Ricardo Stuckert)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Raimundo Bonfim

Faltando poucos dias para a eleição, a grande questão que se coloca é: venceremos no primeiro turno? Este texto buscará apontar caminhos para que a resposta seja positiva e, a partir de 2 de outubro, iniciemos um novo período histórico com a construção de um governo democrático-popular. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Não restam dúvidas de que atravessamos um dos momentos mais críticos e desafiadores de nossa história, tendo em vista que iremos definir nesta eleição o país que queremos para os próximos anos. É um momento-chave e o desfecho de um longo processo iniciado com o golpismo tucano ao não aceitar o resultado eleitoral de 2014, que estimulou a ascensão de movimentos de extrema direita, fascistas e antidemocráticos ao poder e produziu como resultado a crise política, econômica e ética que vivemos atualmente. Entretanto, ao contrário do que as classes dominantes esperavam, os movimentos populares se mantiveram fortes e atuantes mesmo nos momentos de maior pressão – como no golpe contra a Dilma em 2016 – lutando pela democracia e os direitos da população brasileira – especialmente se opondo às reformas trabalhista e da previdência, além das privatizações e desmonte de programas sociais e congelamento de recursos. 

Na luta contra os retrocessos praticados desde o golpe de 2016, que levaram o país à triste realidade de ter hoje 33 milhões de brasileiros passando fome, mais de 10 milhões de desempregados, quase 500 mil pessoas vivendo em situação de rua e outras 23 milhões de pessoas em extrema pobreza, nós, dos movimentos populares, nos mantivemos em constante mobilização pelos direitos da população brasileira. Fomos às ruas em 2017 contra a Reforma Trabalhista que, após cinco anos de vigência, não trouxe benefício algum para os trabalhadores e trabalhadoras, nem reduziu o desemprego. Muito pelo contrário, apenas intensificou a precarização, prejudicando a classe trabalhadora, como denunciamos desde que iniciou sua tramitação. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Também é importante enfatizar que, em 2021, em plena pandemia da Covid-19, momento mais tenebroso de nossa história recente por estarmos abandonados à própria sorte pelo governo genocida de Bolsonaro, que virou as costas para as famílias enlutadas, fizemos a nossa parte e evitamos que o desastre fosse ainda maior para milhares de famílias vulneráveis. Dessa vez, a CMP e outros movimentos populares distribuíram milhares de cestas básicas e materiais de higiene em campanhas e solidariedade em todo o país, e fomos protagonistas nas mobilizações de rua exigindo a vacinação contra a Covid e a aprovação do Auxílio Emergencial de R$ 600 que o governo negava. Articulamos a Campanha Fora Bolsonaro e, por meio dela, levamos milhões de pessoas às ruas de todo o país, obtendo como resultado a conquista de pautas bem-sucedidas como o início da imunização contra o vírus no Brasil, renda e auxílio emergencial no valor de R$ 600 para as famílias com baixa ou sem nehuma renda. Neste contexto, lutamos ainda pela suspensão dos despejos enquanto durar os efeitos da crise sanitária no país e, nessa grande vitória dos movimentos populares, as reintegrações de posses estão proibidas até o dia 31 de outubro próximo. 

Nossa luta popular foi e sempre será pelos direitos da população brasileira, com forte compromisso pela manutenção da democracia, contra a fome e a desigualdade social. Agora, estamos diante das eleições mais decisivas de nossas vidas. E novamente o nosso papel tem sido fundamental no que diz respeito ao diálogo com a população - especialmente a de bairros periféricos – sobre a atual situação do país e caminhos para recuperar direitos perdidos e ter uma vida digna. Seguimos convencidos de que o caminho para enfrentar as adversidades e os desafios colocados ao povo brasileiro é o da organização e da luta popular, e isso também vale para o contexto eleitoral.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Estamos engajados no processo eleitoral para eleger Lula presidente, governadores, senadores e uma grande bancada de deputados e deputadas federais. Mas é fundamental também que durante a campanha nos fortaleçamos enquanto movimento popular para as batalhas pós-eleição. E é por essa razão que, em conjunto com diversos movimentos populares, formamos as Brigadas de Agitação e Propaganda, em 24 estados e no Distrito Federal, com o objetivo de debater com o povo seus reais problemas e as saídas para superar a crise e o neofascismo, além de elevar o nível de consciência política e de organização popular. Estamos atuando em 140 regiões e municípios do país, envolvendo cerca de 20 mil militantes, que estão organizados e fazendo o debate político nos centros e nas periferias das cidades, com destaque para o movimento ‘Sextou com Lula’, realizados em dezenas de cidades às sextas-feiras. É por meio desse diálogo direto, agitando nossas bandeiras e debatendo o nosso programa, que poderemos avançar ainda mais na organização popular e construir um novo ascenso das lutas no país para pôr fim aos privilégios e conquistar políticas que de fato melhorem a vida do povo, como a reforma urbana, a reforma agrária e uma economia popular e solidária. Conjugar campanha, organização e luta é demonstrar verdadeiro compromisso com a solução dos problemas do povo brasileiro, pois sabemos que só assim os direitos são conquistados.

Nessa atuação, pedimos votos, mas também debatemos com o eleitor a necessidade de defendermos a soberania do Brasil no que diz respeito às riquezas e recursos naturais, como o petróleo, minério, água, terra e energia, mantendo o patrimônio nacional sob controle do povo. Debatemos ainda os prejuízos para a população vindos da privatização de empresas estratégicas para o desenvolvimento econômico, social e cultural como Eletrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Fazem parte das nossas discussões também as políticas de igualdade racial e combate ao genocídio da população negra e periférica, as políticas para as mulheres e população LGBTQIA+, de promoção da igualdade de gênero, defesa do meio ambiente e a manutenção de conquistas históricas do povo brasileiro, ampliando direitos e, principalmente, a democracia. Isso não é "papo furado" como diz um candidato quinta-coluna do fascismo no Brasil. Pelo contrário, é por essas políticas que vamos construir uma soberania verdadeiramente popular, com uma economia que se desenvolva promovendo a igualdade, não o privilégio. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Por isso, voltando à questão colocada no início do texto, sobre se é possível vencer no primeiro turno: digo que sim, há muitos motivos para sermos otimistas! Mas para isso é fundamental, nesta reta final, imprimir um caráter de massividade à campanha, para além dos comícios com a presença de Lula que têm mobilizado milhares de pessoas em todo o país. É preciso acreditar na força da militância e do povo organizado, convocar todas e todos que querem derrotar o fascismo e lutar por um governo democrático-popular a contribuir com a luta pelo voto, nas ruas e nas redes. É também preciso intensificar desde já a campanha a favor do voto útil! A burguesia impulsiona a terceira via representada por Ciro Gome e Simone Tebet com o único objetivo de provocar um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Chega de hipocrisia de terceira via que só serve aos interesses de uma classe dominante temerosa da vitória de Lula no primeiro turno! É correto continuar dando prioridade à agenda econômica e social, mas é preciso enfrentar o Bolsonaro no tema da corrupção, especialmente após a revelação do escândalo de corrupção na compra de mansões com dinheiro vivo. 

Além disso, a meu ver, a receita para vencer no primeiro turno está na mobilização da classe média progressista, que precisa se mexer, levantar-se do sofá, adiar passeios, não ficar esperando cargos que caiam no colo num futuro governo, sair da posição de torcedor de pesquisa de opinião e se juntar à militância dos movimentos populares e dos partidos políticos para tomarmos as ruas por Lula presidente em 2 de outubro. E, para isso, o programa eleitoral e o próprio Lula terão de fazer esta convocação, envolvendo inclusive artistas, influenciadores e figuras que dialogam com os setores médios. Somente assim poderemos liquidar a eleição no primeiro turno e evitar a chantagem da burguesia que pressionará pelo rebaixamento do nosso programa, em caso de segundo turno.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O poema Arena conta Zumbi, de Gaurnieri,  diz: "Ah eu vivi na cidade no tempo das desordens, eu vivi no meio da gente minha no tempo da revolta,  assim passei os tempos que me deram pra viver! E você que me prossegue. E vai ver feliz a Terra. Lembre bem do nosso tempo Desse tempo que é de guerra".

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO