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Roberto Moraes

Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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Varejista chinesa Shein é um caso típico do Plataformismo

"O caso reforça ainda a observação de que a precarização do trabalho não se dá apenas na entrega das mercadorias, mas também na produção", diz Roberto Moraes

Um logotipo da Shein é retratado no escritório da empresa no distrito comercial central de Cingapura, em 18 de outubro de 2022. (Foto: REUTERS/Chen Lin)
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Esse caso da Shein detalhada na matéria do Valor (20/07/23, p. B1) embute uma questão que venho tentando discutir e apresentar.

["Shein desembarca no sertão e movimenta oficinas de costura: Moda - Região do Seridó, que abriga24 municípios no Rio Grande do Norte, trabalha com capacidade ociosa, de até 50% em algumas confecções"]

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Chama a atenção como os chineses da Shein foram tão rápidos no gatilho e incorporaram o Fordismo da confecção feita no sertão ao seu forte esquema de plataformização de atuação global. Vale lembrar que o Brasil responde por pouco mais de 4% do total comercialização em site e app da Shein, segundo estimativas do BTG. [FSP, 09/06/2023 - Shein no Brasil já vende mais que a Marisa]

Essas empresas-plataformas possuem maior agilidade do que a rede de lojas de varejo. Veja como a Shein rapidamente se adaptou às novas tributações, negociações com governo, articulação com a Coteminas, as facções e algumas cooperativas de confecção do Nordeste.

Analisaram qualidade da produção, observaram tecido comprado no Brasil e vindo da China e iniciam um esquema de produção vinculado à sua plataforma digital de e-commerce.

Por isso, em dois anos, a Shein (sem nenhuma loja física no Brasil, contra cerca de 400 da Renner e outras tantas da Riachuelo) já é a 2ª maior receita (em 2022 chegou a um valor entre R$ 7 e R$ 8 bilhões) entre as varejistas de roupas no Brasil, só atrás da Renner, por pouco da Riachuelo e na frente da C&A. 

Para mim, isso se explica pelo que venho chamando de Plataformismo, como nova etapa do Modo de Produção Capitalista. Ela não substitui as etapas anteriores. Uma etapa que convive bem com as estas anteriores do Taylorismo/Fordismo (veja esse caso da produção no Nordeste) e o Toyotismo que foram ressignificados com o uso das plataformas digitais. As Plataformas Digitais atuam como infraestruturas de mediação e servem, ao mesmo tempo, como meio de comunicação e meio de produção para diferentes negócios da produção aos serviços.

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Os negócios e o e-commerce das empresas-aplicativos são mais ágeis e misturam a produção no território, digitalização das plataformas, startupização, financeirização em negócios de escala global a uma infraestrutura logística material de distribuição e entrega controlada administrada por softwares e algoritmos.

O caso reforça ainda a observação de que a precarização do trabalho não se dá apenas na entrega (circulação) das mercadorias, mas também na produção, na medida em que o trabalho humano é o diferencial do custo da mercadoria.

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