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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Velhas e novas direitas, livrem-se logo de Bolsonaro

Direita e extrema direita devem fingir que se dedicam a Bolsonaro, mas só fingir. E passar a cuidar da própria vida

Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos / PR)
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Diz a lenda que não há ingênuos na direita como sempre houve nas esquerdas. Não há ingênuos muito menos no Centrão e tampouco na nova extrema direita, que formou a maior bancada do Congresso.

Eles sabem, sem perguntar a Valdemar Costa Neto, que a volta de Bolsonaro ao Brasil irá bagunçar tudo.

Pode mexer com o que está funcionando como estrutura provisória da direita e do fascismo, sem um líder nacional, que não será mais Bolsonaro, nem com outra enjambração.

Bolsonaro é um homem avariado. O que ele teria a dizer, se voltasse amanhã? Atacaria Lula. Diria que a inflação não cai. Que foi comprar picanha e a picanha continua cara? E daí?

Bolsonaro é um cão acuado, não parece ser mais um líder de nada. A presença dele vai tumultuar direita e extrema direita pela sua incapacidade de compreensão do novo momento.

Bolsonaro era um ser avulso no Congresso. Depois, no governo, foi tão poderoso que poderia até dizer que sentia atração por uma menina venezuelana. Não acontecias nada.

Tudo porque questões ditas ética ou morais não interessavam aos que o enxergavam como a única possiblidade de derrotar Lula, depois de ter derrotado Haddad. Ele podia fazer o que bem entendesse.

Bolsonaro tinha Arthur Lira como seu despachante da Câmara, para negócios do orçamento secreto, tinha a tutela dos militares e a leniência do sistema de Justiça.

Mantinha a base comprada sob controle com a dinheirama que elegeu gente que não existia nessa quantidade e com essa índole nem na ditadura.

Se dissesse hoje que tem atração por uma criança, poderia ir preso. No poder, passou quatro anos certo da impunidade e se sentiu forte quando foi absolvido nas duas ações julgadas pelo TSE em circunstâncias políticas desfavoráveis.

Perdeu a eleição e virou outra coisa. Na involução das espécies da direita, Bolsonaro é hoje outro bicho.

Parece, mas não é o mesmo. A dívida dos eleitos com ele é impagável. Manés que chegaram ao Congresso usando seu nome, de Damares Alves e o Astronauta a Sergio Moro, devem muito a Bolsonaro.

Mas para alguns deles, menos famosos e de fora do corpo orgânico e ideológico do bolsonarismo, o custo de ficar ao seu lado é muito alto.

A companhia ostensiva de Bolsonaro para o centrão de resultados pode se tornar insuportável aos que compram política no varejão, no embate cotidiano, para vender no atacado.

Quem vai carregar Bolsonaro nas costas pelo Brasil, se ele decidir mesmo sair por aí dizendo que a aproximação de Lula com a China pode finalmente trazer o comunismo?

Bolsonaro não sabe articular, não sabe refletir, não sabe agregar. E não tem o que vender, se for percebido como um traste à espera do desfecho dos processos que levarão à inelegibilidade.

O centrão precisa cuidar da loja. Bolsonaro é a criatura que durante quatro anos foi um leão, fugiu como um rato e agora pode voltar como elefante. Bolsonaro vai quebrar toda a louça do PL e de quem estiver por perto.

É preciso pensar numa alternativa urgente a Bolsonaro, e não mais na sua tentativa de salvação, que pode interessar apenas à família e ao entorno militar.

Direita e extrema direita devem fingir que se dedicam a Bolsonaro, mas só fingir. E passar a cuidar da própria vida.

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