Velhas práticas com novos instrumentos: a escravidão moderna da carteira verde amarela
Contudo, dois anos foi pouco para o combalido governo Temer revogar a Lei Áurea; a tarefa agora caberá a seu velho aliado e ilustre sucessor eleito Jair Bolsonaro; com mais legitimidade e tempo disponível, o novo governo talvez consiga reimplantar os grilhões
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O Brasil é um país escravista. A grande verdade é que nossa alta burguesia nacional e transnacional nunca se desapegou da casa grande. Sempre viu os trabalhadores como objetos particulares e não como seres humanos. Visto como simples ferramenta de produção, o proletário brasileiro só precisa sobreviver, nada além disso, nada mais que a alimentação, nada de direitos.
A política ultra neoliberal do governo Temer deu os primeiros passos rumo à construção dos nossos mais novos cativeiros. Na recente reforma trabalhista assistimos incrédulos ao assalto de quase todos os direitos. Primeiro sufocaram os órgãos de representação da classe trabalhadora, praticamente impossibilitando a sobrevivência de seus sindicatos. Depois tiraram nosso direito ao descanso, regulamentado com o bonito nome de regime de trabalho intermitente. Mas faltava a cereja do bolo: e ela veio com supremo, com tudo, permitindo a terceirização irrestrita inclusive das atividades fim.
Contudo, dois anos foi pouco para o combalido governo Temer revogar a Lei Áurea. A tarefa agora caberá a seu velho aliado e ilustre sucessor eleito Jair Bolsonaro. Com mais legitimidade e tempo disponível, o novo governo talvez consiga reimplantar os grilhões.
E não tardou muito. Voltou atrás por alguns instantes, repensou, mas parece que agora o ditador, digo presidente eleito, anunciou sua decisão final pela extinção do Ministério do Trabalho. Com a eliminação da pasta veremos nascer uma nova leva de violações aos direitos trabalhistas. Não haverá mais fiscalização, também não há mais justiça do trabalho, e talvez finalmente acabaremos com o salário mínimo. E o governo anunciará nas televisões brasileiras: bem-vindos a era da carteira de trabalho verde-amarela. Mas eles deveriam mesmo era dizer: bem-vindos de volta à escravidão!
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