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Jeferson Miola

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Versão de heroísmo do general é empulhação que falsifica a história

'O general Freire Gomes, hoje incensado como legalista, teve toda trajetória no comando do Exército comprometida com a mecânica do golpe', diz Jeferson Miola

Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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A mídia encampou a versão diversionista do heroísmo dos militares, agora incensados como salvadores da democracia.

A versão farsesca foi editorializada, e padroniza a abordagem enviesada de analistas e colunistas de TV, jornais, portais e mídias sociais – infelizmente, inclusive de alguns veículos da mídia contra-hegemônica.

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Em editorial tão burlesco quanto reunião de condomínio [Marx e Freire Gomes, 19/3], a Folha de São Paulo invocou Karl Marx para louvar o general Freire Gomes como um daqueles “grandes homens, os gênios, os heróis [que] fazem a história”.

Para este jornal que colaborou com a ditadura de 21 anos instalada com o golpe de 31 de março de 1964, o ex-comandante do Exército “teve coragem e papel decisivo na preservação da democracia no país. A atuação é digna de registro em futuros livros de história”, registrou com ufanismo.

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A postura editorial da Folha é apenas um sintoma do acordo nefasto construído entre o governo Lula, a PGR e o STF com as cúpulas das Forças Armadas para delimitar a responsabilidade pelos atentados à democracia a Bolsonaro e a um punhado de oficiais descartáveis e, com isso, preservar a instituição militar.

O ministro da Defesa e porta-voz da caserna Múcio Monteiro celebra o êxito da estratégia diversionista: “agora a suspeição tem nome, saiu do CNPJ [das Forças Armadas] para os CPFs [de “alguns” indivíduos fardados]”.

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Para sedimentar essa versão salvacionista sobre os vilões fardados que passaram os últimos anos acossando a democracia, tanto a mídia, a PF como o judiciário repetem o famigerado método lavajatista: definido qual é o objetivo estratégico da “narrativa”, seguem o itinerário até chegar no alvo.

Os depoimentos prestados à PF pelos ex-comandantes Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, mais se parecem com delações premiadas combinadas para corroborar os elementos que levam à versão dos acontecimentos que se pretende tornar oficial. Bem fiel ao estilo Lava Jato.

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As justificativas daqueles oficiais não se sustentam a um escrutínio minimamente diligente. As contradições entre os depoimentos deles e a realidade deveriam ser, pelo menos, levadas em conta pela PF e STF, mas são providencialmente deixadas de lado.

Nem é necessário discorrer muito sobre o envolvimento pessoal dos dois comandantes na conspiração; está tudo fartamente descrito e documentado.

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O general Freire Gomes, por exemplo, hoje incensado como legalista, teve toda trajetória no comando do Exército comprometida com a mecânica do golpe, que foi uma diretriz institucional das cúpulas das três Forças.

Basta relembrar que o general Freire Gomes, assim como o almirante Almir Garnier e o brigadeiro Baptista Júnior, também se insubordinou e abandonou o posto de comando do Exército para não ter de bater continência ao eleito soberanamente pelo povo brasileiro para ser o comandante supremo das Forças Armadas – o presidente Lula.

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E foi o general Freire Gomes que, no seu penúltimo dia à frente do Exército, em 29 de dezembro de 2022, impediu que o acampamento da família militar com outros criminosos no QG do Exército fosse desmontado, para deixar a bomba armada que veio a explodir no 8 de janeiro de 2023.

A versão de heroísmo do general é empulhação que falsifica a história.

O auto-engano oficial sobre os acontecimentos ofende o direito do povo brasileiro à memória, à verdade e à justiça, e mantém a débil democracia do Brasil em permanente ameaça de repetição de golpes e rupturas institucionais pelos mesmos atores de sempre.

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