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Carlos Castelo

Jornalista, sócio-fundador do grupo Língua de Trapo, um estilo sem escritor

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Vida (política) de inseto

O apoio ao negacionismo levou os insetos a perderem uma porção considerável do verde à sua volta. Além disso, a comida anda pela hora da morte e nunca mais viajaram para outros bosques

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Era uma vez uma libélula. Apesar de suas funções biológicas pouco nobres, era querido pela maioria dos insetos. Não era um predador e, naquele ecossistema, passou a ter fama de conciliador. Ele sempre fora um bom negociador, em especial com a elite formada pelas abelhas-rainhas, borboletas e pirilampos. Popularidade, contudo, não assegura unanimidade. Os baratões, os louva-deus e as formigas-soldado não iam com as antenas da libélula.

Um dia, os insetos fizeram uma eleição geral e a libélula acabou vencendo: passou a ser o representante legal dos invertebrados na floresta. Inconformados, seus inimigos tentaram fazer uma campanha amedrontando a massa.

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- Uma libélula mandando em vocês? Quem vai confiar num zé-ruela desses? – disparavam os vídeos da oposição no Horário Eleitoral Gratuito.

A disputa com o candidato baratão foi pau a pau, a moeda desvalorizou, mas não deu outra: a libélula levou.

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Apesar dos choques constantes, a administração do novo líder foi até o fim do mandato. Durante a gestão, a comida baixou de preço, os insetos conseguiam viajar para outras matas e havia ninho para todos.

Pela Constituição, a libélula podia apoiar um sucessor. Apesar da tramoia dos louva-deus, baratões e formigas-soldado, a candidata libélula-fêmea tornou-se a primeira do gênero a governar os pequenos animais.

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Diferente do antecessor, a mandatária era boca dura, vivia entrando em conflito com os opositores. O fato levou os baratões, na surdina, a bolarem um plano: levantariam o boato de que ela praticava atos ilícitos. 

Com a pressão das formigas-soldado junto aos grilos-juízes - e as emissoras de TV dos louva-deus alardeando o suposto crime de responsabilidade - a libélula-fêmea cairia. Igual a um mosquito da raquete elétrica.

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- Ela maquiou o balanço do governo, é perigosa como um escorpião! – anunciavam as lideranças contrárias ao clã que detinha o poder.

A conspiração deu certo, a mandatária foi despachada. O ex-presidente libélula, após uma mensagem das formigas-soldado aos grilos-juízes, foi preso numa caixa de fósforos.

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Hoje, a floresta tem novo líder: um morcego. Muitos analistas questionam a sua representatividade. Afirmam, tomando por base a Biologia, que morcegos não são insetos. No entanto, o próprio governo xipófago nega o fato, e a população acredita que o morcego é um deles.

O apoio ao negacionismo levou os insetos a perderem uma porção considerável do verde à sua volta. Além disso, a comida anda pela hora da morte e nunca mais viajaram para outros bosques.

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Moral: é melhor duas libélulas na mão, que um morcego sugando.

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