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Patrícia Valim

Professora de História do Brasil Colonial da Universidade Federal da Bahia. Conselheira do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Perseu Abramo

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Vilma Reis & Major Denice & Rui Costa

A historiadora Patrícia Valim, ativista feminista e do PT baiano, escreve sobre o que considera uma manobra do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner com a candidatura de Denice Santiado à prefetura de Salvador. Ela afirma: "A hora é de desobediência e resistência ao que há de mais rude e cruel no patriarcalismo de esquerda"

(Foto: Reprodução)
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Muita gente boa daqui da Bahia e ligada ao movimento negro já escreveu sobre a construção da candidatura de Vilma Reis e o impacto que essa candidatura tem causado na executiva do Diretório Estadual do PT/BA, de maneira que não tenho muito a acrescentar além de ressaltar a beleza e a potência desse movimento político de mulheres ligadas aos movimentos sociais. Máximo respeito e enorme torcida! 

Minha questão neste artigo é outra: a estratégia de Rui Costa, Jaques Wagner e o atual presidente do diretório estadual do PT, Éden Valladares, de escolher como candidata uma mulher negra, Denice Santiago, que não é ligada aos movimentos sociais e nem filiada ao PT, mas tem um trabalho admirável no combate à violência contra as mulheres. 

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Essa estratégia com o objetivo de dividir o coletivo de mulheres do movimento negro para controlá-las e esvaziar a pré-candidatura de Vilma Reis é absolutamente violenta pelo seu lastro histórico. Homens brancos e senhores de engenho e de gentes escravizadas utilizavam a mesma estratégia de dividir para dominar e evitar a rebeldia e a fuga de homens e mulheres para os quilombos. Vejam vocês. 

Na eleição municipal de 2016, ACM neto escolheu uma mulher negra para ser a  vice-prefeita da chapa, a professora Célia Sacramento. Essa escolha conferiu legitimidade social à cândidatura do pequeno déspota e serviu para as fotos oficiais da prefeitura da "primeira capital do Brasil", mas Célia Sacramento teve uma atuação pífia no cargo, foi controlada pelo prefeito e teve seu papel político esvaziado de maneira quase irreversível.

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Agora em 2020, na corrida para a escolha das candidaturas municipais, o diretório estadual do PT, que foi eleito recentemente com o principal objetivo de "renovar" as práticas políticas do partido, resolve recorrer ao que há de mais velho e violento na história brasileira. E isso depois de o governo estadual conseguir aprovar a venda do colégio Odorico Tavares com o voto de TODCXS deputadxs do PT, PCdoB (Erielma e Olívia Santana votaram contra a venda do colégio Odorico Tavares) e PSB - à revelia da população, as tais bases com as quais eles querem se reconectar. 

Rui Costa e Jaques Wagner, inclusive, foram conversar com Lula em SP sobre a escolha da combativa Denice Santiago como candidata do PT e aproveitaram pra tirar uma foto amplamente divulgada nas redes sociais como se tudo já estivesse decidido e resolvido. Bom, se já está decidido, "quem souber morre", como se diz aqui na Bahia. 

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O fato é que há uma maneira de dar um olé político na truculência desses homens do diretório estadual: a admirável Denice Santiago precisa se rebelar a esse lugar de subordinação e recusar o papel de candidata de ocasião do partido. Com essa atitude, Denice Santiago se somaria às candidaturas de Vilma Reis e Fábya Reis e fortaleceria o movimento político das demais candidaturas de mulheres negras, junto com Juca Ferreira também. Quase uma pré-candidatura coletiva de mulheres negras  legitimadas pelos movimentos sociais e pela militância. 

Essa é a verdadeira maneira de o PT/BA renovar a política partidária e se reconectar com suas bases. Porque renovar a política, senhoras e senhores,  não é colocar alguém mais novo de idade, mas com práticas antigas e condenáveis. Mas se eles não querem nos ouvir, se eles insistem em desrespeitar o movimento político das mulheres, não podemos nos calar. É preciso resistir como aqueles homens e aquelas mulheres escravizados resistiram de várias formas nessa cidade e seu termo. 

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A hora é de desobediência e resistência ao que há de mais rude e cruel no patriarcalismo de esquerda. Sem esquecer que a nossa existência, especialmente das mulheres negras, já é uma puta resistência, como estamos vendo. 

#MulheresNaPolítica

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#AgoraÉEla

#Agoraéquesãoelas

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