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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Vingança de Keynes sobre Tio Sam na crise global

(Foto: Divulgação)
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Keynes, com sua genialidade exagerada, achou que encontraria o equilíbrio necessário para administrar o capitalismo tentando regulamentá-lo por meio do FMI e do Banco Mundial, criados em Bretton Woods, em 1944; já em 1971, Tio Sam mandou descolar o dólar do ouro; deu o cano no mundo, que ficou com papel de parede nas mãos, enquanto o metal brilhante foi sequestrado ao  Forte Knox, guardado a 7 chaves, nos Estados Unidos.

O poder, como já dizia Mao Tse Tung, está na ponta do fuzil, e o próprio Keynes já havia, antes de Mao, previsto isso: "Penso ser incompatível com a democracia capitalista que o governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de fazer valer a minha tese - a do pleno emprego -, salvo em condições de guerra; se os Estados Unidos se INSENSIBILIZAREM para preparação das armas, aprenderão a conhecer sua força.(Keynes em recado a Roosevelt, no New Republic, em 1936, citado por Lauro Campos, em "A crise da ideologia keynesiana", 1980, Campus). Se Washington acreditasse em equilíbrio neoliberal, os Estados Unidos jamais seriam potência mundial.

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ECONOMIA DE GUERRA

Ou seja, a macroeconomia keynesiana é a guerra, a ponta do fuzil maoísta; a flutuação do dólar depois do descolamento do ouro consumou o perigo do desequilíbrio monetário global; a decisão americana, em 1971, praticada a partir de 1973, de deixar a moeda flutuar implicou em abertura geral dos países dependentes dos Estados Unidos ao capital externo, com liberação das suas contabilidades; em 1979, Paul Volcker, presidente do BC americano, subiria de 5% para 20% das taxas de juros, em nome da estabilidade do dólar, ameaçado pela inflação monetária global; Volcker jogou as dívidas corrigidas pelos juros americanos nas nuvens, e todos se lascaram; a ditadura militar no Brasil viria a cair, não por conta das reações internas de mobilização social, porque, até aquele momento, o nacionalismo militar levava o país adiante, mas por causa da crise monetária desatada por Washington para salvar o dólar da inflação.

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A periferia capitalista mergulhada em dívida externa, produzida pela puxada violenta dos juros americanos, teve que desvalorizar suas moedas para tentar pagar os papagaios nos bancos americanos, aumentando exportações; na sequência Tio Sam baixou Consenso de Washington; os devedores teriam que vender os patrimônios que ergueram com dívidas externas, cortar gastos públicos, congelar salários e praticar o famoso tripé econômico neoliberal: metas inflacionárias, câmbio flutuante e superavit primário; a ordem imperial baixou sobre toda economia global, rendida à hegemonia do dólar.

CRISES MONETÁRIAS EM PENCAS

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As crises monetárias que surgiriam a partir de então - Coreia, México, Rússia, Brasil etc -, nos anos 1980/90, prepararam os desastres que se acumulariam entre 1990 até 2008, quando emergiu bancarrota bancária, no pavoroso crash imobiliário; de lá para cá, o caos monetário se intensificou, porque o BC de Tio Sam aplicou a macroeconomia homeopática; em cima do aumento de liquidez produziu mais liquidez para evitar quebradeira dos bancos;  o que Keynes temia aconteceu: os déficits em contas correntes que deveriam permanecer equilibrados pela ação de um Banco Central dos Bancos Centrais, com capacidade de emitir uma moeda global - o chamado bankor -, para corrigir distorções sobreacumulativas de riqueza, de um lado, e pobreza, de outro, jogaram o sistema capitalista na instabilidade global; na prática, depois do descolamento do dólar do ouro, em 1971, o sistema monetário de Bretton Woods entrou em colapso; sobreviveu-se, arrastando, até hoje, no compasso do seu enfraquecimento relativo constante decorrente da tendência geral do capitalismo de ir se afogando na insuficiência de consumo global que lhe persegue, desde o nascimento, como sentenciou Marx, em O Capital.

CONTO DO VIGÁRIO NEOLIBERAL

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A China, que não caiu no conto do vigário do Consenso de Washington e adotou política nacionalista monitorada pelo Partido Comunista, sustentando supremacia do planejamento sobre o delírio anarquista neoliberal de continuar insistindo em livre mercado como solução, é a que, agora, está por cima da carne seca; as empresas de Tio Sam foram para lá, levaram capital e tecnológica, para dinamizar competição internacional chinesa, assegurando superávit chinês de 4 trilhões de dólares; vale dizer, as finanças abaladas de Tio Sam estão nos cofres de Pequim; nesse cenário, agravado pela pandemia do novo coronavírus, sem condições de sustentar a hegemonia do dólar, no cenário global, o que se espera, como lógica do processo de decadência americana, é isso que Belluzzo está falando nesse seu brilhante artigo - O Tempo de Keynes nos tempos do capitalistmo; faz-se urgente e necessário novo sistema monetário global, para a humanidade ter esperança de sobrevivência decente. Caso contrário, ela caminhará para guerra nuclear.

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