A santíssima trindade de Glenn
"Agora virou aliado de Bolsonaro na tentativa de anular seus processos, o que, é claro, não vai acontecer", diz Alex Solnik sobre o jornalista Glenn Greenwald
É óbvio que a Polícia Federal vai, a certa altura, entrar nesse caso dos ataques a Alexandre de Moraes para esclarecer qual é a fonte das mensagens supostamente incriminatórias (o que não são), em que celular estão e em que circunstâncias chegaram às mãos dos repórteres Glenn Greenwald e Fábio Serapião.
Eles vão se negar a contar, vão alegar direito ao sigilo da fonte, no que estão certos, mas já circulam partes da história, segundo as quais, ao que tudo indica, os prints (que não foram apresentados) estariam no celular de um ex-funcionário do gabinete de Moraes, demitido ao ser processado por violência contra a mulher e disparar um revólver em sua casa e cujo celular foi apreendido pela polícia paulista em 2023.
Precisamos saber oficialmente se é isso mesmo, se foi ele ou a polícia paulista quem as fez chegar aos repórteres, se a intermediária foi mesmo a deputada Carla Zambelli, como mostram prints dela e se as mensagens correspondem aos prints ou foram corrompidas, dúvidas que só uma investigação poderá esclarecer.
Quando Glenn publicou os segredos de estado de seu país, ele não contou, mas logo ficamos sabendo que a fonte foi Snowden, atualmente refugiado na Rússia.
Quando publicou as mensagens da Lava Jato, ele não disse como as obteve, mas em pouco tempo soubemos que as recebeu do hacker Walter Delgatti, atualmente preso.
No caso de Delgatti, as mensagens (que mostram ilícitos) ajudaram a tirar um ex-presidente inocente da cadeia. O que fortaleceu a democracia.
No caso atual, as mensagens (“tempestades fictícias”) ajudam a inocentar um ex-presidente que comandou uma tentativa de golpe de estado. O que fortalece o autoritarismo.
Glenn já tentou ajudar a reeleição de Trump, mas foi impedido por seus sócios do The Intercept, com os quais rompeu.
Está fazendo campanha contra Moraes não é de agora, já disse em 2023 que há censura em nosso país (e Moraes é o censor), defende o direito de bolsonaristas atacarem e ameaçarem instituições como o STF e o próprio Moraes, e na briga entre Musk e Moraes deu razão, é claro, ao seu conterrâneo amigo de Trump.
Agora virou aliado de Bolsonaro na tentativa de anular seus processos, o que, é claro, não vai acontecer.
A santíssima trindade de Glenn: Trump, Musk e Bolsonaro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




