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Paulo Moreira Leite

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Vitória de Lula aponta mudança

"Comparando com a unanimidade-contra do TRF-4 e do STJ, o placar de 7 a 4 no STF mostra uma postura totalmente diferenciada em relação a Lula", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. Para PML, "após anos de intimidação, adaptação confortável, omissão e mesmo coisa pior, um grupo de magistrados foi plenário sem medo de cumprir sua  obrigação fundamental, que é defender a Constituição"

lula (Foto: Paulo Moreira Leite)
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A vitória de Lula no STF, por 7 a 4, merece ser comemorada. Num período de derrotas acumuladas, no qual chega a parecer mais prudente enfrentar disputas políticas com a perspectiva de menor dano, o placar surpreendeu pela eloquência mas não só.

Ainda que seja uma decisão provisória – o julgamento do mérito do pedido de habeas corpus para Lula está marcado para 4 de abril – o impacto benéfico para as garantias democráticas e a democracia brasileira é inegável, com influência sobre o destino de boa parte do mapa político de 2018.

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Para começar, diminui a perseguição contra Lula, e protege  seus direitos como cidadão, o que afeta a hostilidade contra sua candidatura. Parece pouco, quase nada, quando se recorda o tamanho da injustiça que enfrenta e ainda poderá enfrentar. Mas é bom recordar que, se nada tivesse sido feito, é muito provável que dentro de uma ou duas semanas ele poderia estar preso.

O placar de 7 a 4 mostra uma postura diferenciada do STF em relação Lula, quando se compara com a unanimidade-contra do TRF-4 e do Superior Tribunal de Justiça.  

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Adversária resoluta da simples ideia de debater o habeas corpus em plenário, Cármen Lúcia só aceitou a proposta para evitar para evitar um vexame inédito de ser interpelada em sessão por Marco Aurélio Mello. Acabou sofrendo um golpe definitivo em sua autoridade, cada vez mais associada a intervenções que interessam a TV Globo.

Engajado pessoalmente na defesa da prisão em segunda instância, Sérgio Moro também perdeu. Dias antes da decisão, quando ainda não se sabia se o Supremo iria debater um Habeas Corpus para Lula, ou produzir uma nova jurisprudência sobre a segunda instância, Moro escreveu num despacho: “Com todo o respeito ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, uma eventual alteração seria desastrosa para os avanços havidos recentemente em prol do fim da impunidade da grande corrupção no Brasil”.

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Seria impossível explicar a decisão por 7 a 4 sem compreender um fator essencial, a mudança no comportamento da maioria dos ministros do STF. Após anos de intimidação, adaptação confortável, omissão e mesmo coisa pior, na tarde de quinta-feira estava claro que um grupo de magistrados havia chegado ao plenário sem medo de cumprir sua  obrigação fundamental, que é defender a Constituição.

Sem constrangimentos nem mesuras desnecessárias, sem dar bola para uma mídia que sonhava receber a cabeça de Lula numa bandeja de prata,  eles jogaram o tempo inteiro na ofensiva. Fizeram  questão de apresentar argumentos articulados, levando cada discussão até o fim. Não deram trégua para descuidos dos adversários, aproveitando cada deslize, cada referência fora do lugar, para encaixar uma crítica no ponto certo, uma observação pertinente.

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Mudanças dessa natureza na cúpula de um poder de Estado seriam impossíveis se não destilassem parte de um novo grau de descontentamento, raiva e mau humor em vigor no país.

Não é só o interminável desastre Michel Temer, mas o salário, o desemprego e também o assassinato de Mariella Franco, crime político que tem recebido declarações bovinas – quando não cúmplices – por parte de autoridades que deveriam apurar os fatos.

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A votação do mérito não deve ser aguardada como um simples ritual de confirmação da primeira decisão. No final do julgamento, quando a defesa pediu uma liminar para impedir que Lula fosse preso entre o 26 de março, quando deve ocorrer o julgamento dos embargos no TRF-4, e 4 de abril, quando o STF julgará o mérito do habeas corpus. O plenário se dividiu, por margem mais estreita: 6 a 5 a favor de Lula. Na defesa de Lula, aguarda-se por uma operação de guerra – inclusive com denúncias em jornal – para derrubar votos do outro lado na esperança de assegurar que seja preso e silenciado em 2018.  

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