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Laurez Cerqueira

Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes - vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real

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Você corta um verso, eu escrevo outro

O atraso organizado está de volta, vociferante. Temer, com seu slogan “ordem e progresso”, parece Jânio Quadros sem caspas. Jânio se orgulhava da mesóclise, do leite de colônia e da brilhantina Glostora. Temer, também, da mesóclise, mas da gomalina e da Água Velva. Falta apenas a renúncia, para complementar o enredo

O atraso organizado está de volta, vociferante. Temer, com seu slogan “ordem e progresso”, parece Jânio Quadros sem caspas. Jânio se orgulhava da mesóclise, do leite de colônia e da brilhantina Glostora. Temer, também, da mesóclise, mas da gomalina e da Água Velva. Falta apenas a renúncia, para complementar o enredo (Foto: Laurez Cerqueira)
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Assim o poeta Paulo Sérgio Pinheiro e o compositor Maurício Tapajós dispararam uma flecha certeira no coração da censura estabelecida nos anos obscurantistas da ditadura civil militar.

Censores, atordoados, viram brotar por todos os lados manifestações de alto teor de demolição do regime. Viram que não conseguiam deter o levante dos artistas, de intelectuais, muito menos a força libertária da arte e da democracia.

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Naquele momento havia censores aboletados nas redações dos jornais, das TVs e das rádios, que diziam o que podia e o que não podia ser publicado. E, nos gabinetes da Polícia Federal, em Brasília, os censores controlavam toda a produção artística nacional, podendo liberar, mutilar e até vetar definitivamente músicas, filmes, peças de teatro, programas de TV, e outras produções.

Temer, apesar da fragilidade na Presidência da República – a qualquer momento pode ser liquidado por uma delação premiada fatal nas investigações em curso – dá sinais de que não é amigo da democracia e muito menos de artistas, produtores, intelectuais e de quem pensa diferente dele.

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Há ações concretas de volta da censura, com a asfixia dos polos produtores de arte e de conteúdos de mídias. Os golpes na política cultural e artística, com a extinção de órgãos públicos, corte de recursos, tanto do financiamento das atividades culturais quanto da publicidade dos blogs e sites de opinião e de jornalismo independente das corporações senhoriais de mídia, demonstram claramente que a censura está de volta, sorrateira, com novos métodos, que minam a produção cultural e os canais de debate, alternativos, da sociedade.

A democracia está sendo solapada, para em seu lugar fazer prosperar, evidentemente, o tal mercado, o império dos grandes negócios, e o país que se dane.

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Mas os movimentos estão se organizando, se aglutinando, para retomada do que está sendo desconstruído, e da discussão de uma pauta comum, de uma agenda unificada em defesa da democracia.

A construção da democracia não pode prescindir dos seus mais importantes esteios: produção cultural e imprensa livre.

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Não basta apenas reivindicar a democratização dos meios de comunicação e o acesso aos bens culturais, mas construir estruturas alternativas, de iniciativa da sociedade, para dar suporte ao projeto democrático.

Muitas iniciativas estão proliferando, mas de forma pulverizada. A dificuldade maior de todas as iniciativas hoje é a unificação e o financiamento.

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O debate sobre esse assunto já é suficientemente conhecido nos mais diversos fóruns onde se discute a democratização da comunicação. Mas criar meios de financiamento das estruturas produtivas parece ser a tarefa mais urgente no momento.

Talvez seja estratégico discutir um projeto de financiamento capaz de abrigar os meios alternativos de comunicação numa espécie de guarda-chuva, sustentado por um fundo único, mantido por contribuições individuais de cada cidadão que luta pela democracia.

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Uma entidade, autônoma, poderia ser criada com a finalidade de formalizar a gestão institucional e definir critérios de acesso aos recursos. Um conselho de representantes dos partidos políticos e de entidades civis não golpistas se encarregaria da política de comunicação.

Os filiados de partidos políticos não golpistas e apoiadores da luta democrática, constituem fonte sólida de financiamento, de fácil mobilização para o projeto.

O acesso aos recursos poderia ser definido, por exemplo, pelo número de acessos a cada mídia ou venda dos produtos. Enfim, os critérios de distribuição de recursos e de funcionamento do fundo poderiam ser definidos pelo colegiado que o administra.

Não seria o caso de entrar em detalhes, aqui, sobre o funcionamento do fundo, mas de chamar atenção para a emergência de iniciativas a fim de se contrapor aos ataques do conservadorismo e do autoritarismo que emergem do passado, das brumas do atraso organizado.

Há acúmulo sobre esses assuntos no debate dos movimentos de democratização da mídia e do acesso à produção de bens culturais e artística.

Talvez falte uma agenda mínima para fazer frente aos recentes golpes do governo provisório contra os blogs e sites de opinião e de jornalismo independente das corporações senhoriais de mídia. 

O atraso organizado está de volta, vociferante. Temer, com seu slogan “ordem e progresso”, parece Jânio Quadros sem caspas. Jânio se orgulhava da mesóclise, do leite de colônia e da brilhantina Glostora. Temer, também, da mesóclise, mas da gomalina e da Água Velva. Falta apenas a renúncia, para complementar o enredo.

“Você corta um verso, eu escrevo outro.

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