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Michel Zaidan

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Walter Benjamin e Habermas

É aí onde entra a valorização dos potenciais de iniciativa e autocomposição das comunidades, minados pelo Estado moderno

Pessoas caminham em distrito de comércio popular em São Paulo durante pandemia de coronavírus 15/07/2020 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
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A obra do filósofo alemão WB  resulta de uma improvável síntese entre judaísmo, marxismo e psicanálise. Daí o paradoxo entre um certo otimismo tecnológico  ( de influência marxizante) e a nostalgia de um tempo de vida comunitário, pré-moderno, onde a identidade do indivíduo está associada ao seu pertencimento a uma coletividade, em que a palavra não se separa da ação. 

O que permite o compartilhamento  de histórias de vida e a faculdade de narrar. Se em outros textos, o autor exalta as virtualidades da técnica moderna, como no cinema e na arte de vanguarda, em outros, lamenta a perda da experiência  e a dissolução da sociabilidade comunitária,  sob o impacto do choque da vida moderna. 

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No ensaio O Narrador, Benjamin se apresenta como um nostálgico da experiência perdida e exalta a vida comunitária  e o seu poder de compartilhamento da experiência. Também  nos ensaios sobre Baudelaire e nas Teses sobre o conceito de História. Já no ensaio sobre o surrealismo, sobre o cinema  e em Experiência e pobreza, como também sobre as variações em torno de Brecht, avulta a influência marxista e do materialismo histórico.

O interesse de usar o ensaio  do Narrador é  bem delimitado, trata-se de resgatar o valor da comunidade que se baseia na unidade da ação e da palavra, vis a vis ao processo alienante e desumanizante da modernidade, (Sobre isso, veja Sérgio Paulo Rouanet. 0 Édipo é o Anjo. Rio, tempo brasileiro, 1981)

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Já a obra  do filósofo contemporâneo J. Habermas pode -se dizer que se trata do grande herdeiro da teoria crítica e é  considerada como uma das últimas sínteses filosóficas  do século XX, por juntar correntes muito diversas-  o funcionalismo, o marxismo, a epistemologia genética e a linguística anglo-saxão -, além da psicanálise.  

A obra de Habermas é  tida como um verdadeiro discurso filosófico, porque discute e incorpora contribuições  de outros autores. Sua suma filosófica é A Teoria da Ação comunicativa,  que redefine o conceito de uma razão monólogos e essencialista numa razão processual, argumentativa, sujeita a provas e contraprovas, a depender da capacidade argumentativa dos interlocutores- vorazes e de boa fé. 

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Mas há  um déficit político nessa teoria, que privilegia o consenso, o mundo da vida e os atos de fala comunicativos. A política é  pouco considerada. Foram seus discípulos americanos (Arato e Cohen) quem introduziram  a política  no sistema, com o conceito de  sociedade civil, intitulado de dimensão institucional do mundo da vida. E o conceito de Democracia Deliberativa. 

Essa inovação levou Habermas a se pronunciar sobre a  crise do  socialismo real, em 1990,  a  partir do conceito de Revolução Recuperadora, definida como revoluções  contra o Estado,  a favor da sociedade civil. É aí onde entra a valorização dos potenciais de iniciativa e autocomposição das comunidades, minados pelo Estado moderno, com  o excesso de burocratização levado pelas  prestações estatais na vida das comunidades, tornando -as meras clientes do  Estado.  

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Daí a defesa da autonomia da sociedade civil e a limitação  da intervenção do Estado e a valorização  dos arranjos e composições  próprias. (Texto, Habermas. A revolução recuperadora. Madrid, tecnos,1989)

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