Weverton Rocha, um conciliador quando o assunto é indicação ao STF
Resta saber se a capacidade de superar rancores pessoais que caracteriza Weverton Rocha influenciará seus pares no Senado
O relator da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), já disse que se manifestará favoravelmente ao escolhido de Lula. Quase ninguém na imprensa lembrou que Rocha exerceu a mesma função quando da indicação de Flávio Dino, em dezembro de 2023. Os que lembraram não deram a bola devida.
Na oportunidade anterior, nomeado relator pelo então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Weverton foi extremamente elogioso à biografia de Dino e tal comportamento revelou traços conciliadores de seu perfil: na política maranhense, Rocha vinha de um rompimento com o ex-governador e líder da esquerda local Flávio Dino, que o apadrinhara no início da carreira e que se tornara seu desafeto, por razões que políticos pragmáticos não costumam deixar baratas.
Rememore-se.
Durante bastante tempo, Weverton e Dino foram aliados próximos no Maranhão. Quando Dino governava o Estado (2015–2022), Weverton integrava sua base. Em 2018, com o apoio de Dino, Weverton foi eleito senador. A aliança parecia forte: os dois compartilhavam a mesma estratégia política e eleitoral no Maranhão. O afastamento ocorreu em 2022 por causa da candidatura à sucessão de Dino no Governo do Estado.
Weverton tinha intenção clara de se candidatar a governador. Em 31 de janeiro de 2022, comunicou a Dino e às lideranças que se lançaria candidato, mas Dino optou por apoiar Carlos Brandão (PSB), seu vice. Weverton rompeu explicitamente com a base de Dino: não apoiou a candidatura de Brandão e montou uma frente de oposição à chapa oficial do governo.
A cisão política se aprofundou quando, na disputa ao Senado, Weverton chegou a declarar apoio a Roberto Rocha (PTB), adversário de Dino. O que havia sido uma aliança virara definitivamente um conflito. Weverton perderia apoio de figuras importantes ligadas a Dino e a relação ente ambos passou a ser descrita como de “cisão definitiva”.
Nada disso impediu que Weverton Rocha, ao relatar a indicação de Dino ao STF, descrevesse-o em três páginas como “uma figura reconhecida e admirada nos mundos jurídico e político”, destacando sua formação em Direito, a experiência no Judiciário como juiz federal, sua atuação no Legislativo (quando deputado federal) e no Executivo (governador do Maranhão, ministro da Justiça), ou seja: passou pelos “três Poderes da República”. Para Weverton, isso conferia a Dino “um perfil plural, com vivência ampla e preparo técnico para a Corte”.
Resta saber se a capacidade de superar rancores pessoais que caracteriza Weverton Rocha influenciará seus pares no Senado, em especial o melindrado presidente Davi Alcolumbre (União-AP), agora que o indicado é Jorge Messias.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




