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Abiquim defende inclusão feminina e reciclagem na ExpoCatadores 2025

Entidade apoia Espaço da Mulher Catadora, participa de debates sobre circularidade e recebe o Selo Amigo dos Catadores durante o evento em São Paulo

Catadoras de materiais recicláveis em Brasília (Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

247 - Entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2025, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) participa da 12ª edição da ExpoCatadores, realizada no Anhembi, em São Paulo, considerada o maior encontro mundial de catadores e catadoras de materiais recicláveis. O evento reúne cooperativas, empresas, governos e organizações internacionais para debater os rumos da reciclagem e da economia circular no Brasil e na América Latina, com expectativa de mais de 3 mil participantes ao longo da programação.

A ExpoCatadores 2025 é promovida pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e pela Unicatadores. De acordo com a organização, a agenda inclui palestras, oficinas, rodadas de negócios e uma feira de tecnologias voltadas à reciclagem e à gestão de resíduos, consolidando o evento como espaço estratégico de articulação entre diferentes atores da cadeia.

Com o tema “Transição Justa na Cadeia de Valores da Reciclagem” e o lema “Catadores e Catadoras no Centro da Circularidade”, a edição deste ano destaca iniciativas voltadas à inclusão social e à valorização do trabalho feminino. Um dos principais destaques é o Espaço da Mulher Catadora, que contará com apoio institucional da Abiquim e já se consolidou como um dos ambientes mais frequentados do evento.

O espaço oferece acolhimento, autocuidado e troca de experiências entre mulheres de diversas regiões do país. Entre os serviços disponíveis estão escova, tranças, maquiagem, barbearia, massagem, mesa de negociação e área de apoio profissional. Para Aline Sousa, integrante da Direção Nacional do MNCR, o local simboliza reconhecimento e pertencimento. “O Espaço da Mulher Catadora é construído de catadora para catadora. Aqui, além do cuidado com o corpo, existe o cuidado com a voz, com a história, com a força de cada uma de nós. É um lugar onde a gente se encontra, aprende e se escuta de verdade. Esse acolhimento transforma e mostra para o Brasil que a economia circular só será justa se enxergar as mulheres que sempre sustentaram essa cadeia”, afirma.

Além do apoio institucional, a Abiquim terá participação ativa nos debates da programação. Na quarta-feira, 17 de dezembro, das 15h20 às 17h30, a coordenadora de Circularidade da entidade, Carolina Camargo Ponce de Léon, integrará o painel “O Futuro dos Plásticos, Reciclagem Popular e Economia Circular: Construindo soluções globais”, na sala 3. O encontro reunirá representantes da Ancat, do MNCR, do Ministério do Meio Ambiente, da Aliança Internacional de Catadores do Chile e da Universidade de São Paulo.

Durante os três dias de evento, a Abiquim também manterá um estande voltado à apresentação de iniciativas que fortalecem a reciclagem inclusiva e a economia circular. O espaço será dedicado à articulação de negócios e parcerias entre empresas e cooperativas, ampliando oportunidades de integração entre o setor produtivo e os catadores.

Para o dirigente da Abiquim, André Passos Cordeiro, a transição para a economia circular exige avanços tecnológicos aliados à inclusão social. “A Expocatadores é um espaço fundamental para reafirmarmos que a transição para uma economia mais circular e inclusiva só se concretiza quando reconhecemos o protagonismo histórico das catadoras e dos catadores de materiais recicláveis. São eles que, com enorme capacidade técnica e sensibilidade social, transformam resíduos em valor e constroem diariamente resultados que beneficiam todo o país”, declara.

Segundo Passos, a presença da entidade no evento reforça o compromisso do setor químico com modelos produtivos mais sustentáveis e com políticas públicas voltadas à valorização do trabalho dos catadores. “Estar aqui significa reforçar o compromisso do setor químico com modelos produtivos mais sustentáveis e com a construção de políticas públicas que integrem, fortaleçam e valorizem essas trabalhadoras e trabalhadores. Acreditamos em parcerias que ampliem renda, promovam inovação e garantam condições mais justas de trabalho, porque inclusão social e desenvolvimento industrial caminham juntos”, completa.

O reconhecimento a essa atuação ocorrerá durante a própria ExpoCatadores. A Abiquim foi convidada pela Ancat e pela Unicatadores a receber o Selo Amigo dos Catadores e Catadoras, concedido a instituições e personalidades que se destacam no apoio à reciclagem popular e à economia circular. A solenidade está marcada para o dia 18 de dezembro, às 14h20, no Auditório Principal do Anhembi.

No convite enviado à entidade, Roberto Rocha, presidente da Ancat, e Luiz Henrique da Silva, presidente da Unicatadores, ressaltaram a relevância do trabalho desenvolvido pela Abiquim e a importância de fortalecer, por meio de políticas públicas e parcerias, o protagonismo dos catadores e catadoras de materiais recicláveis em todo o país.

Outro ponto central da participação da Abiquim na ExpoCatadores 2025 é a defesa da Lei de Incentivo à Reciclagem. O mecanismo permite que pessoas físicas destinem até 6% do Imposto de Renda devido e empresas tributadas pelo regime de Lucro Real até 1% para projetos socioambientais ligados à reciclagem e à economia circular, ampliando o financiamento de iniciativas de impacto.

Nesse contexto, ganha destaque o trabalho do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), representante oficial da Zero Waste International Alliance no país. O Instituto atua na promoção da cultura Lixo Zero e orienta empresas, organizações e cidadãos sobre o acesso à Lei de Incentivo à Reciclagem, além de articular projetos aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente que podem receber recursos.

Entre as iniciativas contempladas está o projeto “Liderança Circular Mulheres na Reciclagem”, voltado à formação e ao fortalecimento de mulheres catadoras. Desenvolvido pela Liderança Circular, o projeto prevê a capacitação de 1.300 mulheres de cooperativas de todas as regiões do Brasil, com foco na ampliação de renda, no fortalecimento de redes de apoio e na promoção de novas lideranças femininas na cadeia da reciclagem.

Aline Sousa lembra que cerca de 80% dos catadores no país são mulheres, muitas delas negras, que historicamente sustentam a base do sistema de reciclagem. Segundo ela, o apoio viabilizado pela Lei de Incentivo contribui para garantir autonomia, formação e mais oportunidades de inclusão socioeconômica.

Para André Passos, fortalecer projetos estruturantes é decisivo para ampliar o alcance da economia circular. “A Lei de Incentivo à Reciclagem cria uma oportunidade real de conectar recursos a projetos que transformam vidas e territórios. Ao apoiar iniciativas estruturantes, reforçamos uma agenda que une sustentabilidade, inclusão e desenvolvimento, pilares indispensáveis para o futuro da reciclagem no Brasil”, afirma.