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BNDES anuncia primeiros projetos do Restaura Amazônia e investe R$ 100 milhões

Nove propostas de reflorestamento foram selecionadas para recuperar 3,5 mil hectares no Arco da Restauração, com recursos do Fundo Amazônia e da Petrobras

Floresta Amazônica no Pará (Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará)

247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quinta-feira (30), em evento no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, os primeiros projetos selecionados pela iniciativa Restaura Amazônia, voltada à recuperação de áreas degradadas na região amazônica. Segundo informações divulgadas pelo próprio banco, a seleção contou com R$ 50 milhões do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES sob supervisão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e outros R$ 50 milhões da Petrobras.

Ao todo, nove projetos foram escolhidos para apoiar ações de restauração ecológica e fortalecimento da cadeia produtiva da restauração em unidades de conservação da Amazônia Legal, cobrindo 3,5 mil hectares na área conhecida como Arco da Restauração — região estratégica para deter o avanço do desmatamento.

De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o programa é essencial para evitar que a Amazônia ultrapasse o ponto crítico de degradação. “O Restaura Amazônia é uma iniciativa de larga escala para plantar árvores nativas e evitar que a floresta atinja um ponto de não-retorno de devastação”, afirmou. “Essa iniciativa é ponto central do Arco da Restauração, que, além de regenerar áreas degradadas, cria um cinturão de proteção para deter o desmatamento”, acrescentou.

O projeto é uma ação estruturante da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg) e do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg 2025-2028), coordenados pelo MMA. Para o ministério, o programa é um dos pilares da estratégia nacional de transição do Arco do Desmatamento para o Arco da Restauração, conectando políticas de conservação, clima e desenvolvimento sustentável.

A secretária nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, Rita Mesquita, destacou a importância da cooperação entre governo, empresas e comunidades locais. “O programa traduz na prática a implementação da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg) e do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg 2025-2028)”, afirmou. “Ele fortalece a governança territorial, gera oportunidades de trabalho e consolida o Arco da Restauração como uma resposta concreta do Brasil para os desafios do clima e da biodiversidade”, completou.

Três macrorregiões e nove projetos selecionados

O BNDES selecionou três instituições gestoras regionais, responsáveis pela implementação dos projetos: o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), que atuará no Acre, Amazonas e Rondônia; a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), que coordenará ações no Mato Grosso e Tocantins; e a Conservação Internacional (CI), encarregada das atividades no Pará e Maranhão.

Na macrorregião 1, os projetos aprovados foram:

  •  Ação Ecológica Guaporé (Ecopore) – 220 ha no Parque Nacional dos Campos Amazônicos (AM e RO), com R$ 6,8 milhões de apoio;
  •  Associação SOS Amazônia – 200 ha na Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), com R$ 6,1 milhões;
  •  Fundação Parque Tecnológico Itaipu Brasil – 1.000 ha na mesma reserva, com R$ 5,6 milhões;
  •  Associação de Defesa Etnoambiental – 1.024 ha no Parna dos Campos Amazônicos, com R$ 8,9 milhões.

Na macrorregião 2, o Instituto Mato-Grossense do Agronegócio (Iagro) teve seu projeto aprovado para atuar em 300 ha da Resex Guariba Roosevelt, com R$ 13,6 milhões de investimento.

Já na macrorregião 3, os selecionados foram:

  •  Fundação Sousândrade (Fsadu) – 200 ha na Reserva Ecológica do Gurupi, com R$ 6 milhões;
  •  Cooperativa Canteiros – 200 ha distribuídos entre a Resex do Iriri e a Esec da Terra do Meio, com R$ 6,1 milhões;
  •  WCS Associação Conservação da Vida Silvestre – 227 ha na Reserva do Gurupi, com R$ 9 milhões;
  •  Associação dos Moradores da Resex do Xingu (Amomex) – 200 ha na Resex do Xingu, com R$ 6,2 milhões.

No total, os projetos receberão R$ 68 milhões e atuarão em 3.571 hectares de áreas prioritárias para restauração.

Arco da Restauração: uma política de longo prazo

O Restaura Amazônia integra a política pública que pretende recuperar 6 milhões de hectares até 2030 e 24 milhões até 2050, abrangendo parte dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão. Essa faixa territorial, historicamente conhecida como Arco do Desmatamento, concentra 75% de toda a devastação da Amazônia, tornando sua recuperação estratégica não apenas para o Brasil, mas também para o equilíbrio climático global.

Entre novembro de 2024 e outubro de 2025, foram publicados 12 editais para selecionar projetos de restauração florestal e sistemas agroflorestais (SAFs) em unidades de conservação, terras indígenas, áreas de preservação permanente (APPs) e pequenas propriedades rurais.

Ainda há três editais abertos — um por macrorregião — com prazo até 10 de novembro de 2025 para recebimento de novas propostas.

Além de restaurar áreas degradadas, o programa busca fortalecer cadeias produtivas locais, gerar renda e capacitar comunidades, contribuindo diretamente para a meta nacional de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, conforme previsto na Proveg e no Planaveg.