BNDES e BNB destinam R$ 201 milhões à restauração florestal no Nordeste
Durante a COP30, bancos públicos e governos estaduais anunciam investimentos para recuperar biomas da Caatinga e revitalizar a Bacia do Rio Parnaíba
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Nordeste (BNB) e governos estaduais anunciaram, nesta quarta-feira (12), investimentos que somam R$ 201,2 milhões para ações de restauração florestal em diversos estados nordestinos. As informações foram divulgadas durante evento do Consórcio Nordeste, realizado como parte da programação da COP30, em Belém (PA). O consórcio reúne os nove governos estaduais da região, com o objetivo de integrar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável e à inclusão social.
Entre as principais medidas, destacam-se as novas doações ao programa Floresta Viva, que podem alcançar R$ 178 milhões, resultado de uma parceria entre o BNB, o BNDES e os governos do Piauí e de Sergipe. Criado em 2021 pelo BNDES, o Floresta Viva busca fomentar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas do país, utilizando espécies nativas e sistemas agroflorestais (SAFs).
O BNB anunciou um aporte de até R$ 50 milhões voltado especialmente à recuperação da Caatinga, bioma característico do semiárido nordestino. Já o governo do Piauí destinará R$ 78 milhões à revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba, com ações conjuntas entre Piauí e Maranhão. Esses recursos são oriundos do Projeto de Revitalização do Rio Parnaíba, financiado com verbas da desestatização da Eletrobras e aprovados pelo Comitê Gestor da CPR São Francisco e Parnaíba. O governo de Sergipe também anunciou até R$ 50 milhões para apoiar a recuperação da Caatinga por meio do Floresta Viva.
Edital “Caatinga Viva” seleciona 11 projetos
Durante o encontro, foi divulgado o resultado do edital “Caatinga Viva”, iniciativa da primeira fase do Floresta Viva, fruto da parceria entre BNDES e BNB. Cada instituição será responsável por 50% dos desembolsos, totalizando R$ 23,2 milhões destinados a 11 projetos de restauração e fortalecimento de cadeias produtivas em áreas de conservação da Caatinga e regiões em processo de desertificação.
Os projetos contemplam 1.630 hectares de área a serem restauradas em até 48 meses, com o plantio de 2,7 milhões de árvores nativas e a geração de mais de 600 empregos diretos.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a relevância social e ambiental da iniciativa:
“Com esse edital, o BNDES leva sua agenda florestal a um território que representa a convivência com o semiárido e a força do nosso povo. Esses projetos mostram que é possível gerar emprego, renda e biodiversidade, recuperando áreas degradadas e fortalecendo as economias locais, em linha com as prioridades do governo federal e as claras diretrizes do Presidente Lula.”
Mercadante também ressaltou o papel das florestas no enfrentamento à crise climática:
“Nada é mais eficiente para sequestrar carbono e diminuir o aquecimento global do que plantar árvores. É a única tecnologia capaz de escalar o sequestro de carbono no planeta. A Caatinga é uma floresta tropical seca que pode ajudar o mundo a encontrar espécies mais resilientes diante do aquecimento global e a prevenir a desertificação.”
Bioma único e ameaçado
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, cobrindo cerca de 10% do território nacional e abrigando uma biodiversidade singular, com diversas espécies endêmicas. Contudo, enfrenta forte pressão ambiental: 46% de sua área original já foi desmatada, segundo estimativas recentes.
O edital contemplou oito estados — Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Inicialmente, previa um orçamento de R$ 8,88 milhões, mas, diante da qualidade das propostas apresentadas, o BNDES e o BNB ampliaram os recursos para R$ 23,2 milhões.
As propostas selecionadas foram apresentadas por instituições sem fins lucrativos, como associações, fundações e cooperativas. Os critérios de seleção incluíram a capacidade técnica e organizacional, importância ecológica, potencial de geração de renda e sinergia com outras iniciativas de recuperação da vegetação nativa.
Entre as entidades contempladas estão: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (Fade), Agendha, Associação Comunitária Murundu, Fundação de Desenvolvimento Sustentável do Araripe, SOS Sertão, Irpaa, Associação Caatinga, Instituto Ibramar, Instituto Terraviva e Fadenor.
Floresta Viva e a nova fase até 2025
Desde sua criação, o Floresta Viva já mobilizou mais de R$ 350 milhões, metade proveniente do Fundo Socioambiental do BNDES e o restante de doações de parceiros públicos, privados e do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW). O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) é o gestor operacional da iniciativa.
Além do edital Caatinga Viva, já foram lançados outros onze editais temáticos, entre eles Manguezais do Brasil, Bacia do Rio Xingu, Corredores de Biodiversidade, Florestas do Rio e Terras Indígenas.
Diante dos resultados positivos, o BNDES lançou o Floresta Viva 2025, com foco na restauração ecológica e na implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) nos biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica. A nova fase conta com aporte inicial de R$ 100 milhões e deve alcançar R$ 250 milhões com a adesão de novos parceiros institucionais.
