BNDES investe R$ 286 milhões em saneamento e abastecimento de água em Teresópolis
Projeto prevê universalização do acesso à água potável e implantação do primeiro sistema de esgotamento sanitário da cidade fluminense até 2029
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou apoio de R$ 286 milhões à Concessionária Águas da Imperatriz para ampliar e modernizar o sistema de abastecimento de água e implantar o primeiro sistema de esgotamento sanitário de Teresópolis (RJ). Localizada na Serra Fluminense, a cerca de 94 quilômetros da capital, a cidade receberá o maior investimento em infraestrutura hídrica de sua história. As informações são do próprio BNDES.
O financiamento será estruturado por meio de R$ 250 milhões em debêntures incentivadas, coordenadas pelo Banco, além de R$ 31 milhões provenientes do programa EcoInvest e R$ 5 milhões da linha de saneamento do BNDES Finem. O valor total corresponde a 48,2% do custo do projeto. A operação também contou com a participação de investidores privados, com R$ 250 milhões adicionais distribuídos no mercado. A emissão atraiu 11 gestoras e 274 fundos, o que reduziu a remuneração esperada e, consequentemente, o custo da dívida da concessionária.
Um dos eixos centrais do projeto é a implantação do sistema de esgotamento sanitário (SEE) de Teresópolis, que atualmente não conta com tratamento coletivo de esgoto. Hoje, a maior parte dos efluentes é lançada in natura na rede pluvial, alcançando o Rio Paquequer e outros cursos d’água, o que compromete a qualidade ambiental e a saúde pública. Apenas uma parcela mínima da população utiliza soluções individuais, como fossas filtro.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o investimento marca um avanço importante na agenda ambiental e social da região. “Esse investimento permite solucionar um problema histórico de lançamento de efluentes de esgoto sem tratamento nos rios que cortam o município. É um projeto crucial para o desenvolvimento sustentável, com ganhos à saúde e à qualidade de vida da população da cidade e de outros municípios afetados”, afirmou.
De acordo com o contrato de concessão, a meta é atingir até 2029 o índice de 70% da população urbana com coleta e tratamento de esgoto, podendo chegar a 76,5%. O plano inclui a construção da primeira Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade, no Distrito Sede, e da ETE Lebrão, com capacidade de 25 litros por segundo (l/s). A principal ETE, prevista para operar em 2027, processará uma vazão média de 300 l/s e utilizará tecnologia biológica, sem o uso de produtos químicos, o que reduz custos e impactos ambientais. O sistema consome menos energia, ocupa até 75% menos área e minimiza a produção de lodo e odores.
O investimento contempla ainda a instalação de 4.320 novas ligações de esgoto, 85,2 quilômetros de redes coletoras e 25 estações elevatórias. Além disso, será criado um Centro de Controle Operacional (CCO) para aprimorar a eficiência dos serviços, um Laboratório Operacional de Esgoto e uma nova sede para a concessionária.
No abastecimento de água, o objetivo é universalizar o atendimento, ampliando a cobertura de 95,6% para 99% até 2029 e reduzindo as perdas operacionais de 51,5% para 37,5%. Entre as ações previstas estão a substituição de 27.235 hidrômetros, a instalação de 7.302 novas ligações, 30,8 quilômetros de novas redes e 2,8 quilômetros de adutoras. Também haverá substituição de 36,8 quilômetros de tubulações antigas e remanejamento de 15.914 ramais domiciliares, com foco na eficiência e na segurança hídrica.
Para reforçar a reserva de água potável, o projeto prevê a construção de cinco novos reservatórios, a reforma de 34 já existentes, a perfuração de nove poços e a adequação de dez barragens. Quatro novas Estações de Tratamento de Água (ETAs) também serão implantadas, com processos de filtração direta que elevam a qualidade e a capacidade de tratamento: ETA Jacarandá (90 l/s), ETA Penitentes (50 l/s), ETA Bonsucesso (30 l/s) e ETA Paquequer (15 l/s).
A Águas da Imperatriz, responsável pela execução do projeto, assumiu a concessão dos serviços de abastecimento e esgotamento sanitário de Teresópolis em janeiro de 2024, em substituição à Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). A empresa integra o grupo Águas do Brasil, que atua em 14 concessões distribuídas pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, atendendo cerca de 5 milhões de pessoas. No território fluminense, o grupo responde por 28% do atendimento em saneamento básico.
Com o investimento, Teresópolis se aproxima do cumprimento das metas nacionais de universalização do saneamento previstas no novo marco legal do setor, que estabelece 2033 como prazo para garantir acesso pleno à água e esgoto tratado no país. A iniciativa reforça o papel do BNDES como principal agente público de financiamento da infraestrutura sustentável no Brasil.