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BNDES investe R$ 912 milhões e impulsiona R$ 3,1 bilhões em reflorestamento

Novas operações do Fundo Clima apoiam restauração florestal e agroflorestas em três biomas, ampliando a economia verde e a geração de empregos no país

Aloizio Mercadante, ao lado de Marina e de Beatriz Lutz, da Pátria Investimentos, exibe contrato da operação de crédito. (Foto: Rúbio Marra/BNDES)

247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciaram nesta quarta-feira (12), durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), cinco novas operações do Fundo Clima Florestas voltadas à restauração ecológica e à implantação de sistemas agroflorestais. A informação é do próprio BNDES.

Os contratos somam mais de R$ 912 milhões em financiamentos e, com a participação de parceiros privados, devem mobilizar R$ 3,1 bilhões em investimentos destinados à recuperação de áreas degradadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. A iniciativa reforça o papel do Fundo Clima como principal instrumento público de financiamento da transição ecológica brasileira, administrado por um Comitê Gestor ligado ao MMA e operado pelo BNDES.

“Ao longo do tempo, vejo que, em parceria com o Ministério da Fazenda e com o BNDES, temos uma série de bilhões que nunca imaginávamos que teríamos, porque essa semente foi plantada”, destacou a ministra Marina Silva, ao anunciar as novas operações. “O Fundo Clima hoje é uma base de alavancar recursos.”

As cinco empresas contempladas são Re.green, BTG Pactual, Tree+, Pátria Investimentos e Flona Irati Florestal (Grupo Ibema). Os projetos combinam restauração ecológica e produtiva, manejo sustentável e sistemas agroflorestais baseados em espécies nativas, unindo ciência, inovação e impacto social. No total, deverão restaurar mais de 86 mil hectares, gerar milhares de empregos e capturar milhões de toneladas de CO₂, fortalecendo o compromisso brasileiro com a neutralidade climática.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou o papel do banco no financiamento da nova economia florestal. “Essas operações mostram que a restauração florestal virou uma agenda econômica concreta no Brasil”, afirmou. “Estamos combinando crédito competitivo, ciência, inovação e parcerias com o setor privado para gerar emprego, renda e recompor a biodiversidade. O Brasil tem todas as condições de liderar a nova economia da floresta e transformar o Arco do Desmatamento no Arco da Restauração.”

Restauração de biomas e geração de renda

Entre os novos financiamentos, o maior será o da Re.green, que obteve R$ 250 milhões para restauração ecológica e silvicultura de espécies nativas em 19 mil hectares distribuídos entre Amazônia e Mata Atlântica. Com esse novo contrato, a empresa totaliza R$ 437 milhões em crédito do Fundo Clima, desde 2024. As iniciativas devem empregar cerca de 3 mil trabalhadores e evitar a emissão de 1,27 milhão de toneladas de CO₂e por ano.

O BTG Pactual, por meio da Camapuã Agropecuária Ltda., recebeu R$ 200 milhões para proteger e restaurar 49,4 mil hectares no Cerrado, em Mato Grosso do Sul. O projeto inclui ações de recuperação de 24,8 mil hectares degradados e conservação de 24,6 mil hectares de vegetação nativa, além de controle de espécies invasoras e prevenção de incêndios. A meta é gerar 36 milhões de créditos de carbono, com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa e da Conservação Internacional.

Já a Tree+, empresa do grupo Lorentz, obteve R$ 152 milhões para recuperar 15 mil hectares de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. As ações incluem o plantio exclusivo de espécies nativas, a recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reservas Legais, além da formação de corredores ecológicos que fortalecem a biodiversidade.

O Grupo Ibema, que tem participação da Suzano, firmou contrato de R$ 110 milhões para restaurar a Floresta Nacional de Irati, no Paraná — a primeira concessão florestal federal da Mata Atlântica estruturada pelo BNDES. O projeto prevê a remoção gradual de espécies exóticas, o plantio de nativas em 900 hectares e a conservação de 3,8 mil hectares, com ações de educação ambiental e ecoturismo.

Por fim, a Pátria Investimentos destinará R$ 200 milhões à implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) em áreas degradadas da Bahia, Espírito Santo e São Paulo. O projeto integra culturas de cacau, café e abacate com espécies nativas, em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como o Vale do Ribeira, aliando produção agrícola, renda e captura de carbono.

Fundo Clima e Arco da Restauração

Para a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, as operações consolidam o amadurecimento do Fundo Clima como instrumento estratégico da nova economia da restauração. “Estamos consolidando um setor que une investimento produtivo, impacto ambiental e inclusão social, mostrando que o Brasil pode gerar riqueza e prosperidade reconstruindo suas florestas”, afirmou.

Durante a COP30, o BNDES também apresentou avanços do Arco da Restauração, iniciativa que busca transformar o chamado Arco do Desmatamento — região que se estende do Maranhão ao Acre — em uma faixa de proteção e recuperação ecológica. Desde seu lançamento, o programa já mobilizou R$ 2,43 bilhões, sendo R$ 1,165 bilhão em aportes diretos do banco e o restante proveniente de parcerias públicas e privadas.

A meta é restaurar 6 milhões de hectares até 2030 e 24 milhões até 2050, com foco na recuperação ecológica em larga escala, geração de renda e atração de investimento privado. A área total planejada equivale a todo o território do estado de São Paulo.

De acordo com Mercadante, nos últimos dois anos e meio o BNDES já mobilizou R$ 7 bilhões para o setor florestal, sendo R$ 5,7 bilhões em crédito e R$ 1,3 bilhão em recursos não reembolsáveis. O resultado equivale a 280 milhões de árvores plantadas, 73 mil empregos gerados e 54 milhões de toneladas de carbono capturadas.