Brasil amplia papel global ao unir produção de alimentos e inovação, afirma JBS
Em painel da FGV Agro na COP30, Jason Weller destaca que transparência, governança e inclusão são essenciais para sistemas alimentares sustentáveis
247 - O Brasil tem diante de si uma oportunidade estratégica: consolidar-se não apenas como potência agroalimentar, mas como referência mundial em ciência, tecnologia e práticas sustentáveis. A avaliação foi feita por Jason Weller, Chief Sustainability Officer (CSO) da JBS, durante participação no painel “Sistemas Sustentáveis de Pecuária Bovina: Implementando o Balanço Global”, realizado em Belém pela FGV Agro. A informação foi divulgada pela organização do evento, moderado pelo ex-ministro da Agricultura e enviado especial para a COP30, Roberto Rodrigues.
Ao abordar a urgência climática, Weller ressaltou que ela precisa ser enfrentada em conjunto com outro desafio igualmente crítico: a insegurança alimentar. Citando dados recentes das Nações Unidas, o executivo lembrou que 2,3 bilhões de pessoas convivem hoje com insegurança alimentar moderada ou grave, o que reforça a necessidade de integrar sustentabilidade, tecnologia e políticas públicas em soluções concretas e escaláveis.
Para o CSO da JBS, a transformação dos sistemas alimentares — embora complexa — pode ser guiada por dois pilares essenciais: transparência e governança na cadeia de suprimentos e oferta de oportunidades econômicas reais aos produtores rurais. Ele destacou que sustentabilidade e competitividade precisam caminhar juntas, já que “o produtor é um empresário” em busca de eficiência, permanência no mercado e geração de valor.
Weller defendeu que iniciativas isoladas não são suficientes e alertou para os riscos de abordagens fragmentadas. Segundo ele, avanços em produtividade serão limitados se não vierem acompanhados de rastreabilidade e boa governança. “Se você fizer uma coisa sem a outra, você realmente não terá sucesso”, afirmou durante o painel.
O executivo também destacou o protagonismo científico da Embrapa, citando sua “liderança e sua ciência profunda” como fundamentais para orientar o setor rumo a práticas mais eficientes e alinhadas às metas globais de sustentabilidade. Ele mencionou ainda uma pesquisa conduzida pela FGV em parceria com a Abiec, segundo a qual o potencial de descarbonização da pecuária brasileira é expressivo: a redução de emissões por quilo de carne produzida pode variar entre 79,9% e 92,6% até 2050, a depender da adoção de práticas sustentáveis ao longo da cadeia.
Outro ponto enfatizado por Weller foi a dimensão social da transição ambiental. Ele destacou a evolução do programa Escritórios Verdes, voltado a apoiar produtores na regularização ambiental, e reforçou que o objetivo central é ampliar a inclusão no mercado formal. “Impedir que os agricultores vendam seus produtos não é uma transição justa. É exclusão. Estamos muito mais interessados na inclusão”, declarou.
Segundo a JBS, a iniciativa já auxiliou mais de 20 mil fazendas a recuperar a conformidade legal, permitindo a reinserção de mais de 5 milhões de animais no mercado. Para Weller, os resultados demonstram que a combinação entre assistência técnica, incentivos e governança robusta acelera a legalidade, fortalece a produção sustentável e contribui para o balanço climático global.
