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Friboi defende aumento de produtividade como chave para sustentabilidade

Durante painel da SB COP, Renato Costa afirma que produzir mais com menos recursos é o único caminho para sistemas alimentares sustentáveis e inclusivos

Renato Costa, presidente da Friboi (Foto: Divulgação JBS )

247 - A transição para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes exige um tripé essencial: aumento da produtividade, inclusão social e apoio técnico ao produtor. Essa foi a principal mensagem apresentada por Renato Costa, presidente da Friboi, durante o painel “Transformando Sistemas Alimentares”, promovido pela SB COP — iniciativa do setor privado coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que busca estruturar e levar contribuições empresariais para as negociações da COP30

O executivo foi categórico ao afirmar que a sustentabilidade no campo passa, necessariamente, pela eficiência produtiva. “É preciso produzir mais com menos recursos”, enfatizou Costa, defendendo que a produtividade é parte indissociável da sustentabilidade. Dados do setor reforçam essa visão: segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a produção de carne bovina no Brasil aumentou 122% nos últimos 30 anos, enquanto a área de pastagem foi reduzida em 19,5%. Já a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que, entre 1960 e 2010, a produtividade global cresceu 150%, com aumento de apenas 12% na área utilizada.

Durante o evento, a JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, apresentou resultados de iniciativas voltadas à disseminação de boas práticas e assistência técnica a produtores rurais. O programa Escritórios Verdes, criado em 2021, já regularizou mais de 20 mil fazendas, contribuindo para a recuperação de 8 mil hectares. Mais recentemente, a companhia lançou o Escritório Verde 2.0, que tem como foco elevar a produtividade e a rentabilidade dos pequenos produtores.

“Os Escritórios Verdes auxiliam na regularização ambiental, reintroduzindo na cadeia produtiva tanto fazendeiros que estavam bloqueados como propriedades que não estavam na base da empresa”, explicou Costa. Ele destacou que o objetivo é transformar desafios em oportunidades: “Reconhecemos que o produtor deseja a conformidade, mas muitas vezes não sabe como alcançá-la. Com esse suporte, transformamos uma barreira legal em uma ponte para a inclusão e a sustentabilidade.”

Transparência e rastreabilidade

O compromisso da JBS com a transformação do setor é sustentado por investimentos contínuos em tecnologia e monitoramento. A empresa acompanha seus fornecedores diretos há mais de 15 anos e implementou uma plataforma baseada em blockchain, que permite aos próprios fornecedores monitorar seus parceiros comerciais, garantindo mais transparência na cadeia produtiva.

No Pará, a JBS integra o Programa Pecuária Sustentável, uma parceria entre o setor público e privado que busca garantir rastreabilidade individual para 100% dos animais. Em colaboração com a ONG The Nature Conservancy (TNC) e com apoio do Bezos Earth Fund, a companhia anunciou a doação de 2 milhões de tags (brincos de identificação para bovinos). O estado também abriga o Programa Acelerador JBS, que já destinou mais de 1 milhão de tags a produtores locais.

Outra iniciativa de destaque é o apoio do Fundo JBS pela Amazônia ao projeto RestaurAmazônia, conduzido pela Fundação Solidaridad. O programa atua com mais de 1.400 famílias assentadas na região, oferecendo assistência técnica e apoio à gestão. Os resultados são expressivos: a renda das famílias participantes aumentou 175%, enquanto a produtividade no campo cresceu 64%.

Além de Renato Costa, o painel da SB COP reuniu importantes nomes do setor privado e acadêmico, como Jai Schroff (CEO global do Grupo UPL), Naoko Yamamoto (presidente da Ajinomoto do Brasil), Felipe Albuquerque (diretor de Sustentabilidade da Bayer no Brasil) e Carolina Carregaro (diretora de Assuntos Públicos da Nestlé). O debate destacou o papel estratégico da colaboração entre empresas, governo e academia na construção de sistemas alimentares mais sustentáveis e resilientes.