Fundo Amazônia aprova mais de R$ 2 bilhões em projetos em 2025
Volume recorde reforça combate ao desmatamento, restauração ambiental e apoio a atividades sustentáveis na Amazônia Legal, Cerrado e Pantanal
247 - Com mais de R$ 2 bilhões em projetos aprovados em 2025, o maior volume anual desde a sua criação, o Fundo Amazônia ampliou de forma significativa a escala de atuação no território brasileiro. Os recursos permitiram avançar na restauração de áreas degradadas, expandir o apoio a atividades produtivas sustentáveis em toda a Amazônia Legal e fortalecer ações de combate e prevenção a incêndios florestais, que passaram a alcançar também os biomas Cerrado e Pantanal. O desempenho consolida a retomada operacional do Fundo e amplia sua capacidade de execução.
Os resultados foram apresentados durante a Reunião Anual de Doadores do Fundo Amazônia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizada nesta quarta-feira, 17, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. As informações foram divulgadas pelo BNDES, gestor do Fundo sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em encontro que reuniu representantes dos países apoiadores para a prestação de contas sobre a execução dos projetos.
O desempenho de 2025 se soma aos resultados do período entre 2023 e 2025, quando o Fundo Amazônia aprovou e contratou R$ 3,7 bilhões em projetos. Esse montante corresponde a 56% de todo o volume apoiado desde a criação do mecanismo, reforçando a retomada das operações após anos de baixa execução e confirmando o Fundo como uma das principais iniciativas globais de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+).
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que os números confirmam o papel estratégico do Fundo como política pública estruturante. “O Fundo Amazônia demonstra que é possível combinar rigor na governança, escala de financiamento e resultados concretos no território. A retomada do fundo permitiu acelerar a análise e a execução dos projetos, ampliar a cooperação internacional e transformar recursos em ações efetivas de proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e inclusão social”, disse.
Desde a retomada do apoio a novos projetos, em 2023, o número de doadores internacionais cresceu de dois para nove países. Atualmente, contribuem com o Fundo Amazônia Noruega, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Japão, Dinamarca, Irlanda e União Europeia. De janeiro de 2023 até agora, foram firmados US$ 309 milhões em novos contratos de doação, com US$ 212 milhões já internalizados, além de novos compromissos financeiros em negociação.
Essa expansão, segundo o governo brasileiro, contribui diretamente para o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo país no Acordo de Paris e para os objetivos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), coordenado pelo MMA.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que os resultados refletem a retomada da política ambiental no país. “Os excepcionais resultados atingidos pelo Fundo Amazônia nestes três anos de governo do presidente Lula refletem a retomada, de modo prioritário, da política ambiental e climática no Brasil, que se traduz na redução de mais de 50% do desmatamento na Amazônia em 2025 na comparação a 2022”, afirmou. Segundo ela, “essa queda viabiliza a captação de novos recursos ao fundo, o que nos permite, por sua vez, levá-los a quem de fato protege a floresta – populações indígenas, comunidades tradicionais e locais –, fortalecendo também a promoção da ciência, tecnologia e inovação no bioma”.
No campo do combate aos incêndios florestais, os projetos aprovados nesse ciclo financiam a estruturação de 30 bases operacionais, a capacitação de cerca de 5 mil profissionais e a distribuição de aproximadamente 500 veículos e 30 mil equipamentos. As ações reforçam brigadas estaduais e os Corpos de Bombeiros nos nove estados da Amazônia Legal e também em unidades da federação com áreas de Cerrado e Pantanal, como Minas Gerais, Goiás, Piauí, Bahia, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. O objetivo é ampliar a prevenção e a resposta a incêndios e queimadas, em consonância com a política de Manejo Integrado do Fogo.
Ao detalhar as ações implementadas com apoio do Fundo no âmbito do MMA, o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, ressaltou o papel da cooperação internacional na execução dos compromissos assumidos pelo Brasil. Ele citou a redução de 39,5% na média nacional de incêndios ao comparar os anos de 2017 e 2024, com quedas mais expressivas na Amazônia (-75,8%) e no Pantanal (-93,3%). Capobianco também mencionou a implementação do programa União com os Municípios, que já conta com a adesão de 70 dos 81 municípios prioritários no combate ao desmatamento e aos incêndios florestais na Amazônia Legal.
“O apoio da comunidade internacional não reduz o nosso empenho. Pelo contrário, ele se soma ao esforço crescente do Governo do Brasil para cumprir suas metas. Estamos cumprindo nossos compromissos e criando adicionalidade. Realizando concursos, integramos mais de 800 novos servidores ao Ibama e aumentamos significativamente o orçamento do órgão”, pontuou o secretário-executivo.
Na agenda de restauração ambiental, o programa Restaura Amazônia destina R$ 450 milhões à recuperação de áreas degradadas. Até o momento, 45 projetos foram selecionados, abrangendo 26 Terras Indígenas, 80 assentamentos e oito Unidades de Conservação, consolidando o chamado Arco da Restauração como política pública estruturante para a região.
O Fundo Amazônia também destinou R$ 595 milhões para atividades produtivas sustentáveis, em iniciativas que beneficiam mais de 20 mil famílias e fortalecem mais de 60 organizações locais, com destaque para projetos voltados à agenda indígena e ao fortalecimento das economias da sociobiodiversidade.
Durante a apresentação dos resultados, o superintendente da Área de Meio Ambiente do BNDES, Nabil Kadri, ressaltou a ampliação da capilaridade do Fundo e a mudança de estratégia que colocou comunidades indígenas e tradicionais no centro das ações. “Na nova fase do Fundo Amazônia, alcançamos a totalidade das terras indígenas da Amazônia Legal. Criamos um verdadeiro cinturão de proteção contra o avanço do desmatamento ilegal, com uma estratégia que combina escala, foco territorial e participação direta dos povos indígenas”, afirmou. Segundo ele, “todos os projetos contam com participação efetiva dos povos, tanto na gestão dos recursos quanto na implementação”.
Os resultados de 2025 também evidenciam a ampliação da capacidade operacional do Fundo desde a retomada. Entre 2009 e 2018, ao longo de uma década, foram aprovados R$ 2,9 bilhões em projetos, em valores atualizados pela inflação. Já no período de 2023 a 2025, esse volume chegou a R$ 3,7 bilhões em apenas três anos, refletindo o fortalecimento da estrutura organizacional e técnica responsável pela análise, acompanhamento e execução das iniciativas.
“As instituições que operam os recursos do Fundo Amazônia nos territórios incluem cooperativas, institutos, associações de produtores, organizações da sociedade civil, além de estados e da União. Trata-se de um conjunto bastante diverso de atores que recebem suporte dos recursos do Fundo”, afirmou Nabil Kadri.
Ao longo de 17 anos, o Fundo Amazônia aprovou mais de 140 projetos, apoiou mais de 650 instituições, alcançou mais de 75% dos municípios da Amazônia Legal e beneficiou mais de 260 mil pessoas. As informações detalhadas sobre os projetos e demais dados estão disponíveis no site oficial do Fundo Amazônia, em compromisso permanente com a transparência.
