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Itaipu defende agricultura regenerativa como aliada do clima em conferência da ONU

Durante evento preparatório da COP30 na Alemanha, estatal apresentou ações que integram produção agrícola, energia limpa e justiça social nos territórios

À esquerda, Lígia Leite Soares, chefe do escritório de Brasília da Itaipu. (Foto: Romeu de Bruns/Itaipu Binacional)

247 - Durante a 62ª Conferência dos Órgãos Subsidiários da ONU (SB62), realizada de 16 a 26 de junho em Bonn, na Alemanha, a agricultura regenerativa despontou como um dos principais temas em debate, ao lado da transição energética. O evento, que serve como preparação para a COP30 — marcada para novembro em Belém (PA) — reuniu especialistas e representantes de diversos países para discutir caminhos concretos de combate às mudanças climáticas. Uma das vozes brasileiras no encontro foi a da Itaipu Binacional, que apresentou suas experiências em práticas sustentáveis no campo.

Segundo informações divulgadas pela própria Itaipu, a chefe do escritório de Brasília da empresa, Lígia Leite Soares, destacou no debate a importância da integração entre produção agrícola, geração de energia e preservação ambiental. “Para fazer as mudanças necessárias nos meios de produção e consumo, é fundamental ouvir as pessoas e valorizar as soluções locais. Por isso, a Itaipu implementa suas ações com gestão participativa e usa a inovação como ferramenta de promoção da justiça social, fortalecendo as pessoas e a transição ecológica nos territórios”, afirmou.

A apresentação de Lígia abordou a atuação da empresa em 434 municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul, por meio do programa Itaipu Mais que Energia. A iniciativa articula ações de cuidado com água, solo, pessoas e ecossistemas como partes indissociáveis da geração hidrelétrica. Foram destacados projetos alinhados à Agenda de Ação do governo brasileiro para a COP30, como as Cozinhas Solidárias Sustentáveis — que promovem o uso de biogás e valorizam o trabalho de cuidado — e o programa de Desenvolvimento Rural Sustentável, que apoia 7 mil famílias de agricultores familiares com assistência técnica e uso de inteligência artificial.

O debate também contou com a participação de Hunter Lovins, presidente da Natural Capitalism Solutions, e Million Belay, coordenador da Aliança pela Soberania Alimentar da África. Ambos reforçaram a importância de soluções locais e de base comunitária como resposta global à crise climática. Belay destacou a campanha My food is Africa como ferramenta de valorização da cultura alimentar africana e relatou o intercâmbio com pequenos produtores da Índia, que apostam na agroecologia e no fortalecimento da microbiologia do solo como forma de garantir resiliência climática.

“Entre os resultados, vemos que hoje os negociadores africanos estão tratando da agroecologia no âmbito do G77+China. Vemos também que União Europeia incluiu as práticas agrícolas sustentáveis como medidas de enfrentamento da crise climática no Conselho do Clima”, afirmou Belay.

Encerrando o painel, Hunter Lovins defendeu que as práticas agroecológicas têm o poder de transformar os pequenos produtores familiares em protagonistas da mudança. “Estamos falando de fazer desses pequenos produtores familiares não as vítimas, mas os heróis do clima”, declarou. E completou, com otimismo: “Todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão relacionados à agricultura. Ou seja, sabemos como resolver a crise climática e vamos fazer isso”.

A participação da Itaipu no debate evidencia a crescente valorização de políticas públicas e empresariais voltadas à agricultura regenerativa, especialmente em países com grande diversidade ecológica e potencial de liderança no combate às mudanças climáticas, como o Brasil.